Queridos amigos fraternos.
Jesus sê conosco.
AS TEMPESTADES DA VIDA.
Ah! Amigos, como seria alvissareiro se na nossa trajetória existencial a vida fosse uma belíssima viagem de veraneio. Tudo seria um mar de rosas, onde o perfume haveria de sobressair e seu aroma perfumaria nossas existências.
Não por outra razão, com forte desejo nessa idéia o povo cunhou uma expressão para definir quando os projetos e os sonhos estão em plena realização levando-nos aos píncaros a glória.
Dizem, e com absoluto acerto: “O céu está de brigadeiro”. Vale dizer o espaço visível pelo homem onde localizam e se movem os astros limitados pelo firmamento está lindo.
Em outras palavras pode ser definido como um dia em que o céu está limpo, sem nuvens, condições climáticas ideais para o vôo. Costuma-se dizer na linguagem da aviação nas manhãs de sol sem nenhuma névoa, que a condição para o vôo é com céu de brigadeiro.
Da mesma sorte, quando a vida em que provamos nossa capacidade nesse mundo de provas e expiações, vai bem obrigado, tudo azul com o céu sem obnubilar, estamos vivendo na maior das alegrias.
Todavia, quando o clima leve e descontraído se desfaz, as tempestades se aproximam, valem-me Deus. Trata-se de agitação violenta, como as chuvas de granizo, vento, raios e trovões, chegam avisando que as tempestades que se aproximam de nossas vidas.
Há uma desordem geral, um barulho súbito, surdo e violento, literalmente agitando as águas paradas para que não virem lodo e, é nesse instante que vem o nosso temor referencial ou a nossa revolta contra a Potestade.
Nessas horas, de tudo seremos capazes para retornar ao “status quo ante”. Graças a Deus, poucos são os que blasfemam contra a Providência Divina culpando-a pelas agruras, dizendo que para eles nada dá certo, a vida é dura, as coisas não correm bem. Alguns chegam ao absurdo de dizerem ou pensarem terem atirado pedra na cruz do Divino Pastor e agora esse é o seu castigo.
Blasfemamos dizendo: Vivíamos em céu de brigadeiro e agora vem a tormenta. Tudo acontece para mim. São temporadas em que a doença chega de mansinho, sem ser convidada, toma assento no melhor lugar da sala e insiste em não sair mais.
O dinheiro fica “curto”. As cizânias tornam-se corriqueiras. O pai desentende-se com a família, os filhos parecem que não receberam a mínima dose de civilidade.
Vem a dispensa do emprego e para aumentar o poço da desgraça que parece não ter fundo, chega também a reprovação escolar e as tormentas da vida parecem estar completas, quando para nossa surpresa, um ente querido faz a grande viagem, convidado pelo Senhor da Vida ou estiolado pelas provas, deixa-se seduzir por pensamentos tormentosos e se resolve por termo a existência que ele não criou.
É o pior momento do espírito em desalinho e o sofrimento mais atroz que alma pode se impor. Não há comparação para se descrever os limites do sofrimento que enfrentarão aqueles que buscam o caminho do vale dos suicidas na expectativa de porem fim aos sofrimentos que pediram a Deus para enfrentar no mar da existência.
Contudo, a ninguém será lícito olvidar as lições do espírito Emmanoel quando ensinou a Chico que na vida tudo passa. Certa feita, uma senhora procurou o homem santo em busca de seu auxílio no seu emprego na casa da lavoura.
Não o encontrou. O ex-patrão do Chico, percebendo a aflição da mulher, recomendou-a que o procurasse na casa da prece ao final do dia. Ela seguiu o seu conselho.
Lá chegando também não o encontrou porque Chico depois de seus afazeres quedava-se auxiliando aos necessitados do caminho e chegava à casa da prece sempre mais tarde do que o esperado.
Irritada, a senhora necessitada virou no pé e foi-se embora. No dia seguinte o procurou logo pela manhã na sua residência e também não o encontrou.
Chico já havia saído. Ele, literalmente acordava com as galinhas, pois antes do serviço visitava os necessitados oferecendo seus préstimos e ajudando em tudo o estava ao seu alcance.
A mulher enfurecida retorna à casa da lavoura a procura daquele que poderia auxiliá-la, mas ele já tinha saído para as tarefas nos serviços sob sua responsabilidade na rua.
Meu Deus! A mulher ficou em estado de choque, tamanha foi sua ira. Mesmo assim, empreitou nova busca no início da noite e ao encontrar o bondoso homem eis que o inusitado acontece.
Sem dizer palavra ao Chico ou o motivo porque o procurava, com a mente poluída de ira e tomada de fúria incomparável ela se dirigiu a ele e deferiu uma tremenda “bofetada” no rosto atirando-o no chão. Acompanhou a agressão palavras de baixo calão e em tom grosseiro, disse-lhe: Chico, quem você pensa que é. Não tenho tempo para ficar andando atrás de você todos os dias de lá para cá. Vê se toma juízo.
Foi nesse instante que Emmanoel, seu guia espiritual, em verdade, Públio Lentulus, Senador Romano na época de Jesus que escreveu a carta descrevendo Jesus de Nazaré a Tibério. Numa de suas encarnações no Brasil, vestiu o traje de Pe. Manoel da Nóbrega.
Foi nesse instante que ele teve com Chico um diálogo memorável. Chico vendo o seu guia espiritual aproximar-se o inquiriu, Emmanoel, nunca vi essa mulher! – caído no chão lhe dizia – nada lhe fiz para receber essa agressão e ainda sob o peso da opressão e da injustiça de que fora vítima, perguntou-lhe finalmente: e agora Emmanoel como fica?
Ao que conta a história e os profitentes da doutrina, Emmanoel lhe teria respondido em singelas palavras a sábia resposta: Chico, isso também passa. Levanta-te e vá atender a nossa irmã em sofrimento. A recomendação foi aceita em nome do amor ao próximo e da caridade na mais pura excelência da palavra.
É isso amigos.
As tempestades da vida também passam. Elas destinam-se a nos provarem na fé, na esperança, na nossa força, na confiança em Deus, em sua Onipotência, Onipresença e Onisciência.
Nada, absolutamente nada na vida acontece por acaso, mas por uma causa. Não fora assim, o Homem de Nazaré não teria asseverado aos seus irmãos mais novos que nenhuma folha da árvore cai se não for pela vontade do Pai que está no Céu.
Ele jamais brincou conosco.
Tudo que lecionou é verdade. Por isso, não resta dúvida de que O Pai Celestial cuida dos pássaros dos campos e dos lírios que nascem no lodo, não tecem e nem fiam, mas mesmo assim, nem o Rei Salomão, no esplendor de sua glória vestiu-se como eles.
Crível, portanto, que se o Senhor da Vida cuida de todas as suas criaturas, nada há de mais certo que Ele também cuida de cada um de nós, mesmo quando perdemos o seu endereço ou as tempestades chegam ameaçando nosso céu de brigadeiro, a nossa paz, a nossa fé e a nossa confiança em sua Providência Divina.
Assim, enquanto tudo vai passando, aguardando os resultados das provas aproveitemos o tempo para doar misericórdia aos que estiverem em desespero para que eles conquistem no futuro os valores da esperança e da fé raciocinada, repartindo os bens de alegria, estrada afora, em festa de corações renovados.
Adotando uma postura de autêntico cristão à disposição do bem, podemos e devemos com palavras dulcificadas auxiliar a outrem como o Chico fez em data transata, os companheiros desfalecidos na luta ou os que tombaram diante das tempestades da vida e se encontram aturdidos por obsessões tenazes ou desalinhados mentalmente.
Esse concurso, propiciado pela caridade fraternal, não só beneficiará os padecentes em provas e expiações redentoras nos tormentos da vida, como ajudará àqueles que se aprestam a esse labor, pois filtram as energias benéficas que promanam da Espiritualidade através dos mentores desencarnados e que são canalizadas na direção daqueles necessitados.
Estenda as mãos e o Senhor da Vida lhe cobrirá de bênçãos, porque as mãos abertas serão sempre as mãos que têm condições de receber da Divindade para distribuir o seu imenso amor.
Neste estado d’alma, segue nosso ósculo em seus corações com hóstia da fraternidade desejando um ótimo fim de semana em nome do Celeste Amigo.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.