Inegavelmente, sem distinção as criaturas de Deus procuram viver em plenitude, a busca incansável do “Nirvana”, que na doutrina budista significa o estado de paz que se alcança através da meditação. Em outras palavras, a reflexão sobre a vida, suas alegrias, suas dores, a razão de ser, e do destino segundo os entendimentos exarados no instrutivo livro “O problema do ser, do destino e da dor” da lavra do pensador francês Léon Denis, em busca das respostas às célebres questões do quem sou, de onde vim, para onde vou, perguntas que não se calam e as quais a Humanidade sempre esteve sedenta de resposta para satisfação do espirito. É o encontro com a felicidade e a paz que deve fazer morada nos corações amorosos, tal como Jesus de Nazaré apregoava quando se encontrava com seus apóstolos e quando os deixava, sempre dizia: “Eu vos dou a minha paz. Eu vos deixo a minha paz”.
Nessas ensanchas, e ainda hoje, muitos imaginam que a paz pode ser comprada, negociada ou vendida nos shoppings center da vida, ou na conquista dos bens terrenos, quando em verdade a felicidade e a paz proposta pelo Mestre é conquistada através da meditação, do esforço e do trabalho em busca da luz que ilumina os caminhos do conhecimento da natureza e dos propósitos da existência.
Nessa incessante investigação, é a hora em que o dia “expira” e o sol puxa a colcha de nuvens do céu para se cobrir, aconchegando-se no poente, para permitir ao viajor dessedentar a sua sede de conhecimento através do tempo necessário para a reflexão e se perguntar ao profitente, se o que fez hoje o deixou feliz e se suas realizações podem ser consideradas um acréscimo em seu saldo bancário da felicidade, salvaguardando o retorno das práticas do dia, na moeda da paz interior alcançada pelo bem proceder.
Esse autoquestionamento tem razão de ser, porque, no dizer de Albert Schweitzer “O verdadeiro valor de um homem não pode ser encontrado nele mesmo, mas nas cores e texturas que faz surgir nos outros”. Nesse sentir, pode-se encontrar nas estradas da vida, prêmios e honrarias pela capacidade em projeto bem-sucedido, noites de autógrafos, aplausos vibrantes e sem dúvida, tudo isso são rendimentos experimentados, não se pode negar. A questão que se propõe, é se essas realizações, prêmios e honrarias trouxeram a felicidade, como propõe e eminente Albert Schweitzer, teólogo, filósofo, médico e músico alemão, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1952, na luz de sua filosofia escrita alhures, porquanto isso será viver em plenitude.
Por essas razões se interroga o estudioso interessado em viver em plenitude, se está feliz com o balancete de suas atividades do dia a dia e da hora a hora, mediante o saldo positivo da coluna de seu balancete e se superou a coluna negativa dos desacertos, como a propósito ensina Santo Agostinho na questão 919 de “O Livro dos Espíritos” ao dissertar sobre o exame de consciência, dando azo para interessado conhecer a si mesmo.
Oh! Meu Deus. Será que dentro de cada criatura, ser personalíssimo, pode-se asseverar que se utilizou o melhor possível, em essência, os valores depositados pelo Senhor da Vida em cada um de seus filhos para que realize a tarefa de fazer surgir nos companheiros de viagem as cores e as texturas que os façam brilhar, e, dessa forma, amar o seu próximo como a si mesmo, atendendo o convite de Jesus de Nazaré.
Bendito seja Senhor, todos aqueles que nas dobras da noite possam dizer para si mesmo, que além daqueles que pôde acompanhar, sem pretensão da escala social; eu os amei e os abracei com fraternidade, sem interesse das glorias do mundo e os aplausos. Fi-lo, até as luzes do palco da vida se apagarem, sentindo minha consciência em paz, a paz que somente a solidão dos pensamentos libertos de nuvens obnubiladas carregam, podendo ver em retrospectiva que tenho um lar para voltar, muitos irmãos de jornada para amar.
Na avaliação desse dia que cede lugar à noite para a reflexão, constatei que tenho a família como companheiros de jornada, esperando pelo dia seguinte para enfrentar novos combates. Há filhos aguardando ansiosos, a chegada em casa daquele a quem Deus concedeu a responsabilidade de ser o seu tutor. Existe o animalzinho doméstico para afagar. Ele pula, late, abana o rabo, demonstra sua alegria por participar dessa confraria da família universal. Mais ainda Senhor, senti nos refolhos d’alma que no balanço desse dia que se apaga usufrui integralmente cada uma dessas oportunidades.
Oh! Graças à Tua infinita misericórdia, constatei na coluna das bem-aventuranças que aproveitei o dia de hoje amando a vida, bela, colorida e consentida, demonstrando carinho, distribuindo beijos, praticando a abraço-terapia, difundindo abraços lhanozos com afagos sem restrição, realizando esse mister de interação social de forma ampla, irrestrita e incondicional, beijei com sinceridade os meus irmãos de caminhada como Jesus fizera dantanho.
Com licença dos que esposam outros ideais, ousamos divergir para asseverar que viver em plenitude é um comprometimento consigo mesmo e um convite para se tornar pulcro, sensíveis ao amor fraterno e, sobretudo fiéis cumpridores dos deveres, porquanto a paz do Homem de Nazaré implica alcançar os páramos da alegria de viver, o exercício do perdão e do auto perdão, a mansuetude como lema de bem viver. Viver em plenitude é ter a indulgência como meta a ser conquistada no bom combate, pois na linguagem popular, as criaturas são pedintes para os próprios erros, anelando que o próximo nessas aziagas tenham pelos infratores estima e consideração, em suma, trate os desalinhados com indulgência.
Todavia, quando presente o contrário senso, não se olvida dos erros, os desacertos ou os desalinhos dos outros, e, invariavelmente existe expressões para se exprobar a atitude alheia, com palavras amargas, “pegando” forte na reprovação, sem perdoar àqueles que nos ofendem, fazendo ouvidos moucos as lições do Divino Pastor sobre a virtude do perdão incondicional. Viver em plenitude é ter consciência de que Paz do Divino Galileu, deve ser conquistada sem sonhos de coisas místicas, mas meditada nas profundezas da alma, no repouso e no silêncio do coração, sentido pulsar a vida que estua dentro de cada criatura.
Sim, é através da sensibilidade do ser imortal que veste a roupa do corpo humano para o seu aprendizado que se consegue a paz, o “nirvana”, através das provas e expiações onde se jornadeia e o tempo passa lentamente mostrando como viver em harmonia com a família, na sociedade, no trabalho, por onde quer que se moureje. Certamente a paz que Jesus de Nazaré oferecia quando chegava ou deixava os que ficavam pode ser encontrada no dinamismo que se imprime às existências da alegria de viver, no sentir da brisa que chega e no vento que sopra sem que ninguém saiba de onde vem ou para onde vai, como se a anunciar que a vida além da vida, continua o seu trajeto em direção ao porvir de glória dos filhos de Deus.
A paz do Governador do Planeta chamado Terra tem o caráter do trabalho, da esperança e da confiança na Justiça Divina, conferindo a certeza de que o Senhor da Vida, sabe o que faz e as criaturas cabe ter fé, demonstração de que a consciência, onde repousa o santuário de Deus está tranquila. Os viandantes, candidatos à felicidade, para adquirir a paz do Celeste amigo será indispensável cumprir retamente com as responsabilidades e enfrentar os momentos difíceis de provas e expiações que a vida oferece na dor do leito do hospital ou na partida de um ser querido, quando chamado fora da hora combinada como diz o adágio popular.
Nos momentos de dor é que se conhece o verdadeiro caráter dos matriculados na universidade das provas, imprescindível para a evolução espiritual. O exemplo mais significativo na historiografia mundial de outrora, de hoje e se afirmar, de sempre será o de Jesus de Nazaré, no monte Gólgota, no estertorar da vida física, em paz de espírito, rogava pelos irmãos menores, dizendo ao Senhor do Universo: "Pai, perdoa, eles não sabem o que fazem."
Há, lamenta-se o registro, irmãos que assassinam a mulher, a namorada sob o pretexto de "amor", ato que a criminologia dá o nome pomposo de crime passional. Outros existem que furtam, roubam, enganam a outrem, pelos "centos e setentas e uns" da vida, mediante artifício, simulacro, ardil, aplicando a Lei de Gerson, em verdade uma deturpação dos conceitos da propaganda daquela saudosa época, mas que se popularizou de sorte a atribuir a todos que desejam levar vantagem em tudo, sem olhar se está ou não prejudicando ao seu próximo.
Sob a luz do discurso em apreço, sem contradita, um dos conceitos mais elevados para obter-se a paz de Jesus é sempre se perguntar, se o que se está fazendo para o próximo é aquilo que gostaríamos que nos fizessem. Anelar que a consciência, repositório das Leis de Deus, no dizer da questão nº 621 de "O livro dos Espíritos", respondendo que sim, não haverá dúvidas e se pode seguir em frente que o projeto está absolutamente certo e vive-se em plenitude. Contrário senso, há uma sensação de insegurança apoderando-se do espírito para o abandono do projeto, sob pena de não se encontrar a paz que o coração tanto deseja.
Será possível também encontrar a paz de Jesus, utilizando de palavras que constroem e edificam, de sorte a semear ao derredor energias que asserenem os espíritos, adotando postura de policiamento dos atos e pensamentos, sabendo-se que as criaturas são portadoras de imperfeições, com o convite perene da espiritualidade maior, para a reforma interior, alcançando o patamar de ser melhor hoje do que no passado, ansiando pela esperança de amanhã alcançar os páramos celestiais, se tornando melhor do que se é hoje.
Obter a paz de Jesus implica em apreender com os próprios erros, tendo a coragem de confessá-los para aliviar o coração sofrido e sorrir pela oportunidade benfazeja dessa reencarnação que permite pagar os débitos transatos em suaves reencarnações. Sob outra dicção, ter forças para retroceder nos equívocos da vida, como aprendizes da felicidade, e na humildade do coração pedir perdão dos desalinhos, para refazer o caminho em direção a jornada de progresso.
Ponto finalizando, segue nosso ósculo em seus corações, em nome da hóstia da fraternidade, com votos de um final de semana de muita paz em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -