Quando a tempestade desaba sobre a cabeça dos viajores ou nos momentos de entibiamento é lugar comum quase ouvir-se os ensinamentos do arauto do bem Emmanoel, especialmente na ocorrência vivida pelo saudoso Francisco Cândido Xavier, quando uma irmã em desalinho o bofeteia sem motivo, razão ou causa e Chico indaga ao venerando mentor em tom de questionamento, quando caído no chão, tamanha a violência da agressão:
E agora Emmanoel? Obteve como resposta: Na vida tudo passa. Levanta-te e vai atender a nossa irmã.
Indistintamente os filhos Deus, quando vivem suas provas e expiações, passam necessariamente pela experiência da dor. É a partida de um ente querido, "fora da hora" combinada, como se costuma dizer à boca pequena, deixando saudades cuja dor parece ser intransponível. A decepção com uma pessoa a quem confiamos o nosso mais belo laurel das esperanças. A constatação de que não se logrou êxito num projeto de vida, onde um melhor preparo se fazia necessário. A perda de emprego, a doença que chega sem avisar, a má gestão dos negócios, títulos que vão para os cartórios de protestos. Tudo, mas tudo o que se encontra no caminho de provas e expiações, dão o colorido da escolha que se fez com o poder do livre arbítrio.
Por conta dessa decisão, quando a dor cala profundamente na alma, incontáveis criaturas se deixam abater no desânimo, na depressão, chegando mesmo a fazer um quadro de crise de pânico, entibiando a vida que floresce ao derredor. Alguns mais fracos na fé ou na religiosidade optam pelo caminho do suicídio, agravando em muito a situação onde se esperava por fim as dificuldades que serviam de arrimo para o crescimento espiritual e o fortalecimento das provas a que se está submetido pela Divindade.
É Sem dúvida a lição de vida de que as borrascas, tempestades, desenganos, desacertos, e as tristezas não são eternas, e na vida tudo passa, as saudades e as dores também passam, pois, as ocorrências, ditosas ou desditosas ensinam olhar para as estrelas, diante da simples lógica de que ao olhar para baixo, se enxerga apenas uma pequena faixa de terra sem brilho, e, ao olhar para o alto, se vê as estrelas, o sol que brilha e todo o esplendor da vida, bela, colorida e consentida.
À primeira vista, parece fácil a análise dos desaires, máxime em dias tranquilos, porque em dias tormentosos dificilmente as reflexões chegam à mente com lucidez. Nesse sentido, serão nos dias de calmaria, de paz interior que se conseguirá construir a certeza de que tudo na viagem de provas e expiações é transitório, tem o seu tempo e o seu propósito. As glórias, as conquistas, os tesouros, as alegrias e as tristezas, tudo se esvai com o tempo.
Nesse mesmo significado, as dificuldades, as dores, as exultações e as carências, também têm o seu tempo e seus objetivos, e, quando apreendidas as lições se encerra o seu propósito. Eis porque, atormentados ou iludidos com os litígios transitórios, se perdem nos acontecimentos das existências, esquecendo-se de que, efetivamente, esses episódios não representam todo o “pacote” e a vida não é somente isso. É de bom alvitre, para sustentar essa retórica, dizer que Mikhail Bulgakov, como que intuído nos seus sentimentos d’alma, escritor e dramaturgo ucraniano do Século XX, depois da revolução Russa, ao finalizar o seu romance “O EXÉRCITO BRANCO”, escreveu:
“Tudo passa – sofrimento, sangue, fome, peste. A espada também passará, mas as estrelas ainda permanecerão quando a sombra de nossa presença e nossos feitos se tiverem desvanecidos na Terra.”
A verdade desse sentimento comprova-se na imortalidade d’alma, com tanta propriedade, não deixando dúvida aos profitentes da vida, que chega a ser incompreensível nos tempos contemporâneos, que ainda existem criaturas que não saibam dessa verdade. Lançando um olhar para o passado, se entende que essa questão tenha levado o escritor em apreço a reflexionar sobre as coisas do dia a dia e hora a hora, como sendo efêmeras.
Com essa meditação, é evidente que nada perdura, sem modificação para o todo e sempre, senão as questões transcendentais que merecem a devida atenção dos que jornadeiam pelo planeta Terra em atenção à lei de progresso, atravessando a ponte que os levam ao Nirvana. É por esse assunto de fundo que o emérito escritor elege as estrelas como símbolo de permanência e também como alegoria de sonho e da capacidade de olhar além dos problemas do cotidiano, questões que tanto atormentam aqueles que estão desalinhados com os propósitos da vida.
Sob esse díptico, há o convite àqueles que anelam pela felicidade, albergando essa proposta da vida no seu espírito imortal, passando por suas lições, aprendendo com as provas e guardando-as para sempre na intimidade do seu ser eterno, porque, ninguém, absolutamente ninguém é condenado pela Providência Divina a perpétuos suplícios e dificuldades intermináveis. É sabido que o Senhor da Vida não castiga nem impõe punições, pois é Pai de infinita misericórdia, e os desacertos são resultados do plantio dos obreiros que descuidaram de suas tarefas.
Em verdade, todas as situações da vida têm um propósito e acontecem como oportunidades de aprendizado, sejam na alegria, nas conquistas ou na tristeza. Se o sucesso, o dinheiro e a fartura se fazem presentes, nos caminhos, significam oportunidades de agradecimento, justiça, empatia e generosidade. Se, ao revés, é a dor a visitar viajores, seu objetivo é que se alimente a fé, a esperança, a paciência. Em situações de dificuldade financeira que se exercite a perseverança, a coragem e quando dos conflitos familiares, serão momentos para exercitar a humildade, a compreensão, o entendimento. O que é inegável é que em todas as dissidências ou em toda cizânia, há o aprendizado indispensável.
Por isso, não será justo e nem lícito se perder nos excessos de qualquer gênero, pois tudo na vida passa e eles também passarão, dissipados no túnel do tempo. Tampouco há razão para os viajantes se martirizarem com as dores e dificuldades porque essas também logo mais, tão breve cumpram o seu propósito deixarão esse habitat.
Em síntese apertada, o fato é que em momentos de felicidade ou de rudes dificuldades, há que se olhar para o Alto. É a beleza das estrelas, autógrafo do Criador do Universo, Inteligência Suprema Causa Primeira de Todas as Coisas, que em Súmula Eterna, convencerá os interessados, que tudo passa, tudo se transforma e tudo se desvanece com o tempo; somente permanecem as lições construtivas, diante das quais se tenha a boa vontade de aprender ao longo da jornada terrena. Sem contradita, é Súmula Celestial quem assevera que esses aprendizados constituem as verdadeiras e perenes estrelas que se coleciona, no mais profundo sentimento da alma, para atender ao comando da Lei de Evolução.
Por essa razão, aqueles que olham para as estrelas se deixem iluminar nas noites claras ou obnubiladas, prosseguindo e caminhando, firmes, aprendendo sempre, e aplicando os ensinamentos da veneranda benfeitora da humanidade, Joanna de Ângelis, para deixar pegadas luminosas pelo caminho, afim de iluminar a estrada daqueles que vem na retaguarda, afinal nos conceitos do emérito escritor Mikhail Afanásievitch Bulgákov.
“ Tudo passa – sofrimento, sangue, fome, peste. A espada também passará, mas as estrelas ainda permanecerão quando a sombra de nossa presença e nossos feitos se tiverem desvanecidos na Terra. ”
Com esses pensamentos, depositamos o ósculo da fraternidade nos corações dos amigos, com a oblata da amizade sincera em nome de Jesus de Nazaré, com votos de um final de semana feliz.
Do amigo fraterno de sempre
Jaime Facioli