É sempre lamentável que os filhos de Deus, na estrada da vida, sob o pretexto dos atavismos, instrumento de autodefesa e de preservação da vida nos proscênios de nossa existência, teimem em utilizar da violência para resolver as cizânias existenciais. As dificuldades são ferramentas que nos alavancam para o reto cumprimento da lei de progresso. Não fossem as dificuldades não sairíamos do lugar. É da lavra do saudoso amigo Francisco Cândido Xavier a retórica:
"Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito".
Assim considerando e tendo os filhos da Providência Divina sido criados simples e ignorantes ao teor das questões números 133, 804 de "O Livro dos Espíritos", nada justifica tantas agressões no lar, na sociedade ou crimes de todo jaez por onde mourejamos. Há ainda outra consideração a fazer para bem resolver os desaires da vida que se apresentam ao ser em evolução, sob a roupagem de provas e expiações, testes para nossa avaliação em direção a pacificação de nossa alma. O homem é um ser, eminentemente, gregário. O misantropo e o eremita têm mais de egoístas do que de sábios. Viver isolado não ajuda a ninguém e nem a si próprio.
Por essa razão, os filhos de Deus estão colocados em família ou na sociedade civil organizada, sempre com possibilidade de trocarem experiências, evoluir e crescer em direção aos seus destinos até aos páramos celestiais. Daí, nada justifica que estejamos em constantes guerras internas, nos ergástulos do coração, ou vestindo-se de homens-bombas para levar a outrem a "morte", na esperança de alcançar a pureza de coração. Não será através do furto, do roubo, do latrocínio, do assalto à mão armada ou enganando a outrem por qualquer meio ou modo ou através da brutalidade física que se conseguirá seguir as pegadas do Homem de Nazaré.
Vivemos juntos na família, no trabalho, na sociedade como forma de nos auxiliarmos uns aos outros. Chico Xavier assevera com muita propriedade que o Cristo de Deus não pediu para ninguém escalar o Monte Everest, mas sim, amarmo-nos, uns aos outros. Por essa razão evocar a reflexão de o evangelho de São Mateus, 5; 4 estabelecendo: "Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra". Por esta máxima, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês que alguém possa usar para com seus semelhantes.
Com fulcro nessas lições, constata-se que, não com todos, graças a Deus, mas muitos irmãos na jornada da vida fazem ouvidos moucos aos ensinos de Jesus, como se não os compreendessem bem. A prova material dessa afirmativa é o comportamento diário de alguns de nossos irmãos em desalinho diante de situações, fatos e pessoas. Junto aos amigos do Centro Virtual de Divulgação dos Estudos do Espiritismo, com a Equipe de Redação do Momento Espírita, - www.momento.com.br - se colhe razões que sedimentam essas reflexões, quando se conta "ipsis verbis" que: "Um dia desses, transitávamos por uma rua da nossa cidade e paramos no sinal fechado. Observamos no veículo ao lado um adesivo com a seguinte citação evangélica: “Já não sou eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim”.
A frase chama atenção pela beleza do ideal outrora externado por Paulo, o apóstolo dos coríntios, mas infelizmente, na maioria dos casos não retrata a realidade, porque a senhora que dirigia o veículo em questão, ao se aproximar um desses garotos que entregam panfletos de propaganda nas esquinas, ela o tratou com aspereza e gesticulando raivosa, o enxotou de sua presença a pobre criatura que atônita se afastou desorientada. No caso em espécie, não se pode olvidar os ensinamentos do espirito benfeitor da humanidade Joanna de Ângelis em episódios Diários, pag. 93, estabelecendo que: “A força da retidão se expressa pela conduta, muito mais do que através das palavras”, porque em verdade, a vida deve tornar-se uma lição viva de correção e dignidade.
É muito comum percebermos esse tipo de situação, pois Jesus tem sido muito divulgado ultimamente, mas pouco vivido. É lamentável narrar esse fato, mas em nome da verdade objetiva, a realidade é que alhures e algures somos testemunhas oculares desses episódios inditosos. É indispensável que para que o Cristo possa de fato viver em nós, será necessário que esvaziemos o nosso bornal do egoísmo. De fato, enquanto se guardar nos corações o orgulho e a soberba, o discurso sincero de Paulo de Tarso ao propagar das profundezas de sua alma, naquele instante histórico, o "Já não sou eu quem vive, mas o Cristo que vive em mim", certamente não haverá lugar para que Ele habite na casa mental e na intimidade de seus irmãos menores.
Não há dúvida de que é muito fácil nos alegrarmos e enchermos nossos espíritos das preciosas lições do Divino Jardineiro, quando estamos nos nossos templos religiosos, pois suas palavras e seus exemplos acalentam nossas almas sequiosas de amor sincero. Não se olvide que nesses lugares abençoados por Deus, as igrejas de nossa devoção, a situação nos favorece a todos. São sorrisos, abraços e beijos, e tudo está calmo. Afinal, todos se encontram na Casa do Pai Celestial sob os eflúvios do Divino Rabi da Galileia, e, por isso mesmo se comportam com serenidade, com brandura e passividade. Mas, na rua por onde o Cristo de Deus caminhou, ajudando os caídos pela vida, na dor e na miséria de toda espécie, as palavras perdem o sentido.
É o que ocorreu no relato de nossa irmã que não guardou a menor intimidade com a lição de Paulo de Tarso com que adesivou o seu carro, sem carimbar, contudo, o passaporte para o seu coração. Bem se vê, que, as preciosas lições do Mestre de Nazaré devem ser vivenciadas 24 horas por dia. É verdade que algumas coisas não são bem como gostaríamos que fossem.
Não nos agrada encher o veículo de papéis de propaganda, mas não será preciso agredir com palavras àqueles que estão encarregados desse mister. Abra o vidro do carro. Um toque no botão automático é o que basta. Pegue a propaganda e depois de um sorriso ao irmão, ou ajude com pequeno óbolo. Afinal o que são algumas moedas? Nada. Mas no Livro dos Céus estará anotado o procedimento de brandura e a lição prática do Celeste amigo: “Fazer ao próximo o que gostaríamos que ele nos fizesse”.
Se abandonarmos a violência, física, moral e verbal e nos colocarmos no lugar do outro e perguntarmos como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos em seu lugar, certamente estaremos agindo como verdadeiros cristãos. Esse procedimento alforria a evolução e a receber a outorga do Divino Galileu: "Bem-aventurados os brandos porque possuirão a Terra". A Terra é um planeta de expiações e provas, no alvorecer do mundo de regeneração e albergará os espíritos que já se melhoraram a ponto de merecê-la. Os que ainda persistirem no mal reencarnarão em outros planetas, de conformidade com sua evolução. É assim que se expressa a Justiça Divina. A ninguém desampara, mas também a ninguém privilegia, todos temos as mesmas chances, basta que saibamos aproveitá-las.
Com esse sentir dalma, segue nosso ósculo depositado em seus corações, com a oblata de nossa fraternidade, com votos de um final de semana de muita paz em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de Sempre.
- Jaime Facioli. -