Sem cometer o pecado da omissão, ninguém em sã consciência pode negar que sobre o tema de não julgar o próximo, os acontecimentos da vida, os acertos e desacertos dos atos da jornada dos filhos de Deus, alguém esteja imune. A lição lirial vem dos tempos imemoriais do Cristo de Deus recomendando aos irmãos menores não julgar, e aos profitentes e candidatos a ter o coração puro para ser bem-aventurados, devem, consoante o sermão da montanha, estar atentos à reprimenda passada ao discípulo. Pedro sacou da espada para impedir a prisão do Divino Pastor, no pé do monte das oliveiras e cortou a orelha de Malcon, o chefe da centúria que fora aprisionar a Jesus. Foi nesse instante que ouviu do Mestre a educativa lição, determinando taxativamente ao seu fiel discípulo: “Pedro, embanha a tua espada, pois com a mesma arma que tu feres será ferido”.
Inegavelmente os viajores pelo Planeta Terra com objetivo de evoluírem e saldarem seus compromissos transatos pelos quais se exercitou a metodologia da vida dos acertos e dos erros, ajustando a rota da única fatalidade dos filhos da Consciência Cósmica na direção dos esplendores celestes. Não julgar a outrem é virtude soberana d’alma, porque, via de regra não se está na posse da verdade objetiva e o julgador se deixa levar por fatos e acontecimentos sem o pleno conhecimento das ocorrências, sobrevindo o pecado capital.
Na mesma esteira, não se pode deixar de considerar que os seres em evolução são, sem distinção criaturas criadas simples e ignorantes sob o pálio das questões 115, 133 e 804 de “O Livro dos Espíritos”, tendo como consequência o seu marco inaugural em épocas diferentes um dos outros, seres personalíssimos que diante da sua maioridade vivencial, já transitaram há muito tempo pelo caminho da dor, estando melhor preparado para seguir na jornada da vida. Sobre outra dicção, evidente que o espírito mais “velho” detenha maiores conhecimentos que lhe facilite os acertos da vida, caminhando entre os espinhos sem muito se ferir até, chegar ao suave perfume das rosas. Nesse caso, vale a lição de que devemos ajudar aqueles que vêm na retaguarda da vida, porque todo o bem que se faz aqui, milita a favor do benfeitor alhures, anotado que está no livro da vida nos páramos celestiais.
Cabe constar ainda sobre o discurso em apreço, o fato comum de quantas vezes já julgamos precipitadamente fatos ou pessoas, sem passar pelo cadinho do bom senso. Nesse caso, tenha-se como referência alguns acontecimentos.
Um servidor dedicado, após anos de trabalho irrepreensível, comete um deslize. Logo, todos os anos de dedicação são esquecidos. Sobre ele recaem acusações, desconfianças. Um amigo de infância, adolescência, juventude, alguém com o qual rimos, choramos, confiamos, comete uma pequena falha. Diz-nos um não. É o suficiente para desalinhar o amigo e lá se vão anos de convivência, sepultados de um só golpe. Um voluntário que serve dedicada e perseverantemente meses, anos, sempre sorridente, feliz, um dia, por algo que lhe ocorre e o perturba, se exaspera, fala mais alto. Logo, tudo que fez até então é esquecido e somente aquele gesto de insensatez e o momento de irreflexão é apontado, falado, julgado.
Que não se engane a vã filosofia. São retratos da vida que ocorrem no dia a dia e hora dos transeuntes da vida nas memórias e experiências de aprendizado no Planeta Terra. Para ilustrar o tema, é valido uma digressão sobre o assunto. Conta-se que um pai desejava ensinar aos seus quatro filhos a respeito dos julgamentos que os filhos da Providência Divina praticam no seu jornadear pelo planeta de provas e expiações.
Aconteceu que a cada um deles enviou em uma estação diferente do ano a uma terra distante para observar uma determinada árvore. O primeiro filho chegou no inverno, o segundo na primavera, o terceiro no verão e o quarto no outono. O primeiro informou que a árvore era feia, além de seca e toda distorcida. O segundo disse que, ao contrário, a árvore estava carregada de botões, cheia de promessas. O outro filho contestou aos dois irmãos e afirmou que viu a árvore coberta de flores, além de bonita exalava um suave aroma, e na sua avaliação, tratava-se da árvore mais graciosa que ele jamais havia visto. Finalmente, o quarto filho falou que a árvore estava tão cheia de frutas, tão carregada de vida, que chegava a estar arqueada.
O pai, ponderado, explicou que todos estavam certos, no entanto, cada um deles julgara a árvore exatamente pela época do ano em que a havia visto. Na vida, continuou o ancião, também é assim. Quase sempre somos precipitados nos julgamentos. Para julgar com acerto, compete-nos observar com atenção, colher informações detalhadas e sentir a sublimidade do seu espírito em constante progresso e evolução.
Diante da evolução espiritual que cada um dos filhos da Providência Divina está submetido, considerando o momento de sua criação, não é de bom alvitre julgar as pessoas, seus atos ou as situações, por um momento fugidio diante da eternidade da vida e da inexorável evolução a que estão submetidos todos os caminheiros da felicidade. Há que se considerar que todos passam pelos dias desolados do inverno. Dias de tristeza, de solidão, de problemas superlativos. Nessa estação da vida, parecemos árvores de galhos retorcidos. Contudo, quando a esperança faz morada na intimidade, carregamo-nos de promessas, de botões prontos a explodirem em flores. É nesse estágio que acenamos com cores vibrantes, flores perfumadas, graciosas na vida, bela, colorida e consentida que logo mais, se transformarão em produção abundante de frutos.
Diante da metáfora em exame, os anelos para aqueles com os corações amorosos atentos à lição do Divino Jardineiro, não façam julgamentos precipitados de situações, de pessoas, de companheiros, de amigos. Verifiquemos, antes, em que estação do ano estagia a alma de quem vamos julgar. E, se descobrirmos que o inverno envolve aquela criatura, estendamos a contribuição do sol da nossa amizade, o adubo do nosso auxílio, a proteção do nosso carinho, porquanto sob a dição de Joanna de Ângelis: “Os filhos de Deus, mesmo quando caídos no lodo, à primeira réstia de luz que lhe chega, são capazes de brilhar como um diamante”.
Oh! Meu Deus. É assim que cada dia, surge oportunidades para provar que Tu és uma fonte inesgotável, de amor e bondade, cujo poder ilimitado eficaz aciona a fé, com a certeza de que as orações são sempre ouvidas, uma a uma, e ao seu tempo respondidas. Neste incomensurável amor, sou filho da tua Providência Divina e quando a Lua se esconder é porque o sol está para nascer.
Com esse ideário, recebam os amigos fraternos, nossos votos de uma final de semana repleto de paz, em nome de Amigo Celeste, em mais uma oportunidade de dessedentarmo-nos, na fonte inesgotável do amor do Divino Jardineiro.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli.