02.11.2012 - VALE A PENA VIVER?
Uma das questões levada, às vezes, às raias da loucura por aqueles que estão desprovidos temporariamente da fé, pois a fé também significa confiança na Potestade, é a pergunta se vale a pena viver.
Normalmente a questão surge nas ocorrências das dificuldades, dos desânimos, projetos mal sucedidos, doenças e tudo aquilo que contraria as nossas intenções e prazeres.
Esquecemo-nos de que no planeta de provas e expiações estamos transitando para laurearmo-nos e vencermos as dificuldades, provas da vida, capazes de carimbar o nosso passaporte para os esplendores celestes.
Bem por isso, não podemos perder tempo. Temos um compromisso assumido na pátria espiritual para atender à lei de progresso e avançar em direção à felicidade que está destinada aos filhos da Providência Divina.
A vida não espera. Para onde formos o tempo não para. Basta um olhar percuciente para a ribalta de nossas existências e constataremos as mudanças no nosso corpo físico, nossos pensamentos e nossas ideias.
O que ficou pertence ao passado, pois a vida é movimento e no caminhar, somos viajantes com destino aos páramos celestiais. Aos menos avisados, pode parecer que somos passageiros na eternidade, ou sob outro díptico, de reencarnação em reencarnação, sem lograr êxito na distância percorrida, mas a verdade é que somos eternos dentro do temporário.
Somos eternos nos movimentos da vida, que segue sempre adiante, bela, colorida e consentida. Na natureza, os ciclos se repetem a primavera, o verão, o outono e o inverno, tudo vai passando devagar e lentamente e por isso, o traço característico da existência é a impermanência.
Sem contradita, todas as coisas mudam e o tempo é o senhor da razão. Pessoas e situações vão e vêm em nossas vidas, os reencontros são inevitáveis, entram e saem na esfera de ação do nosso viver e a cada chegada ou partida, olha-se os acontecimentos com mais serenidade diante do aprendizado no santuário da existência.
A vida é assim em sua dinâmica. Há um tempo para tudo: o amanhecer, o meio-dia e o anoitecer. Da mesma forma, há um tempo para semear e colher, nascer, viver, partir, renascer e seguir.
É como consta na lápide do Senhor Allan Kardec no Cimetière du Père Lachaise em Paris. Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei.
Sob o mesmo signo em exame, no sepultamento do amigo e companheiro de jornada, o astrônomo francês Camille Flammarion ressaltando sua admiração por aquele que baixava ao túmulo asseverou “ipsis verbis”:
“Voltaste a esse mundo donde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrestres. Aos nossos pés dorme o teu envoltório, extinguiu-se o teu cérebro, fecharam-se-te os olhos para não mais se abrirem, não mais ouvida será a tua palavra… Sabemos que todos havemos de mergulhar nesse mesmo último sono, de volver a essa mesma inércia, a esse mesmo pó.
Mas, não é nesse envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança. Tomba o corpo, a alma permanece e retorna ao Espaço. Encontrar-nos-emos num mundo melhor e no céu imenso onde usaremos das nossas mais preciosas faculdades, onde continuaremos os estudos para cujo desenvolvimento a Terra é teatro por demais acanhado. (…) Até à vista, meu caro Allan Kardec, até à vista”
Indiscutivelmente a vida como vivemos nesse planeta da Potestade, segue regras pétreas destinadas ao progresso dos filhos da Providência Divina.
A saciedade está convicta com os ensinamentos de Emmanoel de que tudo passa. O que marca os filhos da Providência Divina é a experiência adquirida. As culpas e as mágoas também passam.
No rio da vida, as águas do tempo curam tudo, pois diluem no eterno as coisas passageiras. As coisas estranhas que aconteceram, os dramas e as palavras que feriram também passam.
Aquele ressentimento antigo ou aquelas emoções apagadas, vez por outra, bloqueiam a alegria, mas isso também faz parte do que é temporário enquanto as criaturas da Divindade são eternas. É natural seguir em frente, pois o tempo não pára e a vida segue.
Não se negue a verdade de que é do centro da Consciência Cósmica, o Grande Arquiteto do Universo, o Supremo Comandante de todas as vidas que seguem seus filhos em direção aos páramos celestiais.
Muitos de nossos irmãos de jornada, em trânsito pelo planeta de provas e expiações, ainda creem num Deus de longas barbas brancas que nada faz, senão, aguardar o desalinhar de suas criaturas para puni-los, olvidando com isso que o Senhor da vida é todo Misericórdia, Amor e Bondade.
Enganam-se aqueles que atavicamente ainda pensam dessa maneira. Deus todo poderoso tem leis sábias, eternas e justas para o reto caminhar de seus filhos.
Em “O Livro dos Espíritos”, aonde repousa a luz do mundo e a promessa do Divino Pastor assegurando que não nos deixaria órfãos, bem se vê, ao examinar as Leis Morais, os cânones estabelecidos pelo escultor do Universo, objetivando o nosso jornadear em direção aos páramos celestiais sob o seguinte díptico:
A Lei Divina ou Natural; A Lei de Adoração; A Lei do Trabalho; A Lei de Reprodução; A Lei de Conservação; A Lei da Destruição; A Lei de Sociedade; A lei do Progresso. A lei de Igualdade; A Lei de Liberdade, A Lei de Justiça, de Amor e de caridade.
Sem contradita, cada uma das 11 leis em comento, se respeitadas como exemplificou o Divino Jardineiro, estaremos carimbando o nosso passaporte para a felicidade nos recantos de paz dos Páramos Celestiais.
Destacando uma das Leis para nossa reflexão, A Lei do Trabalho, se pode afirmar que o trabalho é uma lei natural, tanto como a alimentação e o sono, são imprescindíveis para uma vida equilibrada e saudável, pois a necessidade de trabalhar, além de atender as recomendações do Divino Jardineiro para ganharmos honestamente o pão nosso de cada dia, também constitui precioso auxiliar da Lei de Progresso.
Ademais, ao movimentar o corpo e inteligência para se atingir o objetivo, o homem desenvolve o seu intelecto e aprimora-se. O trabalho visto sob a luz do setor profissional a criatura se submete e se obrigada a disciplinas que depois carreia para os demais setores de seu viver.
Indiscutivelmente, no exercício de cada uma das profissões abraçada pelos candidatos à felicidade, a pessoa necessita observar horários, ser gentil, cordata e acatar determinações dos superiores hierárquicos. Essa disciplina, devagar e lentamente, com o passar do tempo, burila os aspectos mais ásperos da personalidade.
Daí a convicção de que a obediência gradualmente vai reduzindo o âmbito de atuação da vaidade e do orgulho e a pontualidade torna-se um hábito saudável, que evidencia respeito pelos semelhantes, tendo como ícone a gentileza, semente do amor ao próximo.
A inteligência, ao ocupar-se da solução de específicos problemas do trabalho buscando cumprir retamente seu mister, obviamente ganha novo colorido e o seu brilho se expande, levantando o véu do aspecto intelectual e moral dando a certeza de que o trabalho é uma bênção.
Da mesma forma, aqueles que possuem fortuna não estão imunes ao trabalho, assim considerando que o trabalho é um imperativo de equilíbrio à saúde e ao bem viver, porquanto é a atividade de um ofício que faculta ao homem ser um elemento útil na sociedade, permitindo-lhe vislumbrar a finalidade maior em sua existência, amando ao próximo como a si mesmo.
Contudo, é lamentável, mas muitas pessoas consideram o trabalho como se fosse um castigo e o final de semana é aguardado como uma libertação, ao passo que a segunda-feira é amplamente infelicitada como o “dia de branco”.
Não por outra razão, incontáveis são os filhos da Consciência Cósmica que desejam com sofreguidão aposentar-se, e se possível, viver às expensas do Governo. Que ledo engando cometem os que assim procedem, pois, tornar-se-ão fardos pesados para a sociedade, e para si mesmo, um escolho no caminho daqueles que transitam preocupados com o bem servir e a solidariedade.
Em verdade, a vida não possui como objetivo o descanso. Descansar de forma periódica e temporária é necessário para a restauração das forças. Mas a finalidade da vida é o aperfeiçoamento contínuo, proporcionado pela utilização dos próprios talentos na construção de um mundo melhor.
Ao tornar-se inativo, todo organismo vivo tende para a decrepitude. O movimento e a atividade garantem a manutenção do vigor. Por essa razão, é de bom alvitre não se deixar levar pela vã filosofia, engando-se na escolha de repousar do trabalho em berços esplêndidos.
Assim, atingido os objetivos primários junto à família, as atividades na sociedade, consolando os necessitados e oferecendo o ombro amigo, em nome da caridade - uma das Leis Divina, - desempenha-se uma atividade em nome do amor, consciente de que todo o bem que se faz, aqui, advogará alhures a algures a seu favor.
O trabalho não se destina somente a garantir a sobrevivência. Ele também deve proporcionar satisfação íntima. É o que se dá quando alguém sabe que faz bem algo de que gosta e que possui utilidade para os outros.
Nesse sentir d’alma, convicto de que quem trabalha com amor colabora na construção de um mundo melhor, vislumbra a importância do que faz para a harmonia do meio social em que se insere e considerado o trabalho como uma bênção do Senhor da Vida aos seus filhos na jornada das estrelas que brilham incessantemente mostrando a direção dos páramos celestiais, sim, vale a pena viver.
Com esses sentimentos d’alma, recebam os amigos de todo o sempre, nosso ósculo em seus corações e os votos de um ótimo final de semana, em nome do Divino Pastor.
Do Amigo de sempre.
Jaime Facioli.