O mundo onde habitam as criaturas de Deus, presentemente, ainda que esteja passando por transformações cuja dimensão o homem médio e a filosofia rasa dos transeuntes pelo belíssimo planeta Terra não conseguem imaginar, valorizam mais e dão destaques às desditas, aos roubos e furtos, aos assassinatos, às propinas e aos procedimentos inescrupulosos de todo jaez. Olvidam o bem proceder a olhar para as belezas de que são portadores e sua condição de herdeiros do universo, como criaturas filhas do Senhor da Vida.
Jesus recomendou aos irmãos de caminhada que enxergassem aqueles que têm olhos para ver, de onde se pode concluir que se trata de procedimento personalíssimo, ou seja, que cada um dos candidatos à felicidade deve adotar, máxime porque é notório que onde alguns veem a borrasca como uma revolta da natureza, outros a veem como maneira de sanear a atmosfera; são os olhos que em tudo encontra razões para pôr nos lábios uma poesia pela vida, bela, colorida e consentida.
É o caso de Poliana. A maioria dos que transitam pelo planeta Terra, em provas e expiações, conhecem ou já ouviram falar de Poliana. Trata-se de um livro escrito por Eleanor H. Porter em 1913. A história contada é de uma garota de 11 anos que ao ficar órfã, vai morar com a tia, Poli, que é extremamente rígida e não tem paciência com ela. As dificuldades, entretanto, não assustam Poliana, que aprendeu com o pai o "jogo do contente":
Em outras palavras: procurar, em cada situação, um lado positivo. Aos poucos, o otimismo da personagem vai contagiando todos ao seu redor e mudando a vida da comunidade em que mora, de onde nasceu o hábito de se chamar uma pessoa muito otimista de Poliana.
Considerando-se que o ser humano na caminhada pela estrada da vida, ao procurar realizar as propostas feitas na pátria espiritual, para a inexorável elevação espiritual, encontram pelos caminhos abrolhos, pedras e incontáveis empecilhos para testar a sua vontade de vencer, e, não poucas vezes, cede à tentação de tudo abandonar por causa da pedra do caminho, como escreveu em seu poema, Carlos Drummond de Andrade, ao externar seu sentimento dizendo: “No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho”. Em outras circunstâncias, as criaturas quando estioladas em seus projetos, acusam a Divindade como responsável pela falta de sucesso, transferindo e culpando o Pai Celestial pela própria incúria, quando não pela palavra articulada, pelos pensamentos.
Por isso, a história de Poliana vale como lição de vida aos interessados na produção de energia benfazeja, em vibrações e sentimentos que dão lucidez a quem se interessa pelo progresso e transmite pelos caminhos da vida a alegria, expandindo por onde moureje a paz e a confiança na Potestade. Provavelmente foi com essa intenção que Willian Blake recomenda aos interessados na felicidade: “Ver um mundo num grão de areia e um céu numa flor silvestre, ter o infinito na palma da sua mão e a eternidade numa hora."
Nasce, assim, o livro de Rubem Alves, editado pela Editora Verus: “UM CÉU NUMA FLOR SILVESTRE”, levando os interessados nas mensagens da vida bela, colorida e consentida, que não raras vezes deixam passar desapercebida no dia a dia e hora a hora, e por outro, lado mostra como a beleza pode ser vista de forma diferente, os obstáculos vencidos, dependendo do olhar que se contempla a obra da criação, revelando o autografo de Deus.
Da mesma forma, se entregando aos sentimentos mais puros d’alma, diante dos obstáculos da caminhada, a viagem revela a todos que têm o olhar transformado, a Onipotência, Onisciência e Onipresença do Criador do Universo, na inenarrável história de “Um céu numa flor silvestre” como se vê na poesia em apreço, pedindo licença para transcrever “ipsis verbis”.
“O poeta adquiriu um pedaço de terra em plena serra. Um lugar para sonhar. Para fazer poesia, escrever, inebriar a alma. Não pretendeu mexer em nada. Deus, afinal, fizera tudo tão bonito: o regato de água cristalina descendo do alto da serra, por entre pedras, formando cachoeiras e remansos gelados. Samambaias, avencas, brincos de princesa em profusão. Campos verdes, bordados de flores minúsculas. Também enormes araucárias, com sua casca rugosa, onde cresciam bromélias.
Um pedaço do céu cheio de beleza e vida. Mas, nesse belo lugar, havia um morro de terra ruim. Tão ruim que até o capim protestava e não crescia. O poeta olhou para aquela terra, aparentemente imprestável, e resolveu dar uma mãozinha para a natureza. Pensou que poderia plantar araucárias. Uma mata cheia de pinheiros, com suas copas altivas, braços erguidos ao céu, como a pedir bênçãos. Consultou as pessoas do lugar. Ninguém aprovou sua ideia. Imagine.
Plantar araucárias. Elas levam muito tempo para crescer. Como o poeta não era tão jovem, disseram-lhe que, com certeza, ele nem chegaria a ver os pinheiros crescidos. Além do mais, não se pode cortar araucária. Ela é protegida por lei. Cortar uma árvore dessas é crime. E para que plantar árvores se não puderem ser cortadas? Afinal, somente cortadas é que elas valem dinheiro, podem ser vendidas. Aconselharam ao poeta plantar eucaliptos. Eles crescem rápido. Dão lucro, a partir do terceiro ano.
O poeta voltou para sua casa. Ninguém o tinha entendido. Descobriu que ele e os seus vizinhos eram de mundos diferentes. Ele era um ser da floresta, sem pressa, como as sementes colocadas no solo. Os seus vizinhos pensavam em coisas rápidas, em dinheiro no banco, em lucros. Ele desejava desfrutar o espetáculo colorido e perfumado da floresta exuberante. Ver, cheirar. É tudo que queria. Eles só tinham em mente o comércio, os negócios.
Por isso um eucalipto que pode ser cortado em três anos é muito mais importante do que uma araucária que não pode ser cortada nem em cinquenta anos. E o poeta ficou a refletir que os homens que só pensam no lucro, perderam o sentido e a beleza da vida. Recordou dos que olham para uma imensa floresta de sequoias e acham um terrível desperdício aquela propriedade habitada somente por árvores. No seu conceito de lucro, muito melhor seria queimar a floresta toda e transformá-la em condomínio luxuoso. Por tudo isso, o poeta resolveu mesmo plantar araucárias. Se ele chegará a vê-las crescidas ou não, não importa. Importa que ele semeou esperança e vida que poderão alegrar outros olhos e corações, no futuro. ”
Oh! Meu Deus. Em tudo que existe, se vê, ou se toca, presente se encontra as lições do Divino Pastor, por isso na retórica em exame, há que se recordar de Jesus, dizendo: “Onde estiver o seu tesouro, aí estará seu coração”.
Bem se vê no discurso em tela que os sentimentos mais nobres estão na vida e na beleza e não nas espórtulas tão cobiçadas. É crível pois, pensar que provavelmente por isso, Charles Spencer Chaplin, espírito, propõe amar-se de verdade, para compreender em qualquer circunstância que o lugar onde se encontram os filhos de Deus constitui o jardim da vida, onde foram plantados para semear o bem e iluminar os que estão ao derredor. Parar de reclamar da vida, do tempo, da família, do trabalho e das dificuldades, é também o belo que se atribui o nome de amadurecimento.
Com esse ideário, depositamos um, ósculo em seus corações com a oblata da fraternidade, desejando um ótimo fim de semana em nome do Divino Pastor.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -