É lição de Jesus de Nazaré. Bem-aventurados os que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir. Esse enunciado pode parecer aos incrédulos e ao vulgo motivo de graça diante da destinação desses dois órgãos que compõem a anatomia humana, dois dos sentidos do ser humano que o auxiliam na sua jornada de progresso por essa Terra de Deus. Que não se engane a nossa vã filosofia. Nada nessa vida é sem propósito, mas por uma causa, razão de não podermos olvidar as lições do Celeste Amigo. Constantemente há surpresas com amigos que cobram um cumprimento, dizendo: "Como então! Estás orgulhoso o amigo. Não cumprimenta mais as pessoas".
Diante da surpresa para aqueles que têm reto o proceder, se indaga: "Mas quando vi o amigo e deixei de cumprimentá-lo?". E lá vem a resposta certeira, tal dia, tal hora e em tal local. Aliás, olhavas para mim diretamente, nos meus olhos e a propósito vestias tal traje e o dia estava escuro". É a mais pura e sacrossanta verdade. O fato acontece diuturnamente nas vidas dos transeuntes em provas e expiações nesse planeta de Deus, porque que os olhos físicos veem, mas não enxergam com os olhos do espírito imortal. Apesar de enxergar e estar olhando o que o cerca, não dá importância ao fato ou não valoriza os acontecimentos segundo os conceitos da pluralidade das existências e da imortalidade do espírito. Por essa razão, se atribui mais valor às coisas transitórias do que àquelas que constituem a razão da existência, presente que a Divindade oferece no caminho do progresso em direção às estrelas, destino à felicidade plena das criaturas.
Assevere-se por isso, que apesar de se ver a toda hora muitas coisas, não se lhe dá a importância devida. Absolutamente fidedigna nesse sentido a lição do Divino pastor alertando que são “bem-aventurados os que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir”. Normalmente não se vê o que se tem de mais importante na vida, e se deseja a posse de muito dinheiro, sem se listar ao menos meia dúzia de coisas em são portadores das riquezas que o dinheiro não podem comprar, vg a saúde, a família, o trabalho ou mesmo a capacidade de ouvir a acústica do espírito imortal. Atavicamente se prende aos grilhões do passado e qualquer coisa que contrarie os interesses mediatos, será motivo para reclamações, murmúrios e queixas, ao se dizer:
Nossa! Tudo acontece comigo? A vida está péssima. O título foi para o cartório. Estou sem recursos. Minha mãe, mulher ou filho está doente. Há uma infinidade de queixas a apresentar, umas contra o tempo, que não pára de chover ou o frio que está calando na alma, seja pela palavra articulada ou escrita. Há também murmúrios nos recônditos das almas, através dos pensamentos, faixa vibratória onde se permite ficar os desalinhados em estado de reclamação silenciosa, como se o Senhor do Universo não pudesse ouvir os impropérios. Por isso, a ninguém será justo essa forma de ver a vida, senão aquela que conduz aos páramos celestiais porque de outra maneira se deterá no lodaçal das impurezas dos pensamentos.
Em verdade não há ilusão e discurso contra a existência dos acontecimentos “infelizes” envolvendo as criaturas no aprendizado com destino ao aperfeiçoamento em atendimento a Lei do Progresso. Oh! Meu Deus. Não. Longe disso. Tem-se consciência desses fatos, pois aí estão os acidentes, as doenças, os hospitais, os furtos, roubos e uma gama infindável de ocorrências inditosas que entibiam os mais puros sentimentos dalma. O que orienta a lhanoza filosofia é ver a vida pela luz dos olhos do espírito. Cada um dos filhos de Deus pode e vê a vida pela luz de seus olhos. Olhos que fitam o mar, que veem a ave fagueira, o céu de anil, as estrelas do firmamento, o desabrochar de uma rosa e a vida que estua ao derredor da vida bela, colorida e consentida.
Se há doença, há também a cura. Os hospitais, os médicos, os cientistas estão presentes em regime de trabalho e preservação da vida. Basta se pesquisar sobre a vida e obra do maior cientista da atualidade, o geneticista Dr. Francis Collins, o que desvendou o Genoma humano. Os transplantes de órgãos. Cirurgias no coração de uma criança no ventre da parturiente e outros transplantes que salvam vidas e demonstram à saciedade o valor da solidariedade humana, na direção da aplicação da Lei Magna de Amor que nos trouxe o Divino Rabi da Galileia. Bem se vê assim, as prescientes lições de Jesus de Nazaré, ao exortar, bem-aventurados os que têm olhos para ver ouvidos para ouvir, sem que isso se constitua em motivo de hilaridade.
Sedimenta essa reflexão a educativa história cujo autor se desconhece, mas que certamente chega até nossos dias, por bondade dos bons espíritos que inspiram a humanidade a prosseguir nas pegadas do Mestre Jesus, na sua didática de contar histórias, parábolas que irão habitar as profundezas de nossas almas. Um belo dia, um nobre representante de uma família rica, um empresário com sede na milionária avenida Paulista, preocupado com o seu rebento e de como fazer para transmitir-lhe lições de vida que pudesse sedimentar o seu futuro, quando ele realizasse a grande viagem, esforçou-se para demonstrar ao seu herdeiro a importância dos bens que lhe assegurariam o seu bem-estar e a continuidade da família em berços esplêndidos, a posição social e o respeito de seus subalternos.
Decidiu-se por levar o menor púbere até um lugarejo com o firme propósito de mostrar o quanto as pessoas podem ser pobres e se deve evitar essa maneira de viver. Essa postura, certamente convenceria o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía, manter o status e o prestígio social. Passar esses valores para o seu herdeiro lhe era de suma importância. Com esses propósitos foram para uma pequena casa de taipa, onde residia um empregado da fazenda de seu primo, encarecendo o zeloso pai, que o filho a tudo observasse e ao depois lhe passasse a sua impressão da viagem ao campo, que lhe relatasse o que tinha visto, e desse as suas impressões sobre esses acontecimentos em sua vida, considerando o seu futuro próximo.
Por isso, quando retornavam da viagem, o pai questionou o filho na intimidade de seu tratamento carinhoso foi logo dizendo: E ai, filhão! Quais são as suas considerações sobre a viagem? O que aprendeu da lição da vida? Como resposta recebeu as seguintes ponderações e agradecimentos do filho: Muito boa. E o pai não se fez de rogado e emendou: Você viu filho, a diferença entre viver na riqueza e viver na pobreza? Respondeu o filho atento a sabatina de que era alvo. Oh! Sim Papai.
O pai que não se dava por vencido em seus propósitos de ir a fundo a lição de vida que se propusera passar para o filho, redarguiu ao filho, afirmando: Então o que você aprendeu com tudo o que viu nesses dias naquele lugar tão paupérrimo. O seu herdeiro respondeu sem pestanejar: É papai, vi e aprendi muita coisa, pelas quais te serei eternamente grato como por exemplo: Eu vi que temos um cachorro em casa e eles tem quadro. Temos uma piscina que alcança até o meio do jardim, e eles tem um riacho, que não tem fim. A nossa varanda é coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm as estrelas e a lua no céu. Nosso quintal vai até o portão de entrada e eles têm uma floresta inteirinha. Nós temos alguns canários em gaiola e eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas na natureza como Deus as criou.
Nesse instante o filho suspirou profundamente, como se a sentir da entidade angelical ao seu lado e a presença da Divindade em sua vida e continuou a ditar a lição apreendida dizendo: Além do mais papai, observei que eles rezam antes de qualquer refeição, enquanto em casa sentamos à mesa falando de negócios, dólar, eventos sociais, comemos e ao empurrar o prato, julgamo-nos felizes. Há mais. No quarto onde fui convidado a dormir, com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer orar, enquanto que ele agradeceu a Deus por tudo, inclusive pela nossa visita na casa deles, dizendo que foi uma honra nos receber.
Sabe papai, lá em casa, nós vamos para o quarto, deitamos, assistimos televisão e dormimos sem outras reflexões. Outra coisa que me impressionou nessa lição de vida. É que dormi na rede do Tonho, enquanto ele dormiu no chão, pois não havia uma rede para cada um de nós. Ele foi generoso comigo. Na nossa casa colocamos a Maristela, nossa empregada para dormir naquele quarto onde guardamos entulhos, sem nenhum conforto, apesar de temos camas macias e cheirosa sobrando. O filho herdeiro ia falando e seu pai instrutor sentia-se impotente diante do amor do filho cujo comportamento o fazia meditar sobre a vida, e os valores até então atribuídos à felicidade. Sentia-se envergonhado e sem graça diante da sábia ingenuidade de seu filho querido. Para completar suas observações e aprendizado o filho diz ao pai com sentida emoção ao abraçá-lo carinhosamente: Muito obrigado papai, por me haver mostrado o quanto nos somos pobres, mas o quanto podemos mudar em nome do Cristo de Deus.
Nesse sentido d’alma, não é o que temos ou o que vemos que nos fará felizes. O caminho que determinará a nossa felicidade é o que pensamos sobre os problemas, dificuldades, provas e expiações que a vida nos oferece para o nosso aprendizado. Tudo o que se tem depende da maneira como se olha a vida, da maneira como se valoriza as pessoas, as coisas que estão ao derredor, para servir de ferramenta para o progresso espiritual, ético e moral em nome de Deus. Se albergas no coração o amor do Divino Jardineiro, sobrevive com dignidade, adota atitudes positivas e partilha com benevolência suas dádivas, certamente é um dos degraus da sabedoria dividir com outrem as bênçãos recebidas, pois assim terás tudo o que o filho de Deus almeja na jornada de provas e expiações.
Nesse sentir, vale anotar os ensinamentos ditados por Meimei, in Irmãos Unidos, pelas mãos abençoadas de Francisco Cândido Xavier exortando a não se perder a esperança, quando o pranto chegar, mas recorrer a Deus no exercício do bem e o acharás nas entranhas da própria alma a propiciar-te o consolo. Se porventura sofres incompreensão, auxilia ainda e sempre os que te não entendem e encontrarás Deus no imo do próprio espírito, a fortalecer-te com o bálsamo da piedade pelos que se desequilibram na sombra. Se te menospreza ou te injuriam, guarda-te em silêncio no auxílio ao próximo e surpreenderás Deus no íntimo de teus mais íntimos pensamentos prestigiando-te as intenções.
E, se erraste, não tombes em desespero, mas, trabalhando e servindo receberás de Deus a oportunidade de retificação e da paz. Seja quais forem as lições e problemas que te agitem a estrada, confia em Deus, amando e construindo, perdoando e amparando sempre, porque Deus, acima de todas as calamidades e de todas as lágrimas, te fará sobreviver abençoando-te a vida e sustentando-te o coração.
Com esses pensamentos, segue nosso ósculo depositado em seus corações, em nome da oblata da fraternidade, com votos de um fim de semana com muita paz em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -