Uma realidade existencial inegável encontrada na estrada da vida pelas criaturas é perceber que no caminho da existência dos filhos de Deus há incontáveis sofrimentos, espinhos da vida a ferir os mais nobres projetos da existência, razão porque muitos choram por saberem que as rosas têm espinhos e outros focados na lição da dor, gargalham por saber que as rosas depois dos espinhos exalam o suave perfume que lhe dá o aroma de uma jornada bela, colorida e consentida, obra do pai de misericórdia e bondade. Bem por isso, ensina com sapiência o espírito benfeitor da humanidade Joanna de Ângelis dizendo que:
“Todos sofrem, enquanto estão no mundo. A dor é um método eficiente para a renovação, quando falecem os benefícios do amor não vivido. Diante desta fatalidade inevitável, que o Espírito enfrenta nos mais variados matizes, cumpre-lhe recebe-la com dignidade e confiança. O que hoje se apresenta atormentante, ameaçador, amanhã, se converte em paz. A doença física ou mental, a aflição econômica ou moral, passam deixando os resultados conforme o grau de elevação pessoal através do qual foram recebidas. Não te consideres, pois, infeliz, quando sofrendo. Retira os benefícios da injunção expungitiva e segue adiante, encorajado”.
Nesse sentir, esclareça-se à saciedade que o sofrimento, forma de aprendizado e de quitação dos débitos contraídos na ribalta da existência delituosa, não porque as criaturas tenham sido criadas com essa índole, mas porque nas veredas existenciais no exercício do livre arbítrio e por insaciável curiosidade experimentaram momentos de êxtase pela porta larga, olvidando o caminho reto dos procedimentos que conduz à porta estreita, transitando pelos acúleos para encontrar a paz, consoante propôs o Divino Pastor ao legar os seus ensinamentos.
Sem contradita, quando do fogão sem lume, da partida de um ser amado, do acerto de contas pelos procedimentos desditosos eleitos no pretérito, seja cometendo crimes hediondos, seja enganando, mentindo, sendo adúltero na vida conjugal ou adulterando a verdade dos fatos mediante o falso testemunho. Todos esses delitos e as demais violações das leis conduzem, sem contradita ao momento das dores excruciantes para o ajuste de rumo dos filhos de Deus, impondo a medida corretiva aplicada pela pedagogia da vida. Sob esse espeque não há razão para as reclamações, diante das dores superlativas que nos visitam, por vezes, na desesperança que nos abraça. São momentos fugidios da escuridão momentânea que chega com a madrugada, e as dificuldades dos procedimentos transatos voltam a assaltar o viajor, deixando rastro e sensação de que já não existe energia para fardo tão pesado.
Ainda que em desespero pelo céu obnubilado não será lícito esquecer da oração e das lições sublimes do Divino Jardineiro, concitando aos seus irmãos de caminhada que o Pai é de Amor e Misericórdia, e até no momento do desespero, não põe sobre seus ombros o fardo maior do aquele que os transeuntes do planeta de provas e expiações podem carregar na jornada da vida. É nesses momentos que a oração não pode jamais perder sua força e seu poder, muito menos permitir que o sentimento da Divindade pareça distante e insensível.
O exemplo sublime da oração e desse solilóquio com o Criador para aqueles que momentaneamente estejam em passeio pelos jardins do Éden, quiçá esquecido dos que padecem, sejam os únicos que não se sinalize com Jesus, na agonia da cruz, ante as dores que O dilaceravam, para o legado mais extraordinário de modelo de oração, caridade e amor na excelência da palavra, pois enquanto se debatiam os condenados, ao Seu lado, Ele orava ao Pai:
“Senhor, concede o Teu perdão. Eles não sabem o que fazem. Preocupava-se com os Seus irmãos. E, sentindo se aproximar o momento da morte, rogou: Senhor, em Tuas mãos entrego meu Espírito”.
No outro pólo, não se tem conhecimento e a historiografia mundial não registra ter existido nenhuma revolta, nenhuma reclamação de Jesus, tanto como nenhum desespero apoderou-se do Messias do amor, no seu momento de seu inaudito sofrimento. Sob esse arrimo, inegavelmente é de bom alvitre nos momentos da escuridão momentânea, se tenha presente as lições do Modelo e Guia, da humanidade consoante a questão 625 de “O Livro dos Espíritos”, para iluminar o caminho dos viandantes na grande jornada da existência.
A razão dessa iluminação almejada é porque, na Terra de tanta intranquilidade, tudo se finda e somente o espírito é imortal, motivo porque depois da escuridão e da tempestade vem a luz e a bonança, consciente de que a única fatalidade que existe nesse mundo de Deus, ainda que passe pelo caminho da dor e do sofrimento é o destino certo nos esplendores celestes, pois o Senhor da vida não criou “modelitos”, mas sim filhos destinados aos páramos celestiais.
Com esses sentimentos, estamos por natureza vocacionados a nascer de novo a cada dia, puro, cristalino, substituindo o homem velho das palavras gastas, dos gestos rituais, revivendo a primeira manhã da criação, o primeiro abrir dos olhos para a vida, anelando que cada manhã a alma desabroche do sono como a rosa do botão e surja como a aurora do oceano, ao sorriso das bênçãos da vida bela, colorida e consentida.
Nesse sentimento reside o desejo de engrinaldar a alma para a festa renovada com que cada dia nos convida a desdobrar das asas como a águia em demanda do sol, convicto de que cada nova aurora mais aproxima o ser imortal do seu encontro com a felicidade para a qual foi criado pela Providência Divina.
Ponto finalizando, para iluminar a escuridão, o procedimento salutar é cultivar o amor que o Cristo de Deus legou como dádiva a ser vivida em nome da família universal, praticando as lições do Divino Jardineiro, no jardim de nossas vidas, o amor em plenitude, o perdão das ofensas, a solidariedade, a mansuetude e a indulgência, virtudes que nos conduzirão aos altiplanos celestiais.
Por derradeiro, recebam o ósculo da fraternidade em seus corações, com a oblata do amor na excelência da palavra, com votos de um ótimo final de semana em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.