É dos costumes, os habitantes desse planeta, alhures e algures, desejarem estar a sós, e alguns em certas circunstâncias, nas provas ou nos gravames da existência, procurarem em fuga realizar uma viagem somente de ida, de trem, de automóvel ou qualquer meio que seja, deixando para trás todos os desaires, problemas e dificuldades a serem enfrentados no bom combate. De nada se aproveita esse procedimento reprochável, porquanto a lição mal feita, necessita ser refeita até alçançar o laureu da aprovação, certamente sob o comando da Lei de Progresso.
Sob a mesma retórica, a ninguém será lícito enganar-se quanto à natureza das criaturas, porquanto os seres humanos são indivíduos eminetemente gregários, trazendo na sua gênese a necessidade de agrupar-se para se desenvolverem sob os ditames da lei de progresso. Em verdade, é o que se anota para a troca de informações e experiências que os levem a avançar, na única fatalidade que o bom senso admite, para alcançar o destino glorioso dos explendores celestes.
Sob essa dicção, admite-se como válido para argumentar, ser de bom alvitre a interiorização dos sentimentos, para a devida reflexão, pondo-se em solilóquio com o Senhor da Vida, em comunhão íntima com o Pai Celestial, ou seus mensageiros, para sentir o pulsar da vida que estua no universo íntimo de cada filho de Deus.
Todavia, anote-se que não será justo fazer dessa relação de amor com a Divindade, caminho para a solidão, tornando-se uma pessoa solitária, que em nada colabora para o progresso da sociedade civil organizada, ao livrar-se das necessidades de crescimento, imaginando tornar-se sábio por viver como um misântropo, em solidão de eremita, máxime porque nos propósitos do solitário há mais de egoísmo do que de sapiência, uma vez que nada ensina do que sabe e nada transmite a outrem, como da mesma sorte, não amplia com seus semelhantes os seus conhecimentos.
Nesse díptico, fala muito ao coração dos filhos da Consciência Cósmica a solidariedade, levando os viajores que buscam a felicidade a se perguntarem qual a finalidade dos filhos da Providência Divina nessa Terra. Que se sintam saciados os profitentes com a solidariedade, porque é nela que o homem apreende e transmite os conhecimentos, indistintamente uns para os outros, ensejando finalidade as existências de provas e expiações, segundo a luz do pentateuco, na promessa do Homem de Nazaré, entre outras questões, palmilhando seu caminho para a bem aventurança. Nas provas, obviamente é saber se se está apto a passar para o ano seguinte na universidade da Vida, mediante a virtude da solidariedade, prova de amor e crescimento para o encontro com a felicidade.
Notório é o caso do Emérito Dr. Adolfo Bezzera de Menezes. Chegando aos explendores celestes, nessa sua útima desencarnação, ao ser recebido por Celina, mensageira de Maria Santíssima, mãe de Jesus, trazendo nas mãos abençoadas uma carta de alforria, concedendo ao arauto do bem, passagem livre para o plano superior, declara o preclaro Dr. Bezerra de Menezes, que desejava antes de tudo, fazer um requerimento aos espíritos superiores. Deferido o seu pleito, pede ele aos venerandos espíritos, que lhe concedam a oportunidade de abdicar daquela láurea, para continuar trabalhando nesse mundo de provas e expiações, ainda que fosse no plano extra-corpório, até que fosse elevado aos píncaros celestes o último dos irmão em provas, aliviando seus sofrimentos.
Atendido o seu pulcro pedido, até os dias de hoje ele é o auxiliar direto de Jesus de Nazaré nesse orbi. Em outras palavras: Passou nas provas e bem conhece a virtude da solidariedade. Francisco Cândido Xavier, Euripes Barsanulfo, Mohandas Karamchand Gandhi, Irmã Dulce, Santa Madre Tereza, Joanna de Ângelis e tantos outros pelos exemplos traçados na luz do Divino Jardineiro, tem a mesma saga de solidariedade e de progresso, sinalizando a meta para chegar aos altiplanos celestiais.
Contemplar o mundo, as estrelas, o mar, o riacho que corre e os pássaros que cantam, vivendo em admiração à obra do criador, sem objetivo nobre, fere a regra da solidariedade que deve nortear o ser humano em busca da felicidade; para a grande jornada da vida, a solidariedade é fator indispensável para o êxito na caminhada existencial autorizando a graduação nas provas da universidade que se frequenta.
Não por outra razão, o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail na questão número 767 de “O Livro dos Espíritos”, atendendo ao comando do capítulo VII, em a Lei da Sociedade questiona o augusto espírito da verdade. – O isolamento absoluto é contrário a lei natural? A resposta é taxativa ao afirmar que: “Sim, visto que os homens procuram a sociedade por instinto, e que deve concorrer para o progresso, ajudando-se mutuamente.”
Crível, portanto que a jornada em busca da elevação espiritual, necessita para passar nas provas da universidade da vida, o uso constante da solidariedade, caminhando juntos, lado a lado com o irmão, até se alcançar os esplendores celestes. A propósito, para bem sedimentar as ideias sobre a solidariedade e as provas da vida, não se olvide da comovente história a respeito do tema em apreço.
Certa vez um homem, acompanhado de seu cavalo e seu cão, transitavam febrilmente por uma estrada difícil e sem qualquer abrigo ou recursos. Ao passarem por uma enorme árvore, as leis da natureza em plena atividade atiraram um raio que fulminou os três viandantes. Interessante, na vida prática, muitas pessoas que desencarnam não se dão conta de que estão no mundo extracorpóreo e continuam a proceder como se estivesse no mesmo plano físico, não tomando conhecimento de sua nova condição existencial.
Foi o caso dos personagens em apreço. O homem não se deu conta de que já tinha abandonado este mundo, e prosseguiu o seu caminho com os seus dois queridos animais. Tratava-se de uma vereda extensa, colina acima, sob um Sol castigante, deixando-os em plena sudorese e imensamente sedentos por um pouco d’água.
Foi nesse instante que numa curva da estrada viram um magnífico portal que mais parecia um oásis, conduzindo a uma praça inteiramente pavimentada com portais refletindo a ouro puro. Os animais seguindo o viandante dirigiram-se ao guarda da entrada e teve com ele um dálogo interessante: Bom dia. Bom dia. Respondeu solícito o guardião. Como se chama este lugar tão bonito? - Aqui é o Céu – respondeu o alfitrião.
Exclamou então o viajor em seu nome e de seus companheiros: Oh! Que bom termos chegado ao Céu, porque estamos sedentos. O Guardião do portão disse-lhe então: Você pode entrar e saciar a sua sede, apontando-lhe a belíssima fonte que jorrava água cristalina. Contudo, avisou-o de que seu cavalo e o seu cão não podem entrar, pois não permitimos a entrada de animais.
O viajor tomado de espanto e contristado, diante da sede que lhe consumia, e, apesar de entristecido, não pensava em beber sozinho. Agradeceu ao guardião do portal e seguiu adiante. Caminhando desolado e a sede aumentando; enquanto subia a encosta, exaustos os três, chegaram a um outro sítio, cuja entrada estava assinalada por uma porta velha que dava para um caminho de terra ladeado por árvores.
À sombra de uma das árvores estava deitado um homem, com a cabeça tapada por um chapéu, provavelmente entregue ao Deus Morfeu, dormia. A cena então se repetiu. Bom dia – disse o caminhante. O homem respondeu com um aceno meneando a cabeça. Temos muita sede, o meu cavalo, o meu cão e eu, ao que respondeu o ancião: - Há uma fonte no meio daquelas rochas – disse o homem monstrando-lhe o lugar; podeis beber toda a água que quiserdes, sem nenhuma restrição aos animais. O homem, o cavalo e o cão foram até a fonte e mataram a sua sede.
O viajor, saciada a sua sede e de seus amigos, voltou para agradecer ao bondoso senhor a indicação e o carinho recebido. Esse lhe respondeu que voltasse sempre que tivesse sede o necessitasse daquele logradouro. Admirado com a gentileza e atenção que recebera, o viajante perguntou: A propósito, como se chama este lugar? – O nobre senhor lhe respondeu serenamente: aqui é o CÉU. Estupefado exclama o viajante: O Céu? Mas, o guardião do portão de mármore alguns kilômetros abaixo disse-me que ali é que era o Céu! O guardião do portal do céu respondeu:
Ali não é o Céu, é o inferno. O caminhante ficou perplexo e disse ao guardião do portal. Mas que absurdo. Deus deveria proibir que utilizem o seu nome em vão, pois aquela informação é falsa e deve provocar grandes confusões aos viajantes. De modo nenhum! – respondeu o guardião – na realidade, fazem-nos um grande favor. Ali ficam todos os que são capazes de abandonar os seus melhores amigos.
Sob esses canônes, a solidariedade é a cláusula pétrea do comportamento que se tem que ter para com o próximo, filho de Deus, que habilita e concede o passaporte para as provas a que se está submetido diariamente. Por essa razão, jamais abandones a virtude da solidariedade, ainda que isso traga inconvenientes, e se os amigos não lhe concedem o seu amor e companhia, ficam em dívida para contigo e não ao contrário. Nunca os abandones. Porque: Fazer um Amigo é uma Graça. Ter um Amigo é um Dom. Conservar um Amigo é uma Virtude, Ser Teu Amigo! É uma Honra.
Com esses sentimentos d’alma, segue nosso ósculo depositado em seus corações, em nome da oblata da fraternidade, anelando tenham um ótimo fim de semana em nome do Divino Galileu.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -