Queridos amigos fraternos.
Jesus sê conosco.
O vôo 447 da Air France.
A pergunta que inquieta nossos corações traz sempre a mente os cataclismos anotados na história da humanidade. Não nos esquecemos do tsunami que varreu a Ásia ceifando mais de 200 mil vidas.
Em ocasiões dessa natureza, quando um "acidente" elimina a vida de centenas ou milhares de pessoas, a humanidade se constrange, e, envolvida no momento da grande viagem dos nossos irmãos em Cristo, deixando para traz, num átimo de segundo, suas mais caras afeições, sem tempo sequer para velar o corpo, se questiona:
Meu Deus! Como pode isso acontecer? Mais ainda: Como certas pessoas podem ter a sensibilidade de precaver-se de partir na viagem derradeira, evitando o momento fatídico do breve porvir, como aconteceu com o rapaz com viagem marcada para esse vôo da morte iniciado no aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro com destino a Paris.
Subitamente decide por olhar seu passaporte e conclui que por estar vencido o seu visto, desmarca a viagem para evitar problemas na alfândega, poupando-se do encontro com a morte nessa ensancha. Da mesma sorte, seu amigo que embarcaria com ele na fática viagem, por solidariedade se recusa a partir para viajar com o amigo oportune-tempore.
Recordemos os ataques suicidas provocados pelos terroristas coordenados pela Al-Qaeda no dia 11.09.2001. Duas aeronaves foram atiradas contra as torres gêmeas do World Trade Center, nos Estados Unidos. Houve pessoas que simplesmente resolveram-se por saírem do edifício para atividades inesperadas, ou retardaram a sua chegada no local por motivos até banais, como se fosse um sinal para dali se ausentarem no momento do desastre.
O que será que dá essa percepção extra-sensorial aos filhos de Deus? Como evitaram o momento da grande viagem, quando outros irmãos tudo fizeram para não perder a viagem marcada no vôo da morte com destino a fatalidade. Foi o que aconteceu no episódio do Titanic ou do vôo 3054 da TAM que ceifou a vida de mais de duas centenas de pessoas em São Paulo, cuja triste memória não olvidamos de recordar em nossos corações.
Dir-se-á que é o fatalismo da nossa existência. Não é bem assim. É verdade que todos vamos realizar a grande viagem, mais cedo ou mais tarde. Em geral, mais cedo do que imagina a nossa vã filosofia.
Contudo para o momento de nossa partida desse orbe, pesa o fato de que o Senhor da Vida, Presciente, Onisciente e Onipotente tem leis naturais que regulam esse planeta de Deus.
Nada é por acaso, mas por uma causa.
Considerando-se que somos delinqüentes comprometidos com o nosso passado, a ninguém será licito imaginar que as mortes coletivas não são obras de nossas próprias ações no pretérito. Em verdade, os desencarnes coletivos, são causas de nossos desalinhos na ribalta de nossas existências, razão porque em dado momento se reúnem esses espíritos para saldarem os compromissos transatos, equilibrando destarte o Universo da Providência Divina.
Assim como a tempestade que causa estragos inenarráveis no planeta, ao depois vem o saneamento da atmosfera, também os flagelos destruidores tem o seu propósito nas mãos da Divindade.
Não por outra razão, o emérito professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, vestindo o traje de Allan Kardec em sua nobre missão, na questão nº 737 de "O Livro dos Espíritos" pergunta ao espírito da verdade:
Com que objetivo Deus atinge a humanidade por meio de flagelos destruidores?
Responde o espírito venerando:
- "Para fazê-la avançar mais depressa. Não vos dissemos que a destruição é necessária, para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem, a cada nova existência, um novo grau de perfeição? É preciso ver o fim para apreciar os resultados.
Não os julgais senão sobre o vosso ponto de vista pessoal e os que chamais de flagelos por causa dos prejuízos que vos ocasionam. Mas esses transtornos são, freqüentemente necessários para fazer alcançar, mais prontamente, uma ordem melhor de coisas, e em alguns anos, o que exigiria séculos".
É, pois evidente, em linhas gerais e parodiando a questão número 740 do mesmo codex em apreço, que os flagelos, as mortes abruptas, as coletivas ou de qualquer natureza são provas que fornecem ao homem a ocasião de exercitar sua inteligência, de mostrar sua paciência e sua resignação à vontade de Deus. Com isso, orienta-se para despertar os sentimentos de abnegação da criatura humana, de seu desinteresse e do amor ao próximo.
Não fosse isso, qual a razão da caixa preta? Qual o motivo da solidariedade que se vê na sociedade civil organizada em situações desse jaez? A resposta amigos é simples. A Consciência Cósmica sabe o que faz e tudo o que faz ou permite que aconteça é para o nosso bem.
Assim, aceitar com resignação a dor da partida dos nossos irmãos é medida de elevação espiritual e confiança no Sentimento Divino de que Ele tem para os seus filhos, não importando o veiculo utilizado para a grande viagem. O Pai Celestial sempre nos oferece o melhor.
À volta à pátria espiritual para a valoração de nossos atos, de nossos procedimentos e de nossas atitudes por esse planeta de provas e expiações é indispensável. Faremos a avaliação que nos permitirá alcançar os páramos celestiais ou nosso retorno, melhor preparados para os novos embates do bom combate em nome de Jesus de Nazaré, nascendo, morrendo e renascendo, até alcançarmos os altiplano celestiais.
Nesse sentir d’alma, aos nossos irmãos da grande viagem do vôo 447 da Air France, seus familiares, os que estão nos cárceres da vida, nos hospitais, os que se encontram a todo o momento partindo para a pátria espiritual por múltiplas razões, pela poderosa força do pensamento que nos liga a família universal, rogamos ao Senhor da Vida a paz aos seus corações.
Aos amigos fraternos, segue nosso beijo carinhoso em seus corações, anelando que o feriado possa ser um momento de repouso e meditação para nosso espírito, com votos de muita harmonia em nome do Divino Jardineiro.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.