É comum aos filhos da Divindade asseverarem que as reformas na área da construção são mais difíceis do que a nova edificação, assertiva essa que tem mais verdade do que sonha a vã filosofia. Revolver aquilo que foi realizado ao longo do tempo nem sempre é fácil e demanda uma dose ilimitada de perseverança e vontade, porque significa, via de regra, derrubar o que necessita de reparos ou atualizações para acompanhar o progresso. Por isso, faz sentido a comparação da área civil da construção com a vida dos viajores pelo planeta de provas e expiações, na imensa jornada da vida em busca de seu aperfeiçoamento para alcançar os páramos celestiais. Criaturas criadas simples e ignorantes dos valores da vida, ao longo da caminhada em busca da elevação do espírito, sob o arrimo da perfectibilidade que se procura em busca do bem proceder, cada ser humano, inevitavelmente, acaba por causar transtornos na vida de muitos irmãos de jornada. Nesse sentido, incontáveis vezes usamos do verbo sem necessidade, quando não para ferir, enganar, senão lesionar os mais puros sentimentos d’alma, proferindo calúnias que lançadas ao vento tem a força da tempestade destruindo a existência daqueles que estão à sua frente.Inúmeras são as vezes, com intenção, ou ainda que sem o componente da intenção, por não medir o tom e as palavras para arrefecer os sentimentos de agressividade, preferimos usar o verbo da facilidade para agredir tanto aos mais próximos como a outrem que se encontra nas esquinas da trajetória existencial. Não se olvide que utilizando a palavra, o professor eleva a mente dos seus aprendizes às culminâncias do saber, ensejando aos seus discípulos descortinarem o mundo belo, colorido e consentido. Usando do verbo, o malfeitor arroja infindável número de vítimas do não vigiar, não orar e não ter olhos para ver, para o fosso do crime. Conversando, a mãe educa e dulcifica o filho, apontando-lhe os caminhos da honra e do dever. Usando da palavra, maus líderes editam leis espúrias, conduzem os povos às guerras cruentas, permitindo que a boca escancarada da morte ceife vidas preciosas. Na contra partida do exercício do livre arbítrio, os bons governantes, sinceramente, preocupados com seus comandados e responsabilidades, elaboram discursos de paz e se esforçam por concedê-la. O Divino Rabi da Galileia falou e o Evangelho surgiu como a Boa Nova que todos aguardavam, sofridos e desalentados. Antes Dele, a fim de preparar os caminhos, uma voz se ergueu desde o deserto até as margens do rio Jordão, pregando um novo tempo. Um tempo em que as veredas do Senhor seriam aplainadas e os homens poderiam ouvir o doce cântico de um Rabi. Nas tardes quentes, nas noites amenas, Jesus serviu-Se da palavra para ensinar as verdades do Pai que está nos céus, para manifestar a Sua vontade generosa e curar enfermos. Com Seu verbo e sua logística incomparável salvou da morte por apedrejamento uma mulher que se equivocara, esquecendo dos seus deveres de esposa. E não se deteve, a outra ofereceu a água viva que mata a sede de saber espiritual. Serviu-Se da palavra e pediu perdão ao Pai para os que O crucificaram e com a palavra da fé entregou-Se a Deus. O apóstolo Paulo, pela palavra consciente e esclarecedora, levou as boas novas do Reino de Deus a lugares inimagináveis. O Messias deixava-se inflamar pela inspiração dos céus, que seu verbo convertia multidões. Tão bem se expressava e com tal fervor que chegaram a confundi-lo com o próprio Deus. Gandhi serviu-se da palavra para convidar a todos os seus irmãos da Índia a se unirem pelo mesmo ideal, seguindo os passos de Jesus, elegeu a não violência como forma de vencer as cizânias da vida. Martin Luther King Jr. discursou em nome da paz, desejando que brancos e negros se sentissem irmãos. Quando a guerra civil devastava o solo americano, o Presidente Lincoln usou da palavra de bom ânimo para levantar a moral dos soldados abatidos pelas derrotas e pelo abandono que acreditavam sofrer O verbo é sempre a manifestação da inteligência sadia ou enferma. É a base da escrita. E, toda vez que utilizamos a palavra, semeamos bênçãos ou espalhamos tempestades. Desse modo, ainda que trevas e espinheiros se alonguem junto a nós, governemos a emoção, e pronunciemos sempre a palavra que instrua ou console, que ajude ou santifique. Mesmo que a provocação do mal nos convide à desordem, a condenar e a ferir, abençoemos a vida, onde estivermos. Aprendamos a calar toda frase que destrua porque toda palavra que agride é moeda falsa no tesouro do coração. De qualquer sorte, pesa o fato de que nesses acometimentos agredimos nossos irmãos de jornada, não respeitando o tempo do outro, apressando a raiva que dormita no homem velho carente de reforma. Essa ausência de pulcritude tem o seu tempo para diluir-se nas águas mansas da consciência da criatura em evolução, na construção de seu porvir, mas até esse momento, rogamos desculpas pelo transtorno da obra. Da mesma sorte, considerando a nossa construção, atentos as lições do Divino Pastor, para atirar a primeira pedra aquele que estiver puro, não se pode apressar o outro, pois ele tem também o seu tempo para floresce aos olhos do criador. Olhemos a nossa construção com os olhos da paciência e sem complexo de culpa, sem apressar a construção de nossas vidas, pois também precisamos de tempo para sentir a própria firmeza da construção, evitando edificá-la em terreno movediço que a primeira tempestade a levará ao chão. Construir sobre a rocha que a tudo suporta na fé e na esperança da Onipotência, Onisciência e Onipresença do senhor da Vida em nossos destinos é o caminho seguro da jornada da vida. Jamais se pode desrespeitar o tempo do próximo, seus desejos, sua história, porque não somos o centro do Universo, mas todos, indistintamente, são viajores da grande nave da vida, sem direito ou alforria para esquecer que os caminheiros estão também em construção, tijolo a tijolo e aqueles que estão construindo causam transtornos à coletividade. Cada tijolo que cai quando da construção, machuca, quando não é o cimento que suja, mancha ou endurece a destempo. Inegavelmente, somente o tempo será capaz de ensinar a limpar a sujeira e curar as feridas. Na vida, como se conhece, sem contradita, o silogismo é bem aplicado ao tema em apreço, conscientes de que um infindável contingente de irmãos convivem conosco e também tem o que fazer na sua obra. Por isso, a jornada do crescimento dos filhos da Providência Divina, os erros, os desacertos, e as tijoladas que como chuva de pedra nos alcança, são apenas instrumentos corretivos para o ajuste de nossa construção, colocando no prumo os propósitos que prometermos respeitar na pátria espiritual quando elaborávamos a planta de edificação do futuro promissor. Sabendo que todos erram, é nosso dever compreender os transtornos, muitas vezes involuntários, quando não semelhantes aos nossos, porque estamos, indissoluvelmente, unidos no projeto da construção de nossas vidas, para alcançamos os páramos celestiais, o jardim da vida, onde o Pastor das Almas, o Divino Jardineiro aguarda seus irmãos menores. Nesse sentir d’alma, pedimos desculpas pelos transtornos, mas estamos em construção, um homem novo vem repleto de amor, justiça e paz.Com esses sentimentos d’alma, recebam o ósculo depositado em seus corações em nome da oblata da fraternidade universal, anelando que tenham um ótimo fim de semana em nome da Construção da Vida com as nossas escusas pelos transtornos da obra em nome de Jesus.