Em o Evangelho Segundo o Espiritismo, encontra-se no Capítulo III a proposta de Jesus de Nazaré, esclarecendo à saciedade que “há muitas moradas na casa de meu pai”, verbi e gratia, no item seis ao tratar da destinação da terra, e as causas das misérias humanas. Toda a boa nova é um imenso jardim perfumado com a essência de nardo, o perfume de Jesus, e um imenso oásis de luz sinalizando os caminhos que as criaturas devem percorrer para a mutação desse estado de miserabilidade que estiolam os espíritos na caminhada para o inegável destino em direção aos esplendores celestes.
É preciso pois, em regime de urgência urgentíssima que a humanidade tome pulso nos propósitos enobrecedores para que a paz faça morada nas vidas dos viajores, sob pena do retardamento da geração felicidade, cedendo lugar as dores e sofrimento, aos quais a linguagem popular nomina-se de misérias do mundo, entendendo-se aí a expressão miséria no sentido que se utiliza na linguagem vulgar como falta de alimentos e bens que satisfaçam as necessidades primárias dos viajores do planeta Terra. Em verdade, anote-se que nesse foco, faz-se uma ideia falsa dos propósitos do Criador, porque a metáfora apropriada é que a terra pode ser comparada como um hospital onde aqueles que ali comparecem veem somente doentes e da mesma sorte, numa prisão física cerceando a liberdade de ir e vir, se encontram todas as torpezas, e os vícios reunidos, onde prepondera as aflições sobrepondo-se as alegrias.
Oh! Meu Deus. Que não se olvide o livre pensar dos interessados na vida, bela, colorida e consentida, as lições exaradas em o “Evangelho Segundo o Espiritismo” exortando aos profitentes o fato incontraditório de que não se enviam a um hospital as pessoas sadias, nem as casas de correção àqueles que não fizeram o mal. Por essa razão, em qualquer cidade que se reúnam os filhos de Deus nem toda a população está encarcerada ou doente incurável, o que clareia as mentes de que as misérias do mundo têm outra gênese.
Nessa dicção, a ninguém será lícito imaginar que o Senhor do Universo tenha edificado um mundo sem propósito e repleto de misérias. O mundo por onde transita as criaturas é o de provas e expiações, ao teor da escala evolutiva onde a humanidade está estagiando e as misérias são as escolhas que os viajores fazem pelo uso do livre arbítrio. Assim escolhe-se a guerra, ao se louvar nos interesses imediatos e a consequência é matar-se e aos irmãos sob o pretexto pusilânime de combater o estado islâmico e os vieses ignotos de numa “guerra santa” em nome da religião.
Contudo, a verdade tem sua gênese na fabricação de armas mortais de toda sorte, ou componentes químicos das indústrias farmacêuticas e tantos outros ignorados pelo povo, mas que rendem magnânimos dividendos em espórtulas aqueles que se dedicam a essa miséria dos valores enobrecedores, fazendo letra morta aos princípios da cordialidade para tratar a todos como gostaria de ser tratado, ou viver o momento sem pressa porque há muito a se aprender nessa existência, conscientes de que quando na indumentária da carne, em viagem de provas o foco é o aprendizado sobre o que se é e o que se faz nesse planeta belíssimo chamado Terra.
Com essa reflexão, todo filho de Deus deve em regime de urgência urgentíssima, buscar incessantemente o caminho que conduz o ser imortal à auto iluminação, à busca do seu “eu” interior, o “nirvana”, como é conhecido nas religiões indianas, estado permanente de beatitude obtido através da disciplina e meditação, ou no budismo como sendo a extinção definitiva do sofrimento humano, e das misérias que grassa a humanidade, facultando os aprendizes da felicidade a alcançarem os páramos celestiais.
Os caminhos para a realização desses anelos, tem dois componentes através do livre arbítrio, os quais sejam, seguir pela vereda do nirvana, conquistando o láureo da paz, mediante o reto proceder, e a entrada da porta larga da existência que deságua na guerra consigo mesmo, levando a criatura a ser partícipe dos que escapam da caixa de pandora assombrando o mundo com as misérias de que se tornam portadores. Em verdade, não há mistério para a inolvidável descoberta da vida, máxime considerando que o aprendizado é infalível na universidade da existência, uma vez que a paz não é um presente da Divindade, mas a causa aonde reside à escolha que se faz nas provas e expiações aos que se estão submetidos pelo Senhor da Vida aos ditames da Lei de Progreso, com o fardo das dores em caráter de pessoalidade.
Daí educar-se com o sofrimento, certo de que ninguém estará apto a compreender os problemas complexos da pessoalidade e das vidas pregressas de cada existência personalíssima. Nesse contexto, é de bom alvitre o exercício do silêncio para escutar os apelos íntimos da alma sedenta de paz. Os irmãos do caminho não acreditarão que aflições pessoais sejam maiores do que as dele é com certa doze de razão.
É que ainda não se avalia, que o maior sofrimento que a história da humanidade registra foi o do Divino Jardineiro, razão porque a vã filosofia entende que o maior sofrimento sempre seja daquele que o experimenta, mesmo sabendo e tendo o modelo e guia da humanidade para servir de exemplo segundo os ditames da questão 625 de “O Livro dos Espíritos”. Pregado na cruz do madeiro infame, o homem santo teve seus pés e mãos atados e furados com cravos de ferro, além da coroa de espinho que com violência ímpar se impôs em sua testa e na mesma cabeça que abrigou os mais nobres pensamentos de amor e de fraternidade.
Para libertar-se das dores e das misérias do mundo e encontrar a paz, é indispensável o trabalho de auto-iluminação, uma vez que ninguém responderá pelos erros de outrem, o que exorta os viandantes a ter cuidado com o proceder, alinhando-se com o código das leis divinas. É dever de consciência adotar a postura da brandura como nos ensinou o homem de Nazaré na lição dos bem-aventurados os brandos e pacíficos, pois eles herdarão o reino dos céus.
É fato inconteste que os companheiros do caminho não estão sujeitos às exigências de outrem e da mesma forma, não será lícito a terceiros se libertar do crime sem o pagamento ainda que após o arrependimento de tê-lo praticado. Há que se arrepender, sim honesta e sinceramente, mas o pagamento é da lei divina. Não há privilégio. Todos são iguais perante as Leis de Deus. Afinal, o Senhor da Vida nos criou simples e ignorantes, todos, absolutamente todos, com as mesmas condições de concorrer para a paz interior sob a égide das questões 115, 133 e 804 do mesmo codex em apreço. Nesse sentir, é importante o exercício da paciência e domínio dos impulsos desventurosos e para sustentar essa retórica é sempre de bom alvitre evocar o Divino Galileu.
O Mestre ao encontrar-se com seus discípulos ou os necessitados que O procuravam com sofreguidão, Ele os cumprimentava dizendo: Eu vos dou a minha paz. Ao se despedir, dizia na palavra dulcificada: Eu vos deixo a minha paz. A paz do Celeste amigo não é uma paz vazia, gratuita, de favor, de preferência, mas a paz conquistada pelo esforço inaudito que cada filho da Consciência Cósmica deve fazer na estrada de sua evolução em direção aos altiplanos celestiais. Cabe, pois, aos candidatos a felicidades, fazer os sacrifícios necessários e as renúncias que a ocasião ensejarem para que cada ser imortal possa manutenir uma vida modesta e honrada.
Para esse mister, indispensável perseverar no dever cumprido, pois sábio é todo aquele que reconhece a sua infinita pequenez ante a infinita grandeza da vida sempre bela, colorida e consentida. Doar, praticando a autêntica caridade, aquilo que desejas receber, é a lição do Mestre Jesus, convidando amar ao próximo como nos amamos. Se ausente a prática da caridade, haverá confusão nas metas a atingir e não se saberá quais os passos necessários para chegar ao eu interior, ao teu espírito, em suma, ao Nirvana.
De outro lado, quando tudo parecer estar “perdido” e uma sensação de impotência estiolar os mais profundos sentimentos d’alma, roguemos a Jesus, companheiro de todas as horas de dores e sofrimentos e a luz chegará como ajuda ineludível no mesmo instante, porque a bênção do Senhor do Universo é dada a todos que desejam estar inseridos na realidade da Providência Divina, por isso, certamente entre outras razões, também por essa é crível aceitar a lição do evangelho dulcificando nossas vidas:
“Vinde a mim, todos vós que sofreis e estais sobrecarregado e eu vos aliviarei. Tomai o meu jugo sobre vós, e aprendei de mim que sou brando e humilde de coração, e encontrareis o repouso de vossas almas; porque meu jugo é suave e meu fardo é leve”.
Tomemos, pois, a proposta do Mestre, em São Mateus, cap. XI, v. 28, 29 e 30, como ícones de vidas para eleger entre as dores e misérias que a ignorância produz no caminho, a paz de Jesus, convictos de que a opção pelo Mestre estabelecerá morada nas vidas com destino aos esplendores celestes, com permanência perene nos corações.
Nesse estado de espírito, segue nosso ósculo depositado em seus mais sagrados sentimentos de amor fraterno, com a oblata da solidariedade universal, e votos de um ótimo fim de semana em nome do Celeste Amigo.
Do amigo de sempre.
- Jaime Facioli -