Uma das questões que tem provocado nas criaturas em trânsito pelo planeta Terra, o desejo de se saber, com incontida ansiedade, é sem contradita a que diz respeito se há vida além da vida, nada obstante as preciosas informações contidas nos livros da lavra de André Luiz - “O nosso lar”, a “Vida Continua” e as Mães de Chico.
Com fulcro no pentateuco espírita, O sexto sentido, entre outros filmes, e incontáveis livros e filmes dessa natureza, tem procurado saciar a sede dos profitentes no assunto em exame. Ipso facto, de priscas eras, as criaturas têm se perguntado o que existe para além do túmulo frio da noite e/ou como será a vida, se é que ela existe mesmo depois desse apagar das luzes. É um tema sobre o qual os religiosos e teólogos têm gasto rios de tintas para esclarecer a questão, conjecturando como é ou como seria a viagem transcendental, senão, em outras palavras, para onde iremos depois do sepulcro.
No século XIX, na França, o emérito pedagogo francês, conhecido por Hippolyte-Léon-Denizard Rivail, teve oportunidade de perguntar aos imortais a respeito dessa preocupação dos profitentes do tema, sobrevindo nesse momento levantar-se o véu dos esclarecimentos, revelando um mundo cheio de vida, em verdade, Vida abundante como arrazoou o Mestre de Nazaré. Dessa forma, livros foram escritos esclarecendo como essa vida prossegue para os espíritos imortais que outros não são, senão as criaturas de Deus, criadas simples e ignorantes, mas com destino aos páramos celestiais. Apesar disso, não se negue que nem todos os viandantes em trânsito pelo planeta Terra, creem nos Espíritos e da mesma sorte, nem todos creem na mediunidade e nos fenômenos da comunicação dos chamados irmãos do outro lado da vida.
Nada obstante esse ignoto procedimento, todos que se dizem cristãos, jamais esqueceram das palavras do Mestre Jesus, em Seu discurso de despedida, naquela fatídica noite de quinta-feira, precedendo a Sua prisão, quando disse em alto e bom som: “Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus. Crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito. Eu vou para vos preparar o lugar.
Cabe nessa oportunidade, como se conta, no conto, em razão da descrença de incontáveis candidatos à felicidade, afirmar que a ninguém será lícito negar a evidência dos pulcros ensinamentos do Divino Jardineiro, incumbindo convenientemente no caso em apreço, a metáfora que sinaliza as palavras grafadas na eternidade dos tempos pelo homem de Nazaré.
Conta-se que no consultório, o paciente muito doente perguntou ao médico: Doutor, o que existe do outro lado da vida? O médico admirado, porque a questão em apreço envolvia uma resposta transcendental, olhou seu paciente nos olhos, repousou a caneta sobre a mesa, cruzou os braços e respondeu calmamente: Eu não sei. O paciente, sem a virtude da paciência, exproba. Como não sabe? – Falou exasperado o interessado. Eu vou morrer, não sei o que existe do outro lado e o senhor me fala com esta tranquilidade?
Foi nesse momento em que, latidos se fizeram ouvir do lado de fora da porta. Logo em seguida, arranhões na madeira. O médico se levantou, foi até a porta e a abriu a porta e um belo mastim saltou feliz nos braços do dono, agitando a cauda e dando manifestações de afeto, mostrando toda a sua alegria. Impulsionado por sentimentos nobres o facultativo olhou para o homem desolado e lhe disse: Você viu o que fez este cão? Ele nunca estivera aqui, antes. No entanto, ele entrou na sala confiante, alegre, tão logo lhe foi aberta a porta. E sabe por quê? Porque ele sabia que nesta sala estava seu dono.
Eu também. Não sei o que existe do outro lado da vida. Mas de uma coisa eu tenho certeza: o meu Senhor estará lá! Então, não há o que temer.
Sob esse arrimo e belíssima translação, não se pode esquecer que é do Divino Galileu, a assertiva de que Ele iria para preparar o lugar, restando certo que as criaturas não estão abandonadas pelo Criador e por Ele são cuidadas nos mínimos detalhes, consoante dispõe a questão 963 de “O Livro dos Espíritos”.
Portanto, tem razão o médico. Se nosso Senhor estará lá, se disse que iria à frente para nos preparar o lugar, é que nos aguarda. Dessa forma, aos descrentes não importa o que mais exista no outro lado da vida. Sob o pálio da retórica em apreço, não há porque temer a morte, máxime porque ela tem utilidade, preservando o homem de situações complicadas, sem expô-lo a perigos que poderiam abreviar sua existência.
O instinto de conservação é o responsável por despertar para a importância da vida, mantendo-se em segurança e aproveitando os instantes da vida na Terra. Sob outra dicção, a questão oferece oportunidade para elevação das criaturas, porque, sendo o homem um ser espiritual, certo é que, se possível fosse, não mergulharia na carne, pois a vida na matéria, embora necessária, limita as atividades do Espírito, prendendo-o aos bem limitados dos sentidos da vida corporal.
Quanto mais as criaturas avançam em intelecto e moral, mais aproxima-se do Criador, de modo que sua visão se amplia e a morte vai perdendo a força, pois o homem passa a compreender que o nada não existe, e constata que ao deixar o corpo a sua essência continua bem viva. O viajor, em prova, ou expiação, vislumbra o futuro, consciente de que o porvir dependerá de suas ações no presente, por isso trata de trabalhar com afinco hoje, conquistando o equilíbrio que lhe proporcionará condições de encarar os desafios para seu crescimento, consciente de que inexiste problemas insolúveis.
Assevera o espiritismo que os laços de amor não se extinguem com a morte do corpo físico. O sentimento tem sede no Espírito imortal e não no corpo perecível, razão porque o Espírito tem vida independente da matéria, e os sentimentos também possuem essa independência. O temor da morte, se apaga diante da luz dos conhecimentos. Quanto mais o Espírito cresce em informação das leis da vida, mais ele afasta de si o cálice amargo da morte.
Com a conquista da maturidade espiritual, a morte já não tem um caráter fúnebre, de perda da identidade, mas, sim, de transformação, de retorno ao mundo espiritual que precede o mundo físico, e as lágrimas de revolta cedem lugar ao até breve repleto de esperança no futuro de bênçãos que aguardam aqueles que já romperam com as incredulidades.
Ponto finalizando, não é imprescindível que se tenha ideias mais nítidas ou não do que exista para além da vida física. Uma certeza se tem: Jesus estará lá. Ele nos aguarda, Pastor de todas as ovelhas deste planeta, como bom Pastor, receberá seus irmãos menores sob os ditames dos versículos 1 a 3 do capítulo XVI do Evangelho de João.
Com esses sentimentos d’alma, segue o nosso ósculo depositado em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos de todo o sempre, um final de semana de muita paz em nome do Divino Jardineiro.
Do amigo Fraterno de sempre.
Jaime Facioli