29.01.2016 - O VERDADEIRO AMOR
Uma das questões que a humanidade ainda se debate com sofreguidão é sobre o tema do amor. Os enamorados movem o céu e a terra para decantar em prosas e versos o amor pela mulher amada ou vice-versa. Chega mesmo ser hilário um casal olhando a lua quando essa se deixa encobrir pelas nuvens no prelúdio de uma tempestade.
Diz o apaixonado quando a amada lhe pergunta porque a lua está encoberta pelas nuvens: ‘Oh! Querida, a lua escondeu-se de vergonha de tua beleza. Que romântico, amigos. Que poeta somos nessas circunstâncias em que não sabemos definir o verdadeiro sentido do amor. Alguns mais afoitos, ególatras por escolha chegam aos crimes passionais. Justificam-se dizendo: ‘Ela (Ele) não pode ser minha, não será de mais ninguém, pois a amo profundamente’. Quanto egoísmo. Os suicidas em potencial dirão, plagiando o inesquecível William Shakespeare na peça de teatro em comovente drama do Amor de Romeu e Julieta, ‘sem você para nos amarmos prefiro a morte.’
A verdade é que o casal de outrora, quando se passam seis a oito anos de conúbio, se não aprenderem a Lei de Amor, encontrar-se-ão no mesmo sítio dos acontecimentos transatos e ela dirá toda cerimoniosa. ‘Querido. Viste que a luz da lua se esconde por trás das nuvens que nos envolve nessa noite quente de verão?’. E ele responderá exasperado: ‘ Então! Não vês que vai chover sua burra. ‘
Com as escusas pela hilaridade, pesa o fato que indistintamente se padece de uma melhor exegese quanto à verdadeira Lei de Amor, legado do Divino Rabi da Galileia. Por isso, enquanto se associa e atribui o caráter e expressão do amor como posse, proclamando eu te amo, e não se liberta as algemas da posse, ao pensar egoisticamente na posse se continuará a declarar à saciedade: É meu filho, minha mulher, meu automóvel, minha casa e pelo pronome possessivo se vai ao infinito, quando não se confunde o sexo com a sublimidade do amor, o que certamente é o ovídeo do verdadeiro sentido do amor, do verbo SER, em lugar do verbo TER.
A Lei de amor proposta pelo Celeste Amigo, tem o objetivo da catarse emocional, desalgemar os que estão entibiados pelo orgulho, os possessivos, os que praticam a ‘Lei de Gerson’, mesmo que isso leve ao enfraquecimento o seu próximo, In Veritas, o Amor por Excelência proposto pelo Divino Jardineiro, liberta as amarras do egoísmo, entrega-se na docilidade da compreensão do próximo, à prática da caridade, da mansuetude do perdão e do auto perdão.
Sem contradita que o tema sobre o amor na pena e na linguagem dos poetas, permitirá dilatar o pensamento ao infinito sem que consiga imaginar a vã filosofia, mas em verdade o que leva os profitentes a bem refletir sobre os conceitos iluminativos proporcionados pelo o Homem de Nazaré, na resposta aos eruditos religiosos da sua época, quando lhe questionaram em paráfrases semelhantes dizendo:
Oh! Mestre. Sabemos que vem da parte de Deus. Qual a maior Lei que existe?
Sob o crivo da linguagem dos dias atuais: Não existe uma só lei que pudesse explicar todos os códigos que serpenteiam pela legislação vigente, entre o direito objetivo e os pergaminhos adjetivos, como tais, o C. Civil; o CPC; CPB; CPP; Tributário; a CLT; a Constituição Federal, essa que somente no artigo 5º estabelece mais de 200 itens, subitens e parágrafos. Com efeito, como seria saudável que, em apenas um artigo pudéssemos encontrar o caminho do bem viver, aplicando a regra do amor universal legado de Cristo de Deus. Por essa razão ele respondeu aos sábios da época. Sim. Existe. O primeiro e o maior mandamento é Amarás ao teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma e de todo o teu espírito, e, o segundo é semelhante a esse, Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. E completou dizendo: Aí está toda a Lei e Os Profetas.
Com essas considerações, há a convicção de que um bom exemplo, tal como Ele nos deixou ao padecer na Cruz Infame, pode oferecer os ditames da resignação na dor e no sofrimento, tanto como no exercício do Perdão e nos sermões da bem-aventurança, nos sermões proféticos, nos do cenáculo ou nos dos oito ‘Ais’, dando a compreensão da linda história do sobre os ‘Velhinhos’, relatando as ocorrências ao sabor de nossa verve.
Conta-se que um casal enamorado convolando núpcias não foram contemplados com filhos e sem recursos de ordem financeira moravam numa casinha de madeira, levando uma vida tranquila, cada um amando o seu consorte segundo as diretrizes de seus corações.
Um belo dia, depois de muitos anos do casamento, quando a esposa cuidava dos afazeres domésticos, como sói acontecer às donas de casa, no exercício de suas múltiplas tarefas, não se sabe como, começou a pegar fogo na cozinha e as chamas logo ganharam fórum de intimidade com a madeira de que era construída a sua casinha pondo tudo a perder, com as labaredas provocando em seu corpo queimaduras de primeiro grau, máxime em seu rosto.
O marido acorda assustado com os gritos da mulher amada e vai à sua procura, quando a vê coberta pelas labaredas cruéis e vai auxiliá-la a se desvencilhar do acidente, acabando por ser também envolvido pelo fogaréu impiedoso que lhe resultou em queimaduras pelos braços e generalizadas pelo corpo até que conseguiu domar o Hefesto, uma das dozes divindades gregas do Olimpo, conhecido como Deus do Fogo, e das erupções vulcânicas.
Quando a equipe especializada dos bombeiros chegou não havia muito o que fazer. A casa havia sido consumida literalmente inteira. Apenas uma pequena parte da casa livrou-se da fúria das chamas. Socorrido o casal, conduzidos ao nosocômio mais próximo, foram internados em estado grave. Decorrido algum tempo, o marido recebe alta do hospital, mas a esposa permanece na UTI, inspirando cuidados extremos diante da gravidade das lesões.
Assim que possível, diante da melhora da mulher amada, ainda no leito da dor, foi ter com ela que se encontrava deformada fisicamente e em estado de depressão profunda, não desejando mais viver em razão das lesões graves que a deixaram deformada, principalmente em seu rosto outrora tão belo e radioso, agora ceifado pelo fogo cruel.
Mas o marido, que ouvira suas reclamações, em nome do autêntico amor sem fronteira, foi chegando perto de sua enamorada e dizendo em alto e bom som: Que tudo estava bem com ela e que com ele, preservada a suas vidas, perdera somente a faculdade da visão, ficará cego em razão das chamas que castigaram implacavelmente os seus olhos, cegando-o para sempre, mas que isso, não o impossibilitará de ver a sua beleza, já que a tinha gravada em seu coração para sempre. Então triste a companheira leal disse consigo mesma: Deus vendo tudo o que aconteceu a meu marido, tirou-lhe as vistas para que não presencie esta deformação que ora experimento, transformando o meu corpo em um monturo.
Recuperadas, as vítimas voltaram para casa onde ela tudo fazia para o seu querido esposo, e ele todos os dias dizia-lhe com sentida emoção, como eu te amo. A prorrogação da promissória ou sobre vida durou mais quatro lustros, predominando entre o casal, a mais pura expressão do amor, como ensinou o Divino Jardineiro.
Quando a senhora veio a fazer a grande viagem, no dia do sepultamento, no momento em que todos se despediam do corpo que servira a missão proposta de vida, o marido de óculos escuros e com a bengala nas mãos aproxima-se do caixão, deposita o seu ósculo em sua face, acaricia o rosto deformado pelas chamas do passado e lhe diz em tom apaixonado, trazendo do imo de sua alma, o seu sentimento mais puro do amor ao lhe declarar;’ Como você é linda meu amor. Eu te amo muito.’
A cena inusitada presenciada por um amigo que se encontrava ao lado do casal, que bem os conhecia, levou-o a questionar o ancião se havia acontecido um milagre com ele, pois o sabia cego, como poderia ele ver e acariciar o corpo inerte da ‘de cujus’ e aproximar-se do caixão, sem nenhum atropelo. Olhando bem nos olhos do interlocutor o velhinho lhe disse:
‘Nunca estive cego, apenas fingia, pois quando a vi toda queimada sabia que seria muito duro para que minha amada continuasse a viver sem o estímulo da beleza’.
Oh! Meu Deus. É o que propôs Jesus no Sermão do Monte: ‘Bem aventurados os que têm puro o coração’, mediante a praticar um gesto de desprendimento desse jaez, equivale dizer, viver 20 anos apaixonado, pensando no seu próximo, certamente capacita fechar os olhos em nome do amor, para as pequenas desavenças que acontecem no lar diuturnamente, as implicações que a vida impõe aos viajores nas provas em casa, no escritório, nos fóruns da vida, nas fábricas, por onde quer que se moureje, há capacidade nas criaturas de num gesto de verdadeiro amor, ao fechar os olhos às imperfeições alheias, e vigiar de perto as incúrias vivendo e compreendendo a verdadeira Lei de Amor.
De fato, na vida não há necessidade de provar a ninguém que se ama, mas constitui dever de fraternidade, deixar que floresça no jardim de nossas existências as boas obras, pelas experiências da dor e do amor, como o lírio da paz é capaz de fechar os olhos para as cizânias da existência conduzindo os viajores à fonte inesgotável do amor.
Com essas reflexões, recebam os amigos nosso ósculo depositado em seus corações, em nome da oblata da fraternidade, com votos de um final de semana de muita paz, em nome do Celeste Amigo, para que o nosso ano de trabalho e de amor efetivamente comece em nossas vidas.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli