A solução para os problemas e conflitos da humanidade, certamente está em se crer em Deus, todo poderoso onipotente, onisciente e onipresente. Lamentavelmente, apesar das incontáveis religiões nesse mundo da potestade, cerca de mais de quatro mil seitas professam a fé e agasalham os conceitos da Divindade em seus corações, mas ainda o acusam da própria desídia.
A fé, seja através da figura de Sidarta Gautama, nascido na Índia, no momento de efervescência espiritual daquele povo, quando surge o primeiro Buda, em Lumbini, aos pés do Himalaia, região presentemente conhecida por Nepal. De berço aristocrático nasceu A.C. 560 anos e se tornou conhecido como o mais iluminado dos Budas. Sua doutrina atravessou os tempos e estabeleceu o conceito de que “ A decadência é inerente a todas as coisas compostas. “ Vivei fazendo de vós mesmos a vossa ilha, convertendo-vos no vosso refúgio. Trabalhai com diligência para alcançar a vossa iluminação. ”
No islamismo, encontra-se a figura de Maomé, que teria recebido suas primeiras revelações do Arcanjo Gabriel e o fenômeno se repetindo deu origem ao Corão, livro sagrado dos islâmicos e pelo qual Maomé pregou a devoção a um Deus único (Alá). Em síntese apertada nos fatos históricos, Jesus de Nazaré vem quase seis séculos depois, traz a boa nova e mostra o caminho, a verdade e a vida, nada obstante as incontáveis figuras luminosas da história da humanidade, a verdade é que apesar da declaração de fé pontuadas em todas as religiões, seja nos ensinamentos de Marter Luther King Júnior, seja em Martinho Lutero, a realidade inconteste é que ainda nos tempos contemporâneos, a inabalável fé em Deus é relativa.
Assunto dantanho a parte, o foco dessas reflexões reside no ponto em que apesar da história da humanidade registrar com ênfase em todos os quadrantes do planeta Terra e a todos os povos, a indispensabilidade da fé inabalável em Deus, não se negue que a humanidade em evolução ainda titubeia, tremula e vacila na crença da Consciência Cósmica. Essa oscilação se dá porque não se compreende que a crença no Senhor da Vida, significa confiança e que nada acontece por acaso, sendo oportuno o exame da questão número 963 de “O Livro dos Espíritos” para se constatar que tudo, absolutamente tudo está sob controle e nada acontecerá se não for pela vontade do Pai, segundo a retórica de Jesus asseverando que não cai uma folha da árvore se não for pela Sua vontade.
Sob esse manto de proteção sagrado, será de bom alvitre um exame no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VIII sob o rótulo da missão do homem inteligente na terra, para se encontrar a inabalável certeza de Deus nas vidas dos viandantes pelo planeta de provas e expiações, com a imensa confiança de que ainda a sabedoria do ser humano não reside no quanto se sabe, mas no quanto se tem consciência de que não se sabe.
No fluxo desse ideário, o momento é apropriado para enriquecer esse apontamento com uma história colhida no livro “O futuro da humanidade” de Augusto Cury, relatando a saga de Marcopolo, publicado pela Ed. Sextante, também inserida na Redação Espírita em 19.04.2017, aqui contada ao sabor da verve do articulista, preservado o espírito do relato em detrimento a letra que mata enquanto o espírito vivifica.
No cenário da história em apreço, conta-se que Marco Polo um jovem estudante de medicina ao entrar na faculdade de medicina, cheio de sonhos ficou chocado ao encontrar na aula de anatomia, a triste cena de corpos sem identificação, estendidos sobre o mármore branco. O Jovem calouro de medicina não conseguiu aceitar a frieza com que os professores se referiam aos corpos, dizendo que ali a identidade não importava porque aqueles corpos não tinham nomes e eram mendigos encontrados mortos na rua e sem identidade. Revoltado com a situação, Marco Polo busca informações sobre esses personagens e encontra o excêntrico Falcão, um mendigo que conhecia a fundo a mente humana e tornaram-se amigos.
Nessas ocorrências, sem embargo da difícil situação em que vivia o amigo, com seus sonhos frustrados e as esperanças perdidas, Falcão recupera a sua alegria inata ao conviver com o jovem sonhador. Em verdade, trata-se da narrativa de uma batalha contra as injustiças e uma incomensurável paixão pela vida e pelas pessoas, máxime porque, no fundo, bem se vê a inabalável fé em Deus, quando:
”O jovem acreditava ser uma mente brilhante. Elaborava ideias, imergia o pensamento nos livros buscando maior conhecimento. Orgulhava-se de seu saber. Certo dia, deparou-se com um filósofo que, extasiado ante o espetáculo ímpar da natureza, expressava sua admiração ao Criador: Quem é Você que está por trás da cortina das nuvens? Por que silencia a Sua voz e grita através dos fenômenos da natureza? Por que gosta de se ocultar aos olhos humanos? Deixe-me descobri-lO. O rapaz, com ar de intelectual, lhe disse: Você está totalmente equivocado. Deus não existe. Ele é uma invenção do cérebro humano para suportar as limitações da vida. A ciência é o Deus do ser humano. Sem se perturbar, o filósofo respondeu: Se você me disser que é um ateu, que não crê em Deus, sua atitude é respeitável. Ela reflete sua opinião e sua convicção pessoal. Agora, dizer que Deus não existe é uma ofensa à inteligência, pois reflete uma afirmação irracional. Não aja como um menino brincando com a ciência e construindo seu orgulho sobre a areia. Você nunca se indagou quem administra este imenso Universo? O porquê de tanta harmonia? Sua intelectualidade não lhe diz que todo efeito tem uma causa? E que se esse efeito é grandioso, imensurável deve ser a causa? Percebeu alguma vez os detalhes das folhas de uma palmeira? A perfeição do ovo? O potencial de uma minúscula semente que traz em si a árvore gigantesca? Já se perguntou quem deu origem a tantas espécies vegetais e animais? A tanta riqueza que se encontra no seio da terra e na profundeza dos mares? Guarde a certeza de que você pode duvidar de que Deus existe. Mas Deus não duvida de que você existe. Muitos filósofos acreditavam em Deus. Não tinham medo de argumentar e discutir a respeito. Afinal, não sabemos quase nada sobre a caixa de segredos da nossa existência. Milhões de livros são como uma gota no oceano. Somos, em verdade, uma grande pergunta procurando uma resposta. Ou muitas respostas: Quem somos? Para onde vamos? Por que fomos criados? A ciência é um produto do homem. Use-a, mas não se deixe contagiar pelo vírus do orgulho. A sabedoria do ser humano não está no quanto ele sabe. Mas no quanto ele tem consciência de que não sabe. A nobreza de um ser humano está na sua capacidade de reconhecer a sua pequenez. Silenciou o filósofo. O jovem ficou a pensar. Olhou o sol que brilhava forte, sentiu a brisa leve no rosto, ouviu o farfalhar das folhas que se perdiam pelo chão. E continuou a pensar...”
É exatamente isso, sem contradita, qualquer religião ou fé pode e deve ter confiança plena no Senhor da Vida, porque Ele está presente em tudo, em toda parte e em todas as coisas, outorgando razão, a questão número um de “O Livro dos Espíritos” quando responde que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
Assim, quando se observa o céu bordado de estrelas nas noites escuras, ou se denota as nuvens claras imitando andarilhos pela galáxia, ou ainda, se vê as mãos da Providência Divina depositando lágrimas generosas sobre a terra, admira-se o cuidado da Divindade com Suas criaturas. No mesmo proceder, no verde das árvores, no vermelho das rosas, no branco dos lírios, e ainda nas cores do arco-íris, Deus se manifesta. No dia abençoado, e nas noites escuras e também no rosto das pessoas que transitam pelo seu grande Universo, ou nas sementes que brotam, Deus está em tudo presente.
Com essas reflexões, deposita-se um ósculo em seus corações, com a oblata da fraternidade em nome de Jesus de Nazaré, desejando tenham um ótimo fim de semana.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -