Os filhos da Providência Divina em toda a sua jornada, desde sua criação (Q. 115, 133 e 803 de “O Livro dos Espíritos”) estiveram em constante progresso e nada na vida como se sabe vem de mãos beijadas, mas, são conquistas que o espírito realiza em atendimento à Lei de Progresso. Em verdade, na excelência das palavras da fonte de consulta em apreço: “Todos os homens serão submetidos às mesmas leis da natureza. Todos nascem com a mesma fraqueza, estão sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Portanto, Deus não deu, a nenhum homem, superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte. Diante dele, todos são iguais. ”
Bem por isso, compete a cada uma das criaturas o desenvolvimento de seu intelecto e em todas as áreas das ciências, mui especialmente aquelas que o Divino Jardineiro recomendou como sendo os ditames a serem observados para a nossa salvação. Presciente, o Divino Pastor conhecia as dificuldades dos viajores na jornada em que se inscreveram como candidatos a felicidades, razão para que não turbássemos os corações, uma vez que Ele iria para preparar a morada celestial e ali onde Ele estivesse os irmãos menores também estariam. Assim sendo, é notório que a alavanca poderosa de crescimento das criaturas tem fulcro nas dificuldades, nos percalços e nos infortúnios do caminho.
Nesse sentido, para os corações endurecidos, é muito difícil exercitarem o Perdão incondicional, o Auto Perdão, a paciência, a tolerância, a mansuetude, virtudes que não se desassociam da esperança, ou mesmo da fé nos desígnios do Senhor da Vida. De fato, há momentos em que tudo parece estar perdido, nada mais há que fazer e o desânimo toma conta de nossos corações, cedendo lugar a desesperança para entrar pela porta das existências sem ser convidada, tomando assento na sala de estar insinuando fincar o pé e não mais sair como se ali fosse o seu “habitat” natural.
Que fazer nas circunstâncias aziagas das provas a que estão submetidas as criaturas para a avaliação? Será a pergunta que fazem os que têm sede de justiça e fé com irrestrita confiança no Criador. O lenitivo é não desanimar e continuar firme no leme. O espírito venerando Joanna de Ângelis, ainda que sob a emoção de nossa verve, mas sem intenção de alterar o sentido dos pulcros ensinamentos, esclarece à saciedade que a vida é como o dia que ao amanhecer recebe as tonalidades de nossas escolhas.
Por essa razão, se ao nos levantarmos não elevamos o pensamento no Senhor da Vida em gesto de gratidão, ou nos aborrecemos como se ao deixar o leito o fizéssemos como dizem os “místicos” com o pé esquerdo; Se olvidarmos a oração da manhã, quiçá esquecemo-nos de dar um Bom Dia à esposa, marido, filhos ou aos fâmulos e da mesma sorte procedemos no trajeto de nossas tarefas, estamos fadados há ter um dia repleto de amargura que por conta risco daquele que assim procede, atrai a sintonia desarmonizada.
Ao contrário senso, o óbvio é ululante. Se levantarmos do nosso leito o corpo abençoado na luz da oração, agradecidos ao nosso Pai pela vida, pela família e pelas provas, esparzindo alegria a volta, criamos pela força poderosa das atitudes lhanozas, o amor incondicional amor, à vida, à natureza, aos familiares e esse proceder aumentará os nossos laços de filiação com a Potestade.
Para os primeiros, certamente que no decorrer do dia atormentado, em sua taça da existência repleta de amarguras, de desconfiança, de falta de fé, ausência de caridade, perdão, auto perdão e tolerância, somente caberá nessa taça de amargor uma gota de amor. A gota de amor será a virtude com que cada ser humano que transita por esse planeta de provas e expiações ofereça ao sofredor momentâneo como lenitivo de paciência, misericórdia, palavras que dulcifiquem a vida, a caridade de ouvir e todas as mil tonalidades da beneficência em ação.
É sem dúvida a atitude ativa, a ação direta e incondicional sobre os fardos que estão colocados à frente para estimular os viandantes nas realizações em nome do progresso, opção exercida em substituição às reclamações. Nesse caso é oportuno ilustrar a dialética com uma história sobre o tema:
“Conta-se que num quarto modesto, o doente grave pedia silêncio. Mas a velha porta rangia nas dobradiças cada vez que alguém a abria ou fechava. O momento solicitava quietude, mas não era oportuno para a reparação adequada, e com a passagem do médico, a porta rangia nas idas e vindas do enfermeiro, no trânsito dos familiares e amigos, eis a porta a chiar, estridente. Aquela circunstância trazia ao doente, ao enfermeiro e a todos que lhe prestavam assistência e carinho, verdadeira guerra de nervos. Contudo, depois de várias horas de incômodo, chegou um vizinho, e colocou algumas gotas de óleo lubrificante na antiga dobradiça, e a porta silenciou tranquila e obediente”.
A lição é singela, mas expressiva. Em muitas ocasiões há tumulto dentro dos lares, no ambiente de trabalho, numa reunião qualquer que a vida ofereça para a realização das provas do caminho. São as dobradiças das relações humanas e do convívio social fazendo barulho inconveniente. São problemas complexos, conflitos, inquietações, abalos, doenças, a partida de um ser querido “fora da hora combinada”, o fogão sem lume, a perda do emprego.
Oh! Meu Deus. Quantas circunstâncias envolvem os teus filhos nas malhas das provas e expiações. Todavia, sejam quais forem as circunstâncias que se experimente para o crescimento e atendimento a lei do progresso, inegável que cabe uma gota de amor na taça da vida, passaporte para a nossa felicidade em homenagem à caridade, única porta da salvação. Com esses sentimentos, guardemos no cofre secreto do coração e nas profundezas d’alma, a lição da gota de amor para se pôr em prática no momento oportuno tendo em mente que:
As GOTAS DE COMPREENSÃO mudam qualquer situação. As GOTAS DE PERDÃO põem fim imediato ao chiado das discussões calorosas. AS GOTAS DE PACIÊNCIA no momento oportuno evitam grandes dissabores. As GOTAS DE CARINHO penetram as barreiras mais sólidas do desamor e produzem efeitos duradouros e salutares.
AS GOTAS DE SOLIDARIEDADE E FRATERNIDADE inibem as guerras e evita muitos anos de comprometimento espiritual, pondo fim aos interesses egoístas e levando a paz aos corações sequiosos de amor. As GOTAS DE PURO AFETO são as que penetram e dulcificam as almas ressecadas de esposas, esposos e filhos ajudando na manutenção da convivência duradoura.
As GOTAS DE AFEIÇÃO, nas relações de amizade, são suficientes para lubrificar as dobradiças da oficina da vida e evitar ruídos estridentes da discórdia e da intolerância. Todas essas virtudes têm a essência das GOTAS DE AMOR com que as mães dedicadas abrem as portas mais emperradas dos corações confiados à sua guarda.
Na bula do receituário consta que não há contraindicação e pode ser utilizada em qualquer situação para amar ao próximo como a si mesmo. Ressalva, todavia, que em algumas ocasiões, será necessário apenas uma GOTA DE SILÊNCIO, buscando no imo d’alma o ser imortal em reflexão profunda sobre a vida, bela colorida e consentida para extinguir de vez com o ruído desagradável de uma discussão infeliz.
Com esses sentimentos d’alma, segue o nosso ósculo depositado em seus corações com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos de todo o sempre, um final de semana de muita paz em nome do Divino Pastor.
Do amigo de sempre.
- Jaime Facioli -