O adágio popular concita os viajores do planeta Terra, quando vencidos pelo cansaço da batalha do dia a dia e hora a hora, tendo cumprindo retamente seus deveres na liça do trabalho, a buscarem na casa de morada o repouso necessário para o refazimento das forças dispendidas no combate do dia. Há aqueles que dizem ao chegarem em casa que “soltam os arreios”, sinal de que se deixam levar por um estágio de relaxamento e descontração, prontos para o descanso do bom combate, externando sentimentos do lar, doce lar, como um santuário da vida e da paz.
Conquanto esse sentimento seja autêntico, o lar não é somente um local indispensável ao refazimento das energias dispendidas na luta pelo pão nosso de cada dia e também não é somente o local físico destinado a esse mister. Os lares não são exclusivamente as paredes e edificações de alvenaria destinados a reconfortar o corpo físico, mas o reino das almas, onde o coração reclama a bênção da paz e a alegria de viver, máxime ao se depositar o dúlcido olhar nos filhos, netos, esposa e todos aqueles que caminham na jornada da existência, compondo o clã ou os auxiliares dos trabalhos.
Por essa razão, o lar é um templo em cujo altar vivo o Senhor situa o espírito para o aprendizado na escola humana. É a mais eficiente oficina de trabalho do espírito em busca da sua elevação espiritual. É a escola aonde se aprende a servir com objetivo de bem representar o papel que cabe às criaturas de Deus no mundo. Indispensável semear nesse recanto de paz, recinto abençoado que faz crescer, a bondade e o entendimento entre os filhos da Consciência Cósmica, de tal sorte que nas ensanchas em que não se é compreendido por aqueles que constituem o clã familiar pelos laços da consanguinidade, impõe-se cultivar o auxílio silencioso, em benefício dos que estão em desalinho.
Inegavelmente é em casa, quase sempre, que se aliam os amores mais santos, construindo na ribalta ou no presente, um paraíso dulcificado prendendo-se ao temporário destino na Terra, tanto como as aversões mais profundas em tempestades do sentimento. Nada obstante, sob o véu misericordioso da reencarnação, amigos e adversários no tatame existencial se congregam, disputando o prêmio do aprimoramento espiritual, e, em razão disso, é provável que se padeça no campo familiar os tormentos mais rudes, sem que isso constitua momento de desespero, de desânimo e desconsolo a ponto de permitir o devaneio do altar sagrado.
Quando ilhado pelas incompreensões é o instrumento do perdão que acalma o coração turbulento e nos momentos discórdia, não se permita se instale a depressão ou confies à tristeza destrutiva. Ao contrário, regozija-te com a possibilidade de recapitular pequenas experiências, lutando pela própria regeneração e crescimento espiritual que o ensejo permite para evolução espiritual. Se compulsoriamente afastado daqueles que amas em razão da rebeldia e devaneios dos companheiros de viagens, ampara-os com as vibrações do pensamento amigo, aqueles que visitam a porta larga da vida. Um dia, a luz brilhará sobre a mente crepuscular dos companheiros infelizes, assim como o dia volta a raiar, ao fim de cada noite.
A ninguém será lícito esquecer que o Lar é uma Bênção de Deus na Terra, santuário da existência, impondo o respeito devido de tal sorte que não se pode gritar e nem se revoltar dentro dele, sem atrair para si e para o ambiente sagrado, energias deletérias capazes de obnubilar o ambiente de amor e da paz. Pela mesma razão, não se permita entregar à crueldade ou ao desalento, entre as fronteiras de amor do lar doce lar, porque é sob esse pálio que a casa é o bendito refúgio dos sonhos e estímulo ao trabalho renovador.
É no lar que existe o mais valioso curso de abnegação e fraternidade e, quando se pratica o ensinamento do amor puro, com aqueles que partilham a mesa e se entrelaçam nos tatames da existência, através do calor do mesmo sangue, obviamente se carimba o passaporte para seguir com Jesus, no apostolado do bem à humanidade inteira, luz da vida. Com esses sentimentos, Sua Santidade, o Papa Francisco, externou recentemente seus pensamentos sobre o tema em apreço, em linhas gerais, esclarecendo à saciedade que:
“Não existe família perfeita. Não temos pais perfeitos, não somos perfeitos, não nos casamos com uma pessoa perfeita nem temos filhos perfeitos. Temos queixas uns dos outros. Decepcionamos uns aos outros. Por isso, não há casamento saudável nem família saudável sem o exercício do perdão. O perdão é vital para nossa saúde emocional e sobrevivência espiritual. Sem perdão a família se torna uma arena de conflitos e um reduto de mágoas. Sem perdão a família adoece. O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração.
Quem não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus. A mágoa é um veneno que intoxica e mata. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. É autofagia. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente. É por isso que a família precisa ser lugar de vida e não de morte; território de cura e não de adoecimento; palco de perdão e não de culpa. O perdão traz alegria onde a mágoa produziu tristeza; cura, onde a mágoa causou doença”.
Sob esse díptico, inspirado nos conceitos contidos no livro Esperança e Vida, lição nº 10, página 30, pelo Espírito Néio Lucio com Psicografia de Francisco Cândido Xavier, se arrimam esses pensamentos sobre o santuário da vida, depositando o ósculo da fraternidade em seus corações com a hóstia do amor universal, anelando tenha os amigos de todo o sempre, um final de semana de muita paz em nome do Divino Pastor.
Do amigo de sempre.
- Jaime Facioli -