Nardo é uma planta aromática, cultivada para se extrair o óleo empregado na indústria de perfumaria e cosméticos, também usada para unção em incontáveis religiões, oxalá por seu nome constar da Bíblia. A essência de nardo, segundo relata João (12.1.-3), “ipsis verbis”: “Seis dias antes da páscoa, Jesus chegou a Betânia, onde vivia Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.
Ofereceram-lhe ali um jantar. Marta servia, e Lázaro estava entre os que se reclinavam à mesa com ele. Então Maria tomou uma libra de um nardo puro, perfume muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos. E toda casa se encheu com a fragrância do perfume. ” É fato que faltavam poucos dias para a páscoa e Jerusalém fervilhava, com o provo chegando de toda parte para celebrar a grande festa. Relata a historiografia mundial que Maria aproximando de Jesus com um vaso de alabastro contendo uma libra de nardo puro, derramou o bálsamo sobre a cabeça do Divino Jardineiro.
Tratava-se um produto com preço elevado e raro. Segundo a Bíblia, a quantidade contida no vaso, “uma libra” equivale a cerca de 326 gramas, quantidade essa que poderia ser vendida por 300 denários, assim considerando que um trabalhador naquela época recebia um denário por dia de trabalho, o nardo derramado por Maria valia o salário de um ano de trabalho, por isso, respeitadas eventuais e honrosas divergências, a atitude de Maria representou altissonante declaração de que Jesus é mais precioso do que o mais puro nardo, digno de todos os encômios. Inegável anotar na retórica que os profitentes da doutrina espírita e outros estudiosos das lições do homem de Nazaré, já ouviram relato desse fato por outro viés, sem que isso prejudique o âmago, parte central do fato de Jesus ter sito o objeto do episódio.
Nesse sentido, registre-se que certa feita, uma pecadora em trânsito pela galileia e a cesárea, carregando uma ânfora do mais seleto perfume existente na época encontrou-se com Jesus, e foi nesse momento em que seu espírito reconhecendo a sublimidade do Mestre, prostrou-se de joelhos aos seus pés e com os mais puros sentimentos d’alma, lavou os pés do Divino Pastor, com a essência de Nardo que trazia na ânfora. Como não tivesse com o que secar os pés do Divino Pastor, e nada mais tendo em suas mãos, mas possuidora de longos e lindos cabelos negros como as noites sem luar, secou seus pés com os seus cabelos deitando-se ao depois a cabeça N’eles em refrigério d’alma. Sabe-se que Nardo é uma planta de origem indiana de preço elevadíssimo, pois além de raro, o processo de sua extração consiste em moer a planta para retirar a sua essência, um cheiro de canela. O apóstolo Paulo em Coríntios dois fala que somos o bom perfume de Cristo para Deus.
Não resta dúvida de que todas as criaturas exalam um perfume natural, mas a regra para ser o bom perfume do Cristo e homenagear o Pai Celestial é o comportamento de cada uma de suas criaturas mediante a prática da caridade, máxime porque cada perfume tem o caráter da personalidade da pessoa como uma marca registrada. O cristão deve exalar o cheiro agradável de Cristo indicando amor verdadeiro, peculiar aos servos de Deus. Em verdade, um cheiro que deixe marcas sinalizando que por essa vereda passou um cristão, alguém diferente, perfumando todo o ambiente em que transita. No dizer do espírito benfeitor da humanidade Joanna de Ângelis, as pegadas do cristão devem deixar setas luminosas para dar claridade aos viajores que vêm na retaguarda.
Não se nega que existem cristãos que o são só na aparência e em alguns momentos exalam o bom perfume, em outros, "mau cheiro". A essência destes, ainda não foi transformada, purificada dando ensejo questionar qual o perfume se exala. Nesse sentir, o bom perfume do Cristo tem o poder de salvar vidas. Sua suavidade se traduz numa doce poesia porque o seu evangelho é simples e não requer estudos de metafísica nem elasticidade filosófica para entendê-lo e da mesma sorte se pode reproduzi-lo na singeleza das suas palavras dulcificadas que convidam refletir nas seguintes lições:
Olhai as aves do céu; não semeiam nem ceifam, mas nosso pai celestial as alimenta. É a lição do desprendimento. Aquele que põe a mão no arado e olha para trás não está apto ao reino de Deus. É a lição da perseverança. Aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra. É a lição da auto-análise.
Quando fordes convidados para um banquete, senta no último lugar. É a lição da humildade. Aquele que quer ser o maior que seja o que mais serve. É a lição da caridade. Vinde a mim todos vós que estás aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei. É a lição do acolhimento.
Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. É a lição da delicadeza. Reconcilia-te com o teu inimigo enquanto estás a caminho com ele. É a lição da paz. Saiu o semador a semear sua semente. É a lição do trabalho. Para entrar no reino do céu é necessário nascer de novo. É a lição da volta. O filho do homem veio para servir e não para ser servido. É a lição da nobreza. Seja o vosso falar sim, sim e não, não. É a lição da firmeza. Tratai a todos como gostarias de ser tratado. É a lição da justiça. Vai e não peques mais! É a lição da resistência. Lázaro, levanta-te e anda! É a lição da fé.
É de bom alvitre, na alegria ou tristeza procurar o Divino Jardineiro nas coisas simples, maxime na lágrima, no afago, na alegria pura, no trabalho honesto, no gesto fraterno, no poema à vida, enfim, em tudo que eleva e ilumina. Essa é a pujança da simplicidade, respeitada as dissidências, que incontáveis vezes é tão difícil para a ciência e para a filosofia encontrá-lo. Permita Deus possam os viajores do planeta Terra, perfumarem-se na fragrância do Divino Jardineiro, a fim de seguir os conselhos do venerando espírito Joana de Ângelis e por onde transitarem, deixarem pegadas luminosas com o sinal do perfume de Jesus.
Com esses sentimentos d’alma, segue nosso ósculo depositado em seus corações, com a oblata da fraternidade, desejando um ótimo fim de semana em nome do Divino Jardineiro.
Do amigo de sempre.
- Jaime Facioli -