Imperdível a lição do Divino Pastor das almas aos seus irmãos de caminhada pelo planeta Terra, em provas e expiações, máxime quando concita aos caminheiros a serem perfeitos como o Pai Celestial o é. É de todo evidente e o bom senso assim indica, que nenhuma das criaturas em transição anela pela perfeição absoluta como é o Senhor do Universo, mas a prédica teve e tem outro viés.
Perseguir a perfeição como ícone da vida na estrada percorrida para se atingir os páramos celestiais até encontrar a anelada felicidade, que se sabe não ser desse mundo, é senão um prelúdio do “nirvana” que se deseja, e sem contradita, sob o pálio da inspiradora mensagem do espírito Joanna de Ângelis na exortação que faz aos filhos de Deus, declarando que, são pedras preciosas como o diamante, que mesmo quando caídos no lodo, a primeira réstia de luz que lhe chega, serão capazes de brilhar em todo o seu fulgor.
Com esse díptico é toda a proposta de vida das criaturas simples e ignorantes, sob a dicção das questões 115, 133 e 804 de “O Livro dos Espíritos” a ser perseguida com sofreguidão desde o berço até a eternidade dos tempos, porque inobstante a busca do conhecimento em todas as áreas por onde se percorrerá na estrada de sua elevação espiritual, será sempre consigo mesmo que se encontrão as criaturas ao se olharem no espelho da vida, razão, causa e motivo, de ser imperativo que tenha se registrado no livro da vida, o amor a si e ao próximo, o bem proceder como regra pétrea da existência perfumada, bela, colorida e consentida através da reencarnação.
A busca do homem perfectível passa necessariamente pelo cadinho da parábola do semeador, deixando pegadas luminosas como setas apontando o caminho para aqueles que vêm na retaguarda e da mesma sorte, cumprindo retamente os deveres da vida, com absoluta atenção que se deve ter com os subalternos, os chamados “inferiores”, pois ainda que se viva o homem do mundo, nada impede o proceder virtuoso. Com esse sentido, o autêntico homem de bem pratica a lei de justiça e de amor em sua plenitude, nas pequenas coisas, porque àquele que não for capaz de realizar uma pequena tarefa com amor e alegria de servir, quando se apresentar uma tarefa de real magnitude, será previsível o insucesso.
Sem dúvida, a perfeição perseguida desde o berço e das reencarnações pretéritas até atingir-se a felicidade, única fatalidade que se pode sustentar existir, é o que dispõe o capítulo XVII de o “Evangelho Segundo o Espiritismo”. Em síntese apertada, o autêntico homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade e interroga a consciência sobre seus próprios atos, e se questiona se não violou essa lei.
Está sempre pronto para revisar se fez todo o bem que poderia fazer nos embates do dia a dia e hora a hora, ou se negligenciou alguma ocasião de ser útil, enfim se ninguém tem o que reclamar dele. Ademais, consulta o seu coração para ver e tem a fé raciocinada em Deus e em sua bondade, justiça e sabedoria, com esperança no futuro onde coloca os tesouros de sua vida, consciente de que todas as vicissitudes e todas as dores e decepções são provas, quando não expiações, razão porque as aceita sem reclamar.
Por essa vereda, faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa ou gratidão, além de retribuir o mal com o bem e tomar a defesa do fraco contra o forte, substituindo sempre o seu interesse pessoal a favor da justiça. Evidentemente trata-se de uma criatura boa na excelência da palavra, é humano e benevolente, respeita todas as convicções e não lança anátema àqueles que divergem de suas reflexões. Em todas as circunstâncias a caridade é seu guia, por isso não tem ódio, nem rancor, nem deseja vingança e a exemplo de Jesus, perdoa as ofensas.
Não se olvide também de anotar que se trata de pessoa indulgente com as fraquezas alheias, consciente de que a ninguém será lícito julgar a outrem, para atirar a primeira pedra, pois sabe que ele próprio também necessita de ser perdoado. Mais ainda, não alberga no coração o desejo de procurar em outrem os seus defeitos ou se colocar em evidência diante dos fatos da vida. Certamente o homem de bem usa, mas não abusa dos bens colocado à sua disposição, convicto de que se trata de um depositário das bênçãos da vida e se a ordem social coloca sob sua dependência irmãos de caminhada, os trata com benevolência, seja ele o encarregado da assepsia das salas cirúrgicas dos hospitais, serventuários da justiça ou varredores de rua, todos merecem o seu elevado amor.
É crível não serem essas todas as virtudes, o arsenal de bondade e qualidades que dá ao viajor o caráter de bem viver, mas todo aquele que se esforce em possuí-las, está na estrada da vida que conduz a felicidade. Por essas sólidas razões não poderemos jamais esquecer dos princípios que norteiam a vida em plenitude traçando a estrada da vida conscientes de que os diminutos gestos em favor da moral do Cristo sempre iluminam e oferecem as setas sinalizadoras do bem proceder também nos pequenos gestos de amor, justiça e caridade.
Com essas considerações, colhe-se na redação do Momento Espírita, extraído da Revista Sorria de outubro/novembro 2012, agora sob os sentimentos e a verve do articulista, o seguinte episódio.
“Conta-se que certa feita, uma jovem com sete anos de idade, foi com sua mãe ao mercadinho e enquanto sua mãe fazia as compras, ela escondeu um doce de leite na bolsa, imaginando sua ‘esperteza’ e, com ansiedade, logo na saída do estabelecimento comercial deu-se conta de contar a mamãe a proeza realizada, mostrando o doce e, sentindo-se a garota mais “esperta” do mundo, dizendo com entusiasmo:
Olha mamãe, peguei esse doce sem pagar e ninguém viu! Ansiosa a garota esperava a aprovação da mamãe com um sorriso nos lábios. Entretanto qual não foi a sua surpresa e desencanto, ao receber de retorno um olhar severo de sua progenitora seguido de um forte aperto na mão que a conduziu de retornou ao mercado, e fê-la devolver o que pegara e pedir desculpas. Naquele instante da prática do semeador da esperança, a garota chorou demais, sentindo-se morrer de vergonha, mas servindo-lhe o episódio para lhe ensinar o valor da honestidade”.
Sob esse espeque, há criaturas que se devotam ensinando com o próprio exemplo, as lições da gentileza no trato da hombridade, do valor da palavra empenhada, da honra e da honestidade. Por esse caminho há que se respeitar o seu semelhante, o seu espaço, a sua propriedade. Os bens públicos são do povo e todos devem ser com eles beneficiados. A ninguém será lícito tomar para si o que deve ser bem geral, pois digno é o trabalhador do seu salário. Respeite a servidora doméstica, o carteiro, o lixeiro. São valorosos contribuintes das nossas vidas.
É dever de todos agradecer com palavras e delicados mimos extemporâneos o trabalho diligente dessas mãos abençoadas. A propósito é de bom alvitre cumprimentar as pessoas, sorrir, ceder lugar no coletivo ao idoso, ao portador de necessidades especiais, à grávida, e a quem carregar crianças nos braços. Da mesma forma, no trânsito, aguarde um segundo a mais o pedestre concluir a travessia, antes de arrancar com velocidade. Tenha vivo na memória que as leis são criadas para que, obedecendo-as, vivamos melhor em sociedade. De outro lado, o amor fraterno e a gentileza não estão normatizados, senão como exercício de cidadania, com fulcro nas lições do Divino Jardineiro para se fazer ao próximo tudo o que gostaria que se lhe fizesse.
Ponto finalizando, essa é a estrada da vida que a todos ilumina pelas setas deixadas pelo Divino Pastor, para que brilhe a luz dos viandantes, consoante Mt. 5.16 “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.
Com essas reflexões, enviamos nosso ósculo depositado em seus corações em nome da oblata da fraternidade, com votos de um ótimo fim de semana.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli