Queridos amigos fraternos.
Jesus sê conosco.
A SOLIDÃO.
Uma das causas que mais infelicita o homem em sua jornada existencial é a solidão. Não são poucas as pessoas que dizem que o eremita ou o misantropo são pessoas inteligentes. Não se duvida dos conhecimentos desses amigos.
A verdade, contudo, é que têm eles mais de egoísmo do que de sabedoria. Vivendo isolados não transmitem o que sabem e também nada aprendem com outrem. Estagnam-se no egoísmo, chaga da humanidade que persegue os filhos de Deus através dos séculos.
O homem é por natureza um ser eminentemente gregário. Deus nos criou, segundo dispõe as questões 133 e 804 de “O Livro dos Espíritos”, simples e ignorantes, isso é verdade, porém para viver em sociedade, eis a necessidade da vida social.
Não por outra razão a solidão provoca inúmeros suicídios, quando a pessoa sente-se só, imagina-se desamparada, desprotegida, não tem com quem dividir as alegrias e nem as tristezas.
Inexoravelmente devemos dividir as tristezas para tornar o fardo mais leve em nosso jornadear. Da mesma forma, ao dividir as alegrias multiplicamos a felicidade.
É por essa razão que quando nos encontramos felizes, carecemos de comemorar com nossos irmãos de jornada, dizer aos familiares e amigos que vamos muito bem graças a Deus.
Nossos sonhos se realizam. Ampliamos nossas casas de morada, trocamos o carro por um modelo mais novo, incentivamos a vida, bela, colorida e consentida. Com o nosso proceder impulsionamos as indústrias, possibilitamos empregos, a roda da vida segue o seu curso.
Na tristeza, a partida de um familiar ou amigo, na doença que muitas vezes chega atrevida em nossas vidas, na dor e no sofrimento, alavanca poderosa do nosso crescimento espiritual, ético e moral, oferecemos nosso ombro amigo para consolar e a dor dividida perde o seu enorme peso, reduzindo-o pela metade.
Não por outra razão, O Livro dos espíritos bem esclarece a questão no capítulo VII ao estudar a Lei de Sociedade, questões 767 e 769, obtendo o preclaro codificador as seguintes respostas ao seu inteligente questionamento:
Questão 767 – O isolamento absoluto é contrario a lei natural? Resposta – Sim, visto que os homens procuram a sociedade por instinto, e que deve concorrer para o progresso, ajudando-se mutuamente.
Questão 769 – Concebe-se que, como princípio geral, a vida social esteja na natureza; mas, como todos os gostos estão também na Natureza, porque o gosto pelo isolamento absoluto seria condenável, se o homem encontra aí sua satisfação?
Resposta – Satisfação egoística. Há, também, homens que encontram uma satisfação em se embriagar; tu o aprovas? Deus não pode ter por agradável uma vida pela qual se condena a não ser útil a ninguém.
Fácil concluir que a solidão não pode ter espaço em nossos corações, senão por essa retórica, pelos ensinamentos iluminados do espírito benfeitor da humanidade. Joanna de Ângelis ao estabelecer em seu ideário contido no livro “Viver e Amar”, capítulo 13, pelas mãos abençoadas e na psicografia de Divaldo Pereira Franco, da ed. Leal ao lecionar sobre o tema em apreço:
”Caminhas, na Terra, experimentando carência afetiva e aflição, que acreditas não ter como superar. Sorris, e tens a impressão de que é um esgar que te sulca a face.
Anelas por afetos e constatas que a ninguém inspiras amor, atormentando-te, não poucas vezes, e resvalando na melancolia injustificável. Planejas a felicidade e lutas por consegui-la, todavia, descobres-te a sós, carpindo rude angústia interior.
Gostarias de um lar em festa, abençoado por filhos ditosos, e um amor dedicado que te coroassem a existência com os louros da felicidade. Sofres e consideras-te desditoso. Ignoras, no entanto, o que se passa com os outros, aqueles que se te apresentam felizes, que desfilam nos carros do aparente triunfo, sorridentes e engalanados.
Também eles experimentam necessidades urgentes, em outras áreas, não menos afligentes que as tuas. Se os pudesses auscultar, perceberias como te invejam alguns daqueles cuja felicidade cobiças.
A vida, na Terra, é feita de muitos paradoxos. E isto se dá em razão de ser um planeta de provações, de experiências reeducativas, de expiações redentoras.
Assim, não desfaleças, porquanto este é o teu carma de solidão. Faze, desse modo, uma pausa, nas tuas considerações pessimistas e muda de atitude mental, reintegrando-te na ação do bem.
O que ora te falta, malbarataste. Perdeste, porque descuraste enquanto possuías, o de que agora tens necessidade. A invigilância levou-te ao abuso, e delinquiste contra o amor.
A tua consciência espiritual sabe que necessitas de expungir e de reparar, o que te leva, nas vezes em que o júbilo te visita, a retornar à tristeza, rememorar sofrimentos, fugindo para a tua solidão. Além disso, é muito provável que, aqueles a quem magoaste, não se havendo recuperado, busquem-te, psiquicamente, assim te afligindo.
Reage com otimismo à situação e enriquece-te de propósitos superiores, que deves pôr em execução. Ama, sem aguardar resposta. Serve, sem pensar em recompensa.
O que ora faças no bem, atenuará, liberará o que realizaste equivocadamente e, assim, reencontrar-te-ás com o amor, em nome Daquele que permanece até agora entre nós como sendo o amor não amado, porém, amoroso de sempre”.
Nas nossas reflexões, não nos olvidemos de que a dor é mecanismo de aprendizado. Nas Leis maiores do Criador não existe o sofrer por sofrer. Todo sofrer visa aprendizado, visa redenção da alma que busca a felicidade.
Saber bem sofrer é uma arte, e toda arte exige disciplina e a resignação para nos dar o tom da vida até alcançarmos os páramos celestiais. Não nos esqueçamos também que uma das belezas desta vida é que quando nos propomos a bem sofrer nunca estaremos sozinhos.
A fé, a oração e os desígnios do Criador preparam adredemente para os seus filhos em trânsito pelo planeta de provas e expiações, os altiplanos celestiais.
Nesse estado de espírito, segue nosso ósculo depositado em seus corações com a oblata da fraternidade em nome do Divino Jardineiro, com votos de um ótimo final de semana.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli