Um dos momentos de sublimidade dos seres humanos é encontrar a paz. Trabalha-se, estuda-se, enfrenta-se no dia a dia e hora a hora, a luta do bom combate, segundo a retórica de Paulo, o apóstolo dos gentios aos coríntios, em qualquer lugar por onde mourejam as criaturas da Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas, o sentimento anelado com sofreguidão é o da paz.
É a eterna busca de quantos procuram a felicidade cuja canção foi declamada em prosas e versos nos textos de rara beleza pelos poetas, mas nem sempre atingida a apoteose dos elevados sentimentos de amor segundo os registros do coração.
Afinal aonde encontrar a paz, que caminho percorrer, qual a fórmula e o segredo para se alcançar os desejos lhanozos para que o mundo moderno abandone as guerras, físicas, mentais e morais, assinando o armistício da paz para trazer tranquilidade aos corações sequiosos de amor transformando-os em puros como propôs o irmão maior, ao convidar os caminheiros a serem brandos e pacíficos e terem puro os corações, na dialética do Sermão da Montanha?
Invariavelmente os irmãos que jornadeiam por esse planeta de provas e expiações, com sofreguidão desejam encontrar essa vereda, e o método verdadeiro que se deseja para alcançar os esplendores celestes.
Por isso, ao lançar o olhar para o túnel do tempo, consta-se que no tempo da passagem terrena do Divino Pastor, Ele, ao chegar aos seus discípulos ou qualquer assembleia, cumprimentava-os dizendo “Eu vos dou a minha paz” e ao se despedir, dizia “Eu vos deixo a minha paz”.
É nesse sentido que incontáveis viajores pela roupagem dessa reencarnação, imaginam que a paz de Jesus pode ser comprada, vendida ou oferecida sem ônus a quem a deseje. Ledo engano. Não. Mais uma vez não.
A paz de Jesus é conquistada no silêncio do coração e no tatame da luta diária, no relacionamento humano, na prática do bem e na caridade, ou em outra linguagem, respeitando as leis de Deus com toda lhaneza.
Trata-se de tarefa difícil, que exige esforço e dedicação ao bem proceder, a prática da caridade e ao amor incondicional, buscando no silêncio d’alma o poder transcendental para ligar-se aos planos das altas esferas espirituais procurando o lenitivo que deixa os interessados em estado de êxtase.
Nesse sentir d’alma, com fluxo na prédica de Meimei, no livro instruções Psicofônicas, Lição nº 14, Página 71, consta a Melodia do Silêncio, por Francisco Cândido Xavier, ao descrever os méritos do silêncio no caminho da serenidade espiritual, externando a sensibilidade de seu espirito “ipsis verbis”, da qual essa pena se serve, diante da beleza lirial que os versos são portadores.
Repara a melodia do silêncio nas criações divinas. No Céu, tudo é harmonia sem ostentação de força... O Sol brilhando sem ruído... Os mundos em movimento sem desordem... As constelações refulgindo sem ofuscar-nos... E, na Terra, tudo assinala a música do silêncio, exaltando o amor infinito de Deus. A semente germinando sem bulício... A árvore ferida preparando sem revolta o fruto que te alimenta... A água que hoje se oculta no coração da fonte, para dessedentar-te amanhã... O metal que se deixa plasmar no fogo vivo, para ser-te mais útil... O vaso que te obedece sem refutar-te as ordens... Que palavras articuladas lhes definiriam a grandeza? É por isso que o Senhor também nos socorre, através das circunstâncias que não falam, por intermédio do tempo, o sábio mudo. Não quebres a melodia do silêncio, onde tua frase soaria em desacordo com a Lei de Amor que nos governa o caminho! Admira cada estrela na luz que lhe é própria... Aproveita cada ribeiro em seu nível... Estende os braços a cada criatura dentro da verdade que lhe corresponda à compreensão... Discute aprendendo, mas, porque desejes aprender, não precisas ferir. Fala auxiliando, mas não te antecipes ao juízo superior, veiculando o verbo à maneira do azorrague inconsciente e impiedoso. "Não saiba tua mão esquerda o que deu a direita" - disse-nos o Senhor. Auxilia sem barulho onde passes... Recorda a ilimitada paciência do Pai Celestial para com as nossas próprias faltas e ajudemos, sem alarde, ao companheiro da romagem terrestre que, muitas vezes, apenas aguarda o socorro de nosso silêncio, a fim de elevar-se à comunhão com Deus.
Inegavelmente, diante da realidade desenhada pela benfeitora Meimei, sem contradita o fato de que a paz que buscamos passa necessariamente pelo cadinho da melodia do silêncio proposto no poema em apreço, porque a caminhada dos filhos de Deus está destinada às estrelas e para se alcançar esse objetivo, as criaturas curvam-se no corpo físico para realizar as provas e as expiações no planeta sob a governança de Jesus de Nazaré. Nascem, crescem, estudam, progridem e no estertorar da vida física deixam as vestes transitórias da carne retornando a pátria espiritual para conferir os resultados dos compromissos assumidos na ribalta da vida.
Nesse jornadear pelo planeta, caindo e levantando, vencendo as dificuldades, ou resignando-se com questões que não podem mudar, não importa se nos tornamos ricos ou pobres, o que nos importa é encontrar a paz. Três letras, miúdas, pequenas, mas de grande significado para se atingir os Altiplanos Celestes.
De fato, homens há que depois de muito estudo, trabalho exaustivo ao longo da jornada, bem postado na vida, trabalho realizado, os filhos criados, os negócios prosperando ou simplesmente ao anoitecer da existência, lançam o olhar para a ribalta de sua existência, buscando a paz que sua alma anela com sofreguidão.
Nessa ensancha, vendo o dever retamente cumprido, aspira pela paz, três letras que lhe permite na consciência tranquila, gozar das luminescências do espírito. Não por outra razão, pessoas há que imaginam que a paz possa ser comprada ou encontrada nos shoppings da vida, negociadas ou presenteadas pelos bem aventurados.
Não é. A paz é conquista diária das criaturas de Deus, no silêncio e soliloquio que mantém com a Divindade, no exercício do bem viver e na prática do amor em plenitude como lecionou o Homem de Nazaré. Oh! Meu Deus. Pudéssemos nós ao costume de nos cumprimentarmos, com um bom dia, boa tarde ou boa noite, substituir essa saudação pela saudação do Mestre Jesus noticiada alhures.
Com essas considerações, segue aos amigos fraternos nossos desejos de um bom fim de semana, depositando um beijo em seus corações, com a oblata da fraternidade universal, com votos de muita paz, em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre - Jaime Facioli.