Oh! Meu Deus. Incontáveis são as criaturas que se desvalorizam imaginando não ser ou não ter importância diante da vida, da existência em provas e expiações, porquanto concebem que seus préstimos, seu trabalho e a sua existência como integrante da sociedade civil organizada seja insignificante, que nada vale a pena ou esforço nenhum merece sua atenção; São os derrotistas de plantão que mais parecem se afeiçoar ao legado de Arthur Schopenhauer, filósofo alemão influenciado por Kant.
Esse era o viés por onde a filosofia, e os pensadores levantavam as armas para defender a ideia de que o que é real é o racional e além dele nada tem mais razão de ser; assim nasce o adágio de que: “Todo homem toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo." Sabem os pesquisadores, sem dúvida, que aqui não é o espaço para se mergulhar no imo ignoto do tema; contudo, registre-se “en passant” que para esse eminente pensador, sua filosofia era conhecida pelo pessimismo e a vida em solidão era constituída de imenso sofrimento, onde a arte não passava de uma trégua às dores do mundo.
Esse pensar olvida que todas as criaturas são obras do Pai Celestial, onipotente, onisciente e onipresente e que no cumprimento da promessa do Divino Jardineiro, restou comprovado nas questões 115, 133 e 804 de “O Livro dos Espíritos” que todas as criaturas foram obras do escultor do universo, a Inteligência Suprema Causa, Primária de todas as Coisas, ou em apertada síntese, a Potestade que é esse Deus, segundo o mesmo códex na questão 963, afirma que cuida de todas as suas criaturas.
Com esse sentimento, não será reprochável asseverar que nem aos filósofos dantanho ou aqueles que no curso da historiografia assumiram ou assumem esse papel, a verdade é que a ninguém será lícito jactar-se ou dar azo aos desarrimados e desanimados para a prática do niilismo para implantar e obnubilar a vida sempre bela, colorida e consentida.
Nesse espeque, é de bom alvitre, tanto para sedimentar o discurso sobre o tema, como para torna-lo mais ameno, assentando em relevo a importância de cada um dos filhos de Deus, na condição de herdeiros do universo, descrevendo a história de Ramayana um épico sânscrito atribuído ao poeta Valmiki, parte importante do cânon hindu, que significa “indo avançando”, traduzido como a viagem a Rama. Anote-se para fidelidade da transcrição, vênia concessa, mencionar “Ipsis verbis”, a história colhida na fonte da Redação do Momento Espírita, publicada em 02.02.2017.
“No Ramayana, uma das grandes epopeias indianas, conta-se a história do príncipe Rama, um jovem cheio de virtudes. A esposa de Rama, Sita, fora sequestrada pelo perverso Ravana. Ajudado por ursos e macacos, o valente Sama tentava construir uma ponte até a ilha de Lanka, onde viviam Ravana e a prisioneira Sita.
Os ursos carregavam pesadas árvores e os macacos traziam pedras. Mas não havia trabalho para um grupo de esquilos. Pequeninos, sem muita habilidade, eles apenas conseguiam pôr alguns grãos de areia na ponte que se formava. Os esquilos faziam assim: molhavam-se na água e depois rolavam na areia. Os grãos de areia grudavam no pelo e eles corriam até a ponte. Ali, sacudiam a areia sobre a construção. Narra a história que os outros bichos riam dos esquilos e desprezavam suas tentativas de colaborar. E os esquilos se sentiam humilhados porque seus esforços não eram valorizados.
Alguém resolveu contar a Rama o gesto dos esquilos. Esperava que Rama também risse dos bichinhos ingênuos. Venha vê-los, Rama, venha se divertir também com esses esquilos tolos! Mas Rama observou os animaizinhos, que rolavam na areia, enquanto todos à sua volta haviam parado o trabalho para rir. Gentilmente, ergueu um deles do solo. Acariciou-lhe a pelagem e disse, com amor: Um dia, todos ouvirão falar sobre a ponte para Lanka. Louvarão o esforço dos ursos e dos macacos, mas eu sou grato a todos os que trabalham. E você, pequenino, tem minha eterna gratidão. E, diante de todos que olhavam a cena, o príncipe Rama deu um presente ao esquilo: acariciou-lhe as costas e seus dedos deixaram três listras brancas nas costas do animalzinho. Esta, pequenino, é a marca de minha gratidão, disse Rama”.
O pai celestial louva todos os esforços de seus filhos e é grato aos que trabalham, razão porque deixou seu sinal e luz, como o seu patronímico como Potestade, motivo, razão e causa de ser sob esse pálio que se associa o teor do ensino moral extraído do Ramayana.
Registre-se, nesse modo de pensar, em alto e bom som que não se concebe negar a existência do fator indispensável para refletir sobre a moral evangélica, a virtude da gratidão, da generosidade e a importância do trabalho, inexistindo espaço para aqueles que comungam e praticam a ociosidade, a belicosidade e sobretudo as constantes queixas e reclamações sobre a vida. Assim, antes dos clamores desarrimados deve-se promover o emprenho necessário para alcançar o objetivo, máxime porque existe uma Inteligência Suprema, Causa Primária de Todas as coisas, que cuida de todas as suas criaturas e nada, absolutamente nada está a desgoverno, pois tudo tem um propósito, e, mesmo o sofrimento, não deixa de ser preciosa ferramenta de evolução para conduzir os viandantes aos páramos celestiais.
Nesse sentir, por mais que a insensatez campeie pelo raso chão dos céticos, não se pode negar que gratidão, a generosidade e a importância do trabalho, Leis da Vida, deve render tributo às virtudes em comento por mais humilde e obscuro que seja, posto que cada um dos filhos da Consciência Cósmica, eles têm um papel importante no mundo. É fato que, aparentemente, alguns trabalhos parecem ser mais importantes, contribuem mas, têm tarefas maiores, mais é somente na aparência, porquanto a ninguém será lícito jactar-se, diante de um porteiro, dos vigias, dos garis, das faxineiras, da segurança pública, dos que trabalham na saúde, daqueles encarregados das assepsias nos hospitais, porque é notório a falta que eles representariam para a sociedade civil organizada.
Todos em suas atividades são importantes. São homens e mulheres que se esforçam para ganhar o pão nosso de cada dia, tantas vezes regado com lágrimas que ninguém vê, senão o Pai Celestial que é grato pelo esforço de seus filhos amados. O Senhor da Vida, conhece a alma das suas criaturas e sabe avaliar com exatidão o esforço, capacidade e talentos de cada um. É Deus quem também vê no silêncio e na solidão as dificuldades de cada um nesse infinito universo e oferece concomitantemente as oportunidades de progresso aos trabalhadores do mundo de todo jaez sob a lente do seu amor divino, até alcançarem a plenitude existencial.
Sob esse díptico, na construção e reforma interior, louve-se a vida e recebam o ósculo em seus corações com a oblata da amizade lhanoza, anelando um ótimo fim de semana na paz e em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli