Há um tema que os seres humanos nesse mundo de provas e expiações olvidam falar e nem mesmo gostam de especular. Em geral parece que têm medo de enfrentar o assunto da grande viagem de retorno à pátria espiritual, que na maioria das vezes dizem: “Deus me livre”, vamos mudar de assunto.
A questão parece mesmo assustadora e não lhe damos atenção, razão porque quando o fato ocorre em nosso arraial, a sensação que temos é que os acontecimentos estão se passando em nosso vizinho e não nos diz respeito.
No outro pólo, todavia, muitos dos que jornadeiam pelo planeta de provas e expiações já estão conscientes de que a vida continua após a vida. Por essa razão, vez que outra, quando as oportunidades se fazem presentes, conseguem manter um diálogo esclarecedor sobre esse momento que ocorrerá não somente no nosso vizinho, mais também na nossa casa.
Felizmente, não obstante as mais de 4.000 religiões espalhadas por esse mundo de Deus pode-se asseverar que se não todas, a maioria esmagadora das religiões acredita na vida além da vida. Divergem certamente sobre o destino da alma após a encarnação, sobre o céu e o tal do inferno que em verdade não existe. Mas, a grande verdade é que mantém a esperança de que após a grande viagem existe a vida, o mundo de onde procedemos.
Não há como negar ao se examinar a questão número quatro da Promessa do Cristo de Deus, quando o paracleto indaga dos imortais, onde se pode encontrar a prova da existência de Deus, a resposta imbatível declara: “Num axioma que aplicais as vossas ciências: Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e vossa razão vos responderá”.
Ora, segundo o esclarecimento dos venerandos espíritos, “Para se crer em Deus basta lançar os olhos sobre as obras da criação. O Universo existe; ele tem, pois, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e adiantar que o nada pôde fazer alguma coisa.”
Crendo na promessa do Divino Jardineiro de que não nos deixaria órfãos, fácil se torna entender sob os ditames da questão número 133 de “O livro dos Espíritos”, que fomos criados pelo Senhor do Universo simples e ignorante.
Sendo assim, mais cedo ou mais tarde, mas em verdade, mais cedo do que imaginamos, voltaremos à pátria espiritual de onde procedemos, realizando a grande viagem de retorno, levando na nossa bagagem apenas aquilo que plantamos nessa existência, cuja reencarnação é bela, colorida e consentida.
Nesse sentir, não há razão plausível para temermos o momento do retorno à casa do Pai Celestial. É verdade que será preciso coragem para apresentar as contas de nossos atos, de nossos procedimentos realizados na viagem de resgate que fizemos colher os frutos do que plantamos na nossa jornada e dar contas de despenseiro fiel dos bens e das dádivas que nos foram confiadas para o bem de nossos irmãos em desalinho.
Em outras palavras: O que fizemos na prática com a com a Lei de Amor, de Justiça e de Caridade que o Cristo de Deus nos trouxe para a pacificação de nossas almas. Por essa razão seria de bom alvitre pudéssemos todos no momento de nossa despedida, parodiar o nosso querido Chico Xavier e dizer:
“Se eu morrer antes de você, faça-me um favor: Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: "Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus. Aí, então, derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus.
Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui Ele nos preparou.
Se você já apreendeu essas lições, então ore para que nós vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Mas, se eu morrer antes de você acho que não vou estranhar o céu. "Ser seu amigo... já é um pedaço dele!" - Chico Xavier -
Com essas considerações, segue nosso ósculo depositado em seus corações, com a oblata da fraternidade universal, com votos de um ótimo final de semana, em nome de Jesus de Nazaré.
Do Amigo Fraterno de sempre.
Jaime Facioli