07.06.2013 – OS CONFLITOS DA EXISTÊNCIA.
Que ninguém se engane imaginando que a vida em sociedade seja um mar de rosas. Não. Não é. Notório é o conhecimento de que os filhos da Potestade foram criados simples e ignorantes sob o pálio das questões 133 e 804 de “O Livro dos Espíritos”, mas em datas diversas, pois o Pai Cria até hoje na retórica do Divino Pastor.
Nesse sentido, não é difícil refletir que os que começaram antes a jornada em direção aos páramos celestiais, podem estar mais experientes e, portanto terem interpretações diferentes uns dos outros sobre todos os aspectos que a vida lhes apresentar, pois o homem é a soma de seus conhecimentos. Assim, certamente é enganoso imaginar que os eremitas ou os misantropos são sábios na escolha que fazem para viverem afastados da sociedade.
Esse proceder, “in veritas”, não os conduz a novos conhecimentos ou aprendizados, de sorte que nada transmitem ao seu próximo para atender a Lei de Progresso, razão porque é verossímil asseverar que, mesmo quando vocacionados para a religiosidade ou penitencia, eles têm mais de egoísmo do que de sabedoria.
O homem é um ser eminentemente gregário, Se estabelecem em sociedade pela sua própria natureza desde priscas eras e assim vivendo transmitem seus conhecimentos e descobertas a toda comunidade, sendo artífice eficiente da Lei de Progresso.
Nesse caso, não será reprochável parodiar as lições de Jesus asseverando que os filhos de Deus, pela sua origem divina, são Deuses, capazes de realizar tudo o que o Divino Pastor realizou e muito mais. Apenas o “Time” será outro, em outra retórica, quando pela elevação espiritual nos tornarmos Crísticos.
Nesse sentir, quando os filhos do homem, intolerantes, sem disciplina, e egoisticamente impõem o seu ponto de vista, não ouvindo o seu próximo em suas considerações, nasce ai os conflitos que geram as dissintonias, os desentendimentos, as desuniões, as guerras e todas as formas de violência gerando a intranquilidade e afastando a paz que deve fazer parte de nossos corações.
É oportuno recordar que O Homem de Nazaré, cumprimentava os seus discípulos ao chegar dizendo “Eu vos dou a minha paz” e ao se despedir da confraria de amor, exortava aos convivas dizendo, “Eu vos deixo a minha paz.” Muitos ainda imaginam que essa paz de Jesus seja gratuita ou mesmo adquirida a peso da moeda sonante.
Não. Não é. Ela tem que ser conquistada, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto pelo nosso reto proceder, pelo exercício do perdão, da mansuetude, da paciência do amor por excelência, enfim, todas as virtudes que integram a mais nobre delas, a Caridade ao feitio do entendimento esposado por Paulo, o Apóstolo dos gentios sobre o tema.
Com fulcro nesses pensamentos, bem se vê que a história da humanidade está repleta de violência, seja na poeira dos tempos, com Gengis Khan a quem foi atribuída a morte de 1.748.000 pessoas em uma hora, seja com Atíla o rei dos unos, ou no percurso percorrido pelas civilizações, até os dias atuais onde ainda se vê os assassinatos brutais.
A sociedade contemporânea não se esqueceu do caso de Suzane Richthofen que foi condenada por matar os pais, Manfred Albert Freiherr von Richthofen e Marísia von Richthofen e da mesma sorte os acontecimentos que envolveram o desaparecimento da modelo e atriz Eliza Silva Samudio, ou a morte prematura da menina Isabella Nardoni de cinco anos de idade, defenestrada do sexto andar do Edifício London ou ainda, entre tantos conflitos, a página negra da historiografia mundial do dia 11 de Setembro de 2001 quando foram destruída as torres gêmeas em Nova York.
Dessa maneira, na alvorada do novo mundo, o de regeneração, inadmissível a teimosia dos homens nos conflitos e na violência para resolverem as dissidências geradas pelos interesses das nações, das classes ou das pessoas em particular. Inegável que as divergências são salutares, porque levam ao desenvolvimento não somente do intelecto e a busca da aplicação e do respeito ao direito de cada um, conscientes de que o direito de um vai até o ponto onde se inicia as prerrogativas de outrem.
Por outro lado, é patente a realidade de que os pretextos para as bulhas são sempre os mesmos. Os interesses espúrios de uns contra os outros, em absoluto desrespeito ao código ético moral e os preceitos evangélicos ensinados pelo Divino Pastor para entregarmos a cada um o que lhe pertence, como dispõe as lições do Homem de Nazaré no episódio dos fariseus que O interrogaram se deveriam pagar ou não os tributos devidos a Cesar.
É necessária e urgente uma ação ativa do homem em direção a si mesmo, ao seu ser imortal, nos seus predicados ínsitos n’alma para a pacificação do mundo e as reformas indispensáveis à caminhada da paz.
Sem contradita, vivemos dias de emergência. Não dá mais para perder tempo. O tempo é escasso e os compromissos se multiplicam e as necessidades do dia a dia se amontoam.
Açodamos a busca dos valores materiais e estamos sempre atrasados e a todo instante procurando recuperar o tempo perdido. Na ânsia de viver para o mundo externo, fazemos letra morta viver também para nosso mundo interno. Perdemos o endereço da Divindade. Perdemo-nos nas estradas do mundo e enorme é a dificuldade para encontrar o endereço de nossa intimidade, de nosso espirito. É nesse sentido que os conflitos têm origem em n’alma, iniciando o embrutecimento dos sentidos do ser humano.
Esquecidos das necessidades da alma, atrofiamos nossos sentimentos mais sutis, nossa essência mais nobre, e passamos a viver na externalidade do mundo. A pouco e pouco, as reflexões nobres deixaram de ter espaço em nossa casa mental. Já não investimos tempo para apreciar o entardecer ou para reverenciar a tempestade pesada de verão refrescando o fim da tarde.
A oração deixou de fazer parte de nossos hábitos e as leituras edificantes cederam espaço para programas de TV vulgares. Dessa maneira, é quase natural que aos poucos deixemos de exercitar as mais nobres capacidades humanas. A vida passa a ser guiada pelos instintos e pouco espaço há para os sentimentos e para as reflexões mais elevadas. É inegável que nesse estado d’alma, viveremos como se não trouxéssemos em nós a essência de Deus, ou como se não fôssemos d’Ele os filhos diletos.
A continuar nessa vereda, em breve porvir, afastar-nos-emos do contato com os sentimentos Divinos. Diante desse inditoso acontecimento, viveremos em conflito na sociedade, agredindo-nos uns aos outros como sói acontecer.
Será fruto da incompreensão com os sentimentos do próximo, optando por julgar e impor critica acerba a outrem como se livres estivesses das mesmas mazelas como asseverou o Divino Jardineiro ao exortar a atirar a primeira pedra àquele que estivesse sem pecado.
Sem o amor na excelência da palavra, não conseguiremos conviver serenamente com aos desafios da vida, pois nos faltará a virtude da tolerância quando nos depararmos com situações limites nas provas da vida. Furtamo-nos ao dever da boa prova escolhendo os atalhos das discussões verbais, dos afrontamentos até às raias da agressão física, quando não do atentado à vida do próximo.
Nesse sentir, a história da humanidade fornece referencias notáveis de que não obstante as grandes dificuldades das provas a que estão submetidos os filhos da Potestade para o acerto das dissidências transatas ou presentes, incontáveis espíritos escolheram o caminho da não violência para a resolução das cizânias da vida.
Foi o caso de Mohandas Karamchand Gandhi, também conhecido por alma grande, o indiano que tendo se formado na Inglaterra em ciências jurídicas, ao voltar para o seu país foi jogado do vagão do trem porque estava na primeira classe, não obstante ter para isso efetuado o pagamento devido.
O racismo determinou a sua expulsão do trem. Todavia, nascia naquele momento o homem santo que a exemplo de Jesus de Nazaré, escolheu o caminho da não violência para a solução dos conflitos da existência.
Suas atitudes marcaram o modelo a ser seguido, pois levou a sua pátria a libertação do jugo dos ingleses, liberando-os da escravatura em que viviam, sem derramar uma gota de sangue de sua parte, por conta do que seu nome foi reverenciado na época, hoje e o será para sempre, mostrando que o amor sempre vence.
A historiografia mundial registra que Gandhi não foi senhor dos exércitos, governante ou político ou ainda que tivesse ocupado cargo de relevo na sociedade onde mourejou. Sem patrimônio, também não legou a posteridade avanços científicos. No entanto, homens, governos e celebridades de todo o mundo reuniram-se, em janeiro de 1948, em Nova Déli, na Índia, para se despedirem e homenagearem esse homem que levou seu país à liberdade.
Ao deixar esse mundo de provas e expiações com o dever cumprido, e da mesma forma como viveu, com simplicidade, sem riquezas, sem bens, sem títulos ou cargo oficial, razão porque sua história foi de humildade para dizer a verdade do que o seu coração estava repleto, fossem quais fossem os poderosos ou aos grandes impérios. Marshall, secretário de Estado dos Estados Unidos àquela época, disse-o bem, Gandhi era o porta-voz da consciência de toda a Humanidade.
O seu princípio era a busca da solução dos conflitos pelos meios pacíficos, tornando–os suscetíveis as divergências entre as pessoas, sob sua autoridade moral e o discurso amoroso de que todos somos filhos de Deus, arrimo sob o qual pretendia iluminar as mentes das autoridades afirmando haver lugar para todos, sem que isso afetasse o seu profundo respeito por todas as opões religiosas.
Todavia, para oferecer a paz ao mundo é indispensável alimentá-la primeiramente dentro de cada um dos filhos da Consciência Cósmica. Pode-se, pois, afirmar que a Terra foi presenteada com o exemplo desse pequeno grande homem, o apóstolo da não violência que, seguiu os passos de Jesus provando com o sacrifício da própria vida que o amor é soberano.
Trabalhando com amor os conflitos da existência, abraçando o ideário da não violência vivido pelos arautos da bem aventurança, estaremos em sintonia com o Universo da Providência Divina, razão porque, rogamos que nosso coração albergue para a maturidade espiritual a solução pacifica para os conflitos da existência em nome da paz anelada por Jesus de Nazaré para todas as ovelhas do seu redil.
Do amigo fraterno de sempre - Jaime Facioli.