A verdade é que apesar de parecer insólito, pesa o fato de ser constrangedor o comportamento do ser humano no dia a dia de provas e experiências que a vida oferece aos que transitam por esse mundo de provas e expiações. Há pressa em tudo que se faz. As criaturas são incapazes de oferecer um bom dia, boa tarde, em cumprimento social com a calma que acalenta os corações dos justos. A azáfama parece ser a dona das vidas dos caminheiros em trânsito no planeta Terra, porque os viandantes estão sempre “correndo” para lugar nenhum. É um péssimo hábito não se ter hora para nada, razão porque o adágio popular assevera que o “tempo passa depressa demais” e quando menos se percebe, lá se foram incontáveis anos da existência.
Esse proceder causa arrependimento por não se ter realizado alguns sonhos e agora se julga ser tarde demais para iniciar um novo projeto de vida, pretexto que dá origem a um complexo de culpa estiolando o espírito imortal. Oh! Meu Deus. Não importa a hora. Qualquer hora é hora de mudar, de recomeçar, é hora para se meditar sobre os propósitos da existência, não importando quantos degraus sejam necessários vencer para se estabelecer novas e judiciosas maneiras de enfrentar o bom combate, no dizer do Apóstolo Paulo aos Coríntios. Serão sempre novos rumos na caminhada da existência. Sem dúvida o caminho tem que ser percorrido pelos interessados e ninguém poderá substituir os candidatos à felicidade.
Nesse sentir, as pedras ou flores que surgirem pelas veredas da existência, serão consequências das ações praticadas pelos seus autores e a cada um dos viandantes será oferecida a liberdade de escolha para adentrar pela porta larga ou estreita, exercitando a opção pelo instrumento do livre arbítrio. É certo que as criaturas dizem em alto e bom som, “Eu desejo isso ou aquilo de livre e espontânea vontade”, e dependendo da escolha, inadvertidamente se pode desfrutar de uma falsa felicidade com momentos de intensa alegria. Da mesma forma se pode ver a vida pautada nos sonhos sem esforço do trabalho, com uma falsa sensação de se sentir realizado nos compromissos assumidos na ribalta da vida. Isso é verdade, pois ninguém ainda está perfeito, mas estão todos engajados nos projetos da perfectibilidade, razão porque a correção de qualquer imperfeição pode e dever ser realizada em caráter de urgência e com boa vontade.
No trajeto da autocorreção, há centenas de oportunidades para realizar o projeto de bem viver, trabalhando ao lado daqueles que lutam por um mundo melhor, com justiça, amor e caridade, lei pétrea que o Homem de Nazaré trouxe a humanidade objetivando separar as pedras do caminho que ali estão como professores cobrando o bom comportamento. Por isso, o relógio de nossas vidas deve ter o compasso de nosso coração, de nossos sentimentos, de nossa fraternidade, da afabilidade. Não que o trabalho do dia a dia e da hora a hora não mereça nossa consideração e absoluta atenção. Sim. Merece. O trabalho é uma das leis naturais da vida. Pelo trabalho o homem supre-se do necessário e desenvolve o intelecto cumprindo destarte uma das dez leis de Deus.
O que se cogita é a forma com que devemos proceder nas relações humanas. O tempo é o mesmo. Ao telefone, vamos depressa despejando os assuntos no nosso ouvinte e via de regra o tom da voz endurece os corações tornando difícil o diálogo. É lugar comum, as pessoas atenderem um telefonema sem as premissas da cortesia e do trato social, despejando o assunto de uma só vez. É dever daqueles que estão no outro lado da linha, com calma, possuidor das experiências da vida, convivendo em sociedade, de forma fraterna, interromper o diálogo e dizer ao interlocutor em tom fraterno o seguinte:
Querida, (o) por favor, qual o seu nome? De posse dessa identificação, trata-la pelo nome dizendo-lhe, primeiro lugar, desejo um bom dia e uma semana de muita paz. Não se esqueça, os problemas vão existir sempre, pois faz parte da cesta básica da vida, mas desejo que você tenha uma semana repleta da paz de Jesus. A partir desse momento o diálogo passará a ter o caráter saudável das relações humanas. Por isso será possível cogitar, o susto que o interlocutor terá nessa situação e será possível que ele interrompa o diálogo atônito, retome o fôlego e diga com a voz suave, obrigado, que Deus o abençoe também. Essa postura leva apenas segundos, contados no relógio da vida. Ao depois, tratamos dos negócios e tudo fluirá com suavidade que marca aqueles que estão atentos as lições de Jesus para terem puro os corações.
No relógio do coração pode-se anotar a inesquecível mensagem do Divino Pastor das almas, quando cumprimentava os irmãos menores, dizendo eu vos dou a minha paz e quando as deixava despedia-se dizendo eu vos deixo a minha paz. A paz de Jesus não é fácil de obter. Não se compra em shopping, não se negocia e não se troca. É conquista. É trabalho árduo. É o despertar do espírito.
Por essa razão, há que se reconsiderar sempre as posturas inadequadas do dia a dia e sem sentir-se humilhado mudar a conduta quando imprópria. Somente quem admite os enganos, descuidos ou erros será capaz de começar a crescer a partir desse ponto de mutação. Existe grandeza moral em quem, ao identificar o próprio erro, procura corrigi-lo. Não mantenhas posições adotadas por mera teimosia. Quando inspirados pelo bom-senso, aceita, sim, argumentos que contrariem os teus. Não há ninguém que esteja com a razão absoluta em coisa alguma. Por esses motivos, quando o relógio do coração toca, tudo tem o seu tempo e há tempo para todo o propósito. Abaixo do céu há tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de chorar e de rir.
Podemos nos abraçar, amar, aborrecermo-nos. Tempo para chorar, amar, tempos de guerras e de paz. O tempo no relógio do coração conta-se de forma diferente. Há semanas que duram anos, como há anos que não contaram e não dura um dia. Há paixões que foram eternas, como há amigos que passaram céleres apesar do calendário nos mostrar que ficaram por anos. Há eventos que marcam e que duram para sempre. O nascimento do filho, do neto, a morte da avó, a viagem inesquecível, o êxtase do sonho realizado. Estes têm a duração que ensina o significado da palavra “ETERNIDADE”.
Existem viagens que se faz para a mesma cidade uma centena de vezes, e na maioria das vezes o tempo transcorrido é o mesmo. Todavia, conforme o espírito do viajante, há ocasiões que a viagem não tem fim, como também há percursos que nem se lembra o viajante de ter feito, tão feliz que se encontrava na ocasião. Nos registros do coração, o relógio mostrará os sentimentos mais puros d’almas. Falará das paixões, dos amores, das alegrias e das tristezas e sobretudo falará do Senhor da Vida e dirá que Ele nos ama e nos oferece o que há de melhor enquanto aguarda o nosso despertar como espírito para alcançar os páramos celestiais. Ele estará sempre conosco. Ele não nos abandonará jamais e tudo o que desejarmos, nos o teremos, basta decodificar as lições do Celeste amigo. Pedi e Obterei, Batei e a Porta se Vos Abrirá. Sentindo as anotações dos corações que bate no compasso da vida se vê que a existência é bela, colorida e consentida.
Com esse registro do tempo, segue nosso ósculo depositado em seus corações, com a oblata da fraternidade em nome do Divino Galileu, com votos de um ótimo final de semana.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli