Incontáveis narrativas e muita tinta utilizaram as expertises para descreverem a jornada das criaturas de Deus em suas caminhadas pelos tatames das provas e expiações, passando antes, como é natural, pelos mundos primários, e, presentemente vivendo o estertorar do mundo de provas e expiações, enternecendo os corações amorosos, pela primavera de viverem as alegrias do mundo de regeneração, colação grau que alforria os candidatos a felicidade a essa apoteose.
Nesse caso, vênia concessa aos que divergem, a verdade é que um dos maiores anseios dos seres humanos, quando o espírito desperta para a realidade, é seguir as pegadas de Jesus, máxime porque, tendo percorrido veredas, alamedas, caminhos e estradas, conquistando vitórias e experimentando derrotas nas diversas atividades exercidas nas provas e expiações, sejam sentimentais, intelectuais ou nos recursos hauridos pelo nobre esforço do trabalho, a vida como se conhece passa a ter outro significado e valoração para aqueles cujos cabelos começam a ficar enluarados pelas experiências transatas.
É no anoitecer da existência que as criaturas avaliam melhor as dádivas recebidas do Soberano Senhor da Vida; com essa ponderação, vê a família não como um escolho, mas como uma benção do Pai Celestial; os filhos passam a ser tratados com amor fraterno, porque compreende-se que são criaturas que Deus confiou aos bons ofícios dos tutelados. Da mesma sorte, os amigos adquirem um significado especial na jornada do despertar do espírito, porquanto são pessoas a quem se aprende a admirar, se sente confortável em saber que a "qualquer momento ou necessidade" pode-se contar com eles para o que der e vier.
Por essa razão, em nome da fraternidade universal se cultiva no jardim da existência, os amigos como companheiros de viagem na estrada da vida, porque o ser humano em evolução se conhece pelos amigos que se consegue angariar no jornadear do progresso, em detrimento aos inimigos do passado. Nas experiências adquiridas na estrada da vida até ao anoitecer de cada existência, melhor se compreende as memoráveis lições de vida ofertadas pelo Divino Rabi da Galileia.
Assim, o instrumento do perdão, começa a fazer sentido no dia a dia e hora a hora. O amor em plenitude, como Ele fez ao amar incondicionalmente, ensinou que o verbo amar significa libertar e não algemar. Quem ama compreende e não aprisiona. Virtudes como a tolerância, a paciência, a indulgência e o respeito ao que pertence a outrem passam a fazer parte do protocolo de vida. A alma sedenta de amor pacifica-se quando ao final de um dia bem trabalhado, enfrentando o bom combate com dignidade, ao anoitecer a consciência aplaude os atos vividos e praticados em nome da excelência do amor fraterno.
Com essa retórica, anote-se, pelo exercício do livre arbítrio, a existência de pessoas sem exceção, que caminham pela vida como se fosse um viajante que percorre uma estrada, sem observar que pelo mesmo logradouro existem os que passam pouco tempo caminhando e os que ficam por longos anos sem despertar o espírito para a vida, bela, colorida e consentida.
Pela escolha, os entusiasmados pela natureza veem margens floridas e os pessimistas enxergam paisagens desertas e assim incontáveis criaturas pisam em grama macia, enquanto outros ferem os pés em abrolhos. Ora, é crível que se pode viajar em companhia amiga, pessoas que riem e estão sempre alegres sentindo o coração pulsar pela vida, enquanto outros ainda estertoram nos caminhos com irmãos desalinhados, indiferente, egoísta e de mau procedimento.
É certo que muitos optam por caminharem solitários, enquanto outros dão os braços e percorrem as estradas em grupos, uns auxiliando aos outros, tornando a jornada mais agradável, e, nestes grupos, viajam pai, mãe, irmãos e os que têm por companhia marido ou esposa, filhos, sobrinhos, primos, tios ou apenas amigos de última hora, mas todos, absolutamente todos caminham com os olhos cheios de lágrimas de alegria, sorridentes por seguirem a recomendação do Divino Jardineiro, fazendo ao próximo tudo aquilo que gostaria que lhe fizessem.
Sob o pálio dessa moral, é justo dizer que na estrada da vida, não se conhece viajor que a percorresse sem derramar uma lágrima de tristeza ou alegria; assim, por essa mesma trilha muitos caminham com seus próprios pés, e, outros tantos são carregados por parentes, amigos, familiares e até mesmo pelos fâmulos.
Cabe também registrar que nas estradas da vida, muitos vão em carros de luxo, outros em veículos bem simples, enquanto outros viajam de bicicleta ou a pé, sem distinção de ser gente branca, negra, amarela, rico ou pobre, diante do objetivo comum; todos devem olhar a estrada com simplicidade e constatar que não existe distinção ou privilégio, porque todos são iguais e a última viagem terá o mesmo destino: o sepulcro para iniciar a nova jornada na luz da evolução.
Oh! Meu Deus.
É lamentável que apesar de todas as criaturas estarem convictas de que a última jornada será o sepulcro que abre as portas da nova oportunidade de crescimento, nessa mesma estrada da vida em provas e expiações, ainda há viajores de todo jaez. Há gente magra e gente gorda. Os magros podem ser assim por elegância e dieta ou porque não têm o que comer. Alguns trazem bolsas cheias de comida. Outros levam pedacinhos de pão amanhecido. Muitos gostam de repartir o que têm. Outros dão apenas o que lhes sobra e muita gente andando pela mesma senda nem olha para os viajantes famintos. Há pessoas que percorrem a estrada vestidas de seda e cobertas de joias. Outros vestem farrapos e seguem descalços. Há crianças, velhos, jovens e casais, mas quase todos olham para lugares diferentes. Uns andam cabisbaixos e outros contemplam as estrelas.
Há também os que apreciam espreitar os vizinhos para as costumeiras intrigas. Oh! Que benção. Quantos nessa jornada são sonhadores, e se dedicam a dar água e pão, abrigo e remédio aos entibiados, na prática da mais pura virtude da caridade. Não se pode esquecer das pessoas cultas na estrada como também gente muito tola. Alguns sabem dizer coisas difíceis e outros nem sabem falar direito. Os eruditos não gostam muito da companhia dos analfabetos. O que é certo é que a maioria dos viajores em provas na estrada da vida reconhece a benção da lição para o aprimoramento ético moral elevando o espírito às cumeadas das bem-aventuranças.
Em verdade, olvidam que a longa estrada da vida terá fim e quando chegar ao final, se carregará apenas a experiência aprendida durante o tempo de passagem porque todas as outras pessoas que vimos no caminho foram espelhos da realidade que muito contribuiu para a elevação espiritual dos transeuntes. Por essa razão, dir-se-á, a estrada da existência pode ser bela, simples, rica, tortuosa. Seja como for, que não se engane a rasa filosofia: A estrada é a escolha de cada criatura.
Pode se tornar o melhor caminho para o aprendizado no amor ou na dor. Deus oferece a estrada como pedagogia de evolução e despertar do espírito, para que nela se encontrem os irmãos de caminhada, cada um deles com uma necessidade específica de evolução, aguardando as mãos generosas da caridade, cumprindo a Lex Major de Jesus, amar ao próximo como a si mesmo.
Com esse sentimento é dever de cada viajante, seguir pela estrada ensolarada, procurar ver as flores que embeleza o altar da natureza e o autografo da Divindade escrito nos céus de estrelas iluminando a escuridão. Valorize os companheiros de jornada, reparta as provisões com quem tem fome, e, sobretudo, não deixe de caminhar feliz, com o coração em festa, agradecido a Deus pela oportunidade de percorrer os caminhos da sabedoria.
Ponto finalizando, recebam nosso ósculo em seus corações, com a oblata da fraternidade universal, com votos de um ótimo final de semana em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -