Lamenta-se que o mundo belo, colorido e consentido onde vivem as criaturas do Senhor da Vida, viandantes em provas e expiações, ainda encontrem rotineiramente situações em que ponha em guarda a segurança física e os bens ofertados por Deus na transitoriedade da existência terrena, constituindo a reserva de segurança, recomendação do bom senso. Sem quantificar a gravidade dos fatos, a verdade é que os assaltos a mão armada, os furtos e roubos, os homicídios a corrupção, a mentira, e os crimes de todo o jaez, associados à violência campeiam na sociedade civil moderna levando o medo e a insegurança a todos os rincões, atemorizando o dia a dia daqueles que procuram o bom caminho no reto cumprimento dos deveres.
Nessas considerações, a desconfiança faz os filhos de Deus se sentirem, não raras vezes infelizes e desesperançados, e se esquecerem da fé que remove montanhas segundo a prédica do Homem de Nazaré, a propósito no leme do barco que levará seus irmãos menores ao porto seguro. Sem contradita, não é novidade a nenhum dos viandantes do planeta Terra a existência de corações bondosos, criaturas prestativas, de moral ilibada, demonstrando que a generosidade cresce banhada pelo sol da caridade em qualquer lugar do planeta, e nesse rincão, “Brasil, Pátria do Evangelho, Coração do Mundo”, sob o auspício da metáfora do saudoso Humberto de Campos.
Sob o pálio dessas reflexões, não será reprochável asseverar que a desconfiança muitas vezes leva as criaturas ao estado de desesperança e desânimo com os rumos da violência e das guerras estampadas nos noticiários que transvestem o mundo belo e colorido, em máculas que parecem não encontrarem lenitivo capaz de restaurar a pureza dos filhos de Deus, na grande viagem que realizam no mundo de provas e expiações, para chancelarem o passaporte para a elevação moral até se alcançar os esplendores celestes.
Oh! Meu Deus. Teus filhos te rogam com sentida emoção, não permitas esquecer que existem corações generosos, bondosos, criaturas prestativas sempre atentas às necessidades do amor, da solidariedade e da fraternidade. Entre essas criaturas, encontram-se as lições memoráveis legadas pela Madre Tereza em Calcutá, DD. Dr. Bezerra de Menezes, Mohandas Karamchand Gandhi, Eurípedes Barsanulfo, Martin Luther King Jr., Francisco Cândido Xavier, Léon Denis, José Raul Teixeira, a freirinha querida Irmã Dulce, o espírito abnegado de Joanna de Ângelis, o tribuno incansável, Divaldo Pereira Franco, entre outros tantos arautos do bem, todos trabalhando nos dois planos da vida pela iluminação e reforma daqueles que necessitam desse amparo.
Em nome desses benfeitores, e outros tantos inominados, não se pode sob pretexto algum erguer muros de arrimo nas almas em evolução, ainda que diante da necessidade da segurança física, se tranque portas, janelas e se instale sistemas de alarme para proteção, jamais se permita fazer o mesmo com as portas dos corações.
No mundo onde a solidão é tão grande, onde as pessoas passam com rapidez sem olhar para o lado, e os vizinhos constroem muros altos, se negando ao bom dia, permitamo-nos o sorriso espontâneo, o gesto gentil em nome da fraternidade universal. É de bom alvitre no relacionamento por onde transitarmos, espalhar pétalas de rosas simbolizadas nas palavras dulcificadas, no sorriso alegre, e no bom dia entusiástico e da mesma sorte, ao entrar no elevador, felicitar as pessoas ensejando-as a oportunidade de vibrarem na sintonia do universo da bem-aventurança. É sintoma de crescimento espiritual manter firme a esperança no caráter dos filhos da Consciência Cósmica, porque Deus não fez “modelitos”, mas filhos destinados aos parámos celestiais, cabendo a cada um dos viajores manterem-se confiantes nos candidatos à felicidade, porque não raras vezes, a surpresa mostra a face da generosidade e do bem viver.
Para ilustrar a dialética e sedimentar o ponto de vista que concita os viajores a não construírem muro para o coração, colhe-se no santuário da vida, uma metáfora de fraternidade, esclarecendo que certa feita, uma família estava se mudando para um bairro, do outro lado da cidade que se dizia perigoso. Os amigos o aconselharam a se ter muito cuidado com a segurança física e material, inspirados no adágio popular de que “o seguro morreu de velho”, motivo porque deveriam trancar as portas, as janelas e os portões, coisas que eles não tinham o hábito de fazer vivendo até então em local pacífico. Afinal, ali eram todos amigos e um cuidava do outro com zelo e amor. Aconteceu que o caminhão de mudança foi à frente e os carregadores receberam instruções de trancar a nova casa após o translado dos móveis, mas apesar da recomendação, envolvidos nos afazeres do transporte acabaram por esquecerem essa recomendação. Quando a família chegou, assustou-se. A porta estava aberta. Entraram cuidadosamente na casa, o pai à frente, em atitude defensiva.
Nada obstante o seu justificado temor, qual não foi a sua surpresa ao constar que alguém havia estado ali, naquele curto período de tempo. Oh! Meu Deus, e agora? Imagine a ousadia, os intrusos além de invadirem o recinto tinham ainda deixado um cartão de visita. Pegou-o com sofreguidão e maior admiração ainda se deu, ao encontrarem sobre o balcão da cozinha, um bule de café recém coado, um bolo de chocolate, um vidro grande de doce e todos os ingredientes para uma refeição de boas-vindas ao bairro.
Bem se vê sob essa retórica, que a humanidade não está perdida e os rumos da felicidade e os caminhos que levam os filhos da Potestade, é da responsabilidade exclusiva e absoluta dos viajantes pelo planeta de provas e expiações, transformando esse orbi em lugar seguro, sem guerras, sem crimes de qualquer natureza, sem cercas ou muro nos corações dos que buscam as bem-aventuranças do sermão do monte. Em toda parte, existe astúcia, violência e os crimes se apresentam vitoriosos. Estes são dias de insensatez e mau uso do livre arbítrio. Certamente, há uma avalanche de loucura ameaçadora. Mas, jamais houve tanto amor e tanta bondade na Terra. Inumeráveis filhos da Potestade, praticam a caridade, acreditam e trabalham pelo seu próximo, promovendo a era da felicidade. É dever dos que anelam terem puros os corações, unirem-se a esses heróis anônimos do bem, protegendo o homem e os ajudando a serem livres e ditosos.
É bem por isso, que a ninguém será lícito acreditar com exclusividade na violência que se vê nos noticiários estampando os horrores da guerra, produzindo diariamente incontáveis vítimas a se refugiarem em busca de paz, por conta dos desalinhos e da insensatez que grassa na alma dos seus conterrâneos.
Para derrubar os muros do coração, o lenitivo é indagar dos vizinhos nas oportunidades que a vida social oferece, como eles estão? Diga, é bom tê-los como vizinhos, se precisarem de qualquer coisa, não se acanhe, disponham. Usemos a palavra muito obrigado aos serventuários da justiça, aos enfermeiros, aos médicos, aos trabalhadores da saúde, aos caixas de supermercados, funcionários dos pedágios, irmãos que ficam longas horas em trabalho mecânico e exaustivo, quase sempre recebendo somente reclamações.
Afinal, nenhuma das atividades está robotizada e nem os irmãos de caminhada são máquinas eletrônicas. Todos sem distinção são criaturas que amam, têm família, sentimentos e apreciam um agradecimento, um sorriso. Com o passar do tempo, como diz o axioma que “O hábito do uso do cachimbo faz a boca ficar torta”, sem se aperceber se estará distendendo o amor em plenitude e se terá construída a solidariedade, amando ao próximo como a si mesmo, na recomendação do divino modelo e guia da humanidade, o Pastor de todas as almas.
Com esses sentimentos d’alma, segue o nosso ósculo depositado em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos um final de semana de muita paz em nome do Divino Pastor.
Do amigo Fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -