Aproxima-se o Carnaval. É época de nova parada nas atividades profissionais, pois a sociedade se envolve de tal maneira nos festejos carnavalescos, que mesmo àqueles que na linguagem popular "não brincam", muitas vezes ficam debilitados no seu trabalho, pois a vida é participativa e de todos precisamos uns dos outros para caminhar em solidariedade e no seio da sociedade. Isso às vezes constitui um problema em nossas vidas. Outras dificuldades existem no nosso dia a dia e hora a hora. Os noticiários são das guerras e dos desatinos da sociedade civil organizada são estarrecedores. Há mesmo sofrimentos de toda a espécie. Mães que perdem os filhos em tenra idade. Filhos que perdem os pais no estertorar de suas existências físicas, ao abandonar o vaso que lhes serviu de arrimo para bem cumprirem o seu programa existencial.
A perda de emprego está presente em muitos corações aflitos. Doenças estiolam nossos corpos. Sonhos se desvaneciam. A sociedade sofre as agruras de seus governantes. Chega um momento em que pensamos que está tudo perdido e a desilusão começa a tomar conta de nossos corações. Nessa hora, é crível sonhar com a oferta de um castelo nas nuvens, afim de reunir e compartilhar a beleza e magnificência dessa vida, bela colorida e consentida, cujo translado certamente as criaturas fariam com imenso prazer.
Quem sabe facultar-lhes uma montanha, onde pudesses apreciar os verdes campos de nossa terra, olhar o horizonte para ver a vida pelo lado de cima, onde deitamos nosso olhar no infinito para contemplar a grandiosidade da obra da Providência Divina. Se isso fosse possível, sem percorrer a estrada de acúleos e abrolhos que lapidam o caráter, a moral e o bem proceder, sem dúvida imaginaria a filosofia ignota, que o Criador presentearia suas criaturas com esse mimo, sem esforço para a conquista dos páramos celestiais. Nesse viés, quem sabe pudéssemos assumir todos os problemas existenciais que modela o caráter e deixá-los com a tranquilidade daqueles que se deitam à beira da praia para ouvir o murmurar das ondas do mar nas noites de luar, e, assim doar essa dádiva de coração aberto.
Considerando-se que os problemas pertencem às criaturas em evolução diante do caráter personalíssimo de que são portadores a cada uma das criaturas cabe solucioná-los, pois a transferência de responsabilidades para os outros, significa fugir do dever, e, não há alforria para nenhum dos viandantes assumir para outrem as suas responsabilidades.
Por isso a renovação moral é compromisso para já, no dizer de Joanna de Ângelis.
Essa atitude tem o propósito nobre de elevar os filhos de Deus às plenitudes existenciais, razão de não se aceitar pacificamente as propostas impossíveis, uma vez que não se conseguirá comprar um castelo ou mesmo uma montanha, nem mesmo retirar da canga do viandante o elemento volitivo que lhe oportuniza crescimento em direção ao crescimento moral e à lei de progresso a que todos estão submetidos. À luz desses conceitos, é consentâneo com a realidade que o homem em evolução, não se estima pelos inimigos contraídos no passado, mas pelo número de amigos que logra fazer no presente, em atendimento à lei de progresso.
Nessa dicção, os candidatos à felicidade hão que ser fortes diante das divergências, imaginando ser fonte de água pura e cristalina, água abundante para quem tem sede de amor, de carinho, de força, de apoio, considerando àqueles que não veem motivo para serem felizes, transformarem-se em ninfa cristalina, onde os irmãos de jornada possam dessedentarem-se na fonte de esperança, para aqueles que jornadeiam na mesma estrada, vivem e carecem de apreço.
Sejamos porto de chegada para as almas cansadas, ou para aqueles que vivem perdidos pelo mundo e necessitam de um lugar tranquilo para descansar aliviando a canga e o fardo dos compromissos assumidos para o seu progresso. Para ser porto de chegada, é indispensável exercitar o abraço-terapia, receber os que procuram com sofreguidão as boas vindas, um afago. Sejamos porto de saída para aqueles que precisam partir, despedindo-se das ilusões das dores, dos fracassos e das decepções, inaugurando uma vida melhor, pela reforma íntima que todos necessitam. Sob esse espeque, é de bom alvitre ajudar, apoiar, conversar, estender as mãos, ouvir, e orientar os irmãos entibiados nas encruzilhadas da vida.
Ser porto seguro é cláusula pétrea àqueles que amam e dos irmãos que necessitam como ar que se respira para manter a vida que é bela, colorida e consentida. Tratar a todos com afago, com amor, com consideração é dever de honra a quem busca a elevação espiritual. Não se pode ser daqueles que “falam, por ser pessoa educada”, mas que em casa tornam-se vilões e mostram o seu gênio irascível. O porto seguro para o próximo, para os amigos, esquecendo o ego, as dores praticando, a caridade em toda a sua textura, é carta de alforria para aquele que anela se torna forte ao amenizar as dores do próximo. Nesse arrimo, há que se conquistar a ponte que liga a vida terrena à eternidade do céu, pois para ser ponte é necessário que se coloque no fim da estrada daqueles que perdidos não encontram o caminho de volta para o Pai Celestial.
Nesse sentido, a vida tem que ser passagem e não o atalho. Ser caminho livre e não pedágio, pois para ser ponte é necessário a ligação pelos laços da afeição, estabelecendo uma estrada longa, iluminada de dia pelo sol e de noite pelo luar que conduz à plenitude existencial. Em verdade, quando se encontra o caminho pelo qual os corações anseiam percorrer, nada demora e se passa a sentir as águas que abençoam a presença e que dos quatros cantos do universo, os ventos que chegam purificam os herdeiros do universo. A chuva na mata, os pássaros velozes, os trovões da grande coragem e sacodem multiplicando a eterna beleza de filhos da Divindade.
Os pés pisam sobre a terra, renovando a energia que constrói o saber. O alimento é o amor, irmão sagrado. Olha-se além do céu, além do mar, muito além das criaturas, além dos pensamentos íntimos da alma e se encontra a paz, em conexão com a verdadeira natureza que a tudo abençoa, como filhos da Providência Divina.
Com esses pensamentos, segue nosso afeto, apreço estima e consideração, com votos de uma semana de muita paz, não se envolvendo no carnaval da insensatez, mas na festa do amor, em nome do Divino Galileu, são os nossos desejos com um beijo em seus corações.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.