Vive-se em cada momento, situações difíceis, provas e experiências a serem realizadas e não raras vezes o desconsolo toma conta dos mais puros sentimentos d’alma, sem se dar conta que o país, pátria do evangelho coração do mundo, na apaixonante metáfora do nobre espírito Humberto de Campos, mantem hígida as instituições democráticas. Não há nuvens obnubiladas contra os preceitos constitucionais que permanecem em pleno vigor, nem ameaças aos cânones que preservam as garantias e direitos dos filhos de Deus na caminhada evolutiva para se alcançar os páramos celestiais. Sob esse espeque, é dever de cidadania das almas em trânsito pelas provas e expiações, apesar dos pesares, tocar a vida em frente porque nada acontece por acaso, mas tudo tem uma causa. A propósito, há um dito popular estabelecendo que a vida é uma caixa de surpresa.
A história da humanidade anota pela mitologia grega, que Prometeu, tido como Divindade, criou o homem de argila e surrupiou a chama sagrada do Deus Sol para lhe dar um sopro de vida. A intenção da Potestade chamada Hélio, era para dar origem a um ser que ajudaria a sua mãe Gáia, também conhecida como Terra. Naquela época, o ser imortal, o homem também era assexuado, como ocorre com os espíritos, segundo a questão número 200 de "O livro dos Espíritos", ao esclarecer à saciedade que no plano extra físico não existe o sexo como se entende no plano físico. No episódio em comento, sob as ordens do Deus Zeus, Prometeu, pelo seu ato de indignidade foi retido e condenado a ficar acorrentado no alto de uma montanha, lugar aonde todos os dias um corvo gigante vinha comer-lhe as vísceras, as quais todas as noites eram regeneradas, de sorte a experimentar uma condenação eterna, sentido dores excruciantes.
Todavia, antes de ser conduzido preso, ele deixou com seu irmão Epmeteu, uma caixa que continha todos os males que poderiam enlouquecer os homens, razão de ter recomendado que ninguém a abrisse em hipótese alguma ou dela se aproximasse sobre qualquer pretexto. Quando os homens começaram a devastar a Terra e, com intenção de castigá-los os Deuses se reuniram e criaram a primeira mulher, batizando-a com o nome de Pandora e a incumbiram de seduzir Epmeteu e abrir a caixa. Depois que Pandora seduziu Epmeteu, eles se amaram intensamente até que Epmeteu caiu em sono profundo. Foi quando Pandora abriu a caixa e dela saíram todos os males, como as doenças, as mentiras, a velhacaria, a inveja, a velhice, a guerra, a morte, e, como os fantasmas eram tão assustadores, ela teve medo e fechou a caixa antes que saísse o último dos males, aquele que acabaria com as esperanças que acalentam os corações sequiosos do amor em plenitude.
Por isso, é importante, apesar dos pesares, tocar a vida em frente, conscientes de que há no leme de nossa existência o Deus todo poderoso de amor e bondade e com esse arrimo, apesar do mistério relatado pela mitologia grega, guardada as devidas proporções, as espórtulas permanecem como instrumento de degeneração do homem. Nada obstante, é inegável que se abrindo a moderna caixa de Pandora libertam-se os males que grassam a humanidade, os fantasmas que assombram nossas almas, as doenças, as guerras, os sequestros, os homens bombas que todos os dias enlameiam os noticiários e a política estiolando os mais puros sentimentos dalma. Ainda assim, tocando a vida em frente, com a confiança e a fé na Potestade, em breve porvir, restará de todos os males presentes, apenas o passado delituoso com os acúleos e dor, caminho a evitar e não mais se repetir nas criaturas, atentas as lições do homem de Nazaré para se terem puro os corações.
Há também soltas da caixa de Pandora, as operações da Polícia Federal, cognominadas com sugestivos advérbios, como “Pixuleco”, “Juízo Final”, “Tempestades”, “Lava a Jato”, sem esquecer e a guerra na Síria com seus refugiados, cujo apogeu se dá com a morte do menino Aylan Kurdi morto em uma praia da Turquia, comovendo o mundo para que desperte para a realidade. Com esse sentimento, impõe-se a procura a cada momento, com o olhar além do horizonte, convictos da segurança que oferece o Divino Jardineiro, ao ensinar a ver além do erro, além da dor, além do sonho, pois neste jornadear trilha-se o caminho do programa de vida traçado na pátria espiritual, caminho esse da essência de ser imortal.
Para viver essa realidade será necessária a compreensão de que, cada acontecimento tem por objetivo mostrar o indispensável conhecimento retirando o nó das dúvidas, permitindo a catarse das amarras da ignorância e da insensatez, pois a realidade se encontra além das dificuldades que a teia das incredulidades tece a cada passo. Em verdade, os entraves que se criam são ilusões tentando impedir os viajores de alcançarem o caminho real da existência, dando azo a se olvidar as utopias e razão porque é dever de todos conceder espaço e lugar para a luz que existe dentro de cada criatura, máxime porque, na qualidade de filhos de Deus, suas criaturas são diamantes preciosos que mesmo quando caídos no lodo, podem ser lapidados, trabalhados sob a luz do evangelho redivivo de Jesus, para que a primeira réstia de luz que chegue, possa brilhar, como ensina o espírito benfeitor da Humanidade Joanna de Ângelis.
Os verdadeiros seres que existem, como filhos da Potestade são seres amorosos, sem temor ou dor da vida bela, colorida e consentida, com a filiação paterna da Divindade para viverem na alegria de poder contemplar uma vida digna e cheia de amor. Por isso, apesar dos pesares, o dever de tocar a vida em frente, tornando a melodia de Almir Sater o arrimo existencial. Andemos devagar porque já tivemos pressa ao abrirmos a caixa de Pandora. Levemos no rosto o sorriso porque já choramos demais. Afinal hoje nos sentimos mais fortes, mais felizes, pois somente levamos a certeza de que diante da grandiosidade do Universo do Pai Celestial, muito pouco sabemos.
Nesse sentir, convida a melodia à reflexão para conhecer as manhãs, o sabor das massas e das maçãs, com de muito amor para poder deixar a vida pulsar e, concomitantemente acabar com as guerras, as discórdias, e o mau proceder, libertando o ser imortal das amarras da insensatez para poder ter a paz e para poder sorrir. Oh! Meu Deus. Será necessário que a chuva venha, mansa ou em tempestades saneando a atmosfera e fechando a caixa de Pandora para fazer florir a vida, mantendo a esperança nos corações sedentos de amor.
É preciso dar prosseguimento à vida, tocar em frente a existência, sem olhar para trás, levando nas mãos a tocha olímpica da esperança, ou simplesmente empreender a marcha, ir tocando em frente, como um velho boiadeiro levando a boiada, tocando os dias pela longa estrada da vida, pois será assim que vamos tocando em frente, porque somos uma estrada, ou um livro de vida, onde todo mundo amará um dia contar a sua história. É assim que um dia chega e outro dia vai embora. Cada um de nós compõe a sua história de vida. Cada ser carrega o dom de ser capaz de bem viver e de ser feliz. Toquemos em frente a vida, numa só corrente de amor fraterno, de responsabilidade com a nossa existência que é bela, colorida e consentida, formemos corrente que transforma os hábitos inditosos por ditosos, realizemos mudanças de comportamento para bem viver, no exercício da cidadania e do amor que o Cristo de Deus legou como dádiva de vida e exemplo para se encontrar à direção da felicidade.
Do Amigo Fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -