Muito se fala no cotidiano sobre a ética e a moral, conceitos de elevação espiritual e comportamento de bom-tom, proceder absolutamente correto daqueles que buscam pôr em prática as lições memoráveis de Jesus de Nazaré, que sem rebuscar a mensagem, ensinou aos interessados em bem proceder, a entregar a cada um o que é seu.
Sem contradita, no contexto filosófico, a ética e a moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade. Nesse sentido, muito se fala que uma determinada situação pode estar revestida de legalidade, mas o seu caráter não é moral. Uma consulta histórica informa que a palavra “ética” tem sua origem no Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”, enquanto que o estudo da palavra “moral” tem sua gênese no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”.
No caso em exame, ética é o conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano para explicar as regras morais sobre o manto da racionalidade, fundamentando a expressão em apreço, científica e teoricamente; moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano, usadas continuamente por cada filho de Deus, em busca do “nirvana”, o bem proceder nos caminhos da vida para encontrar a plenitude existencial, conceito também empregado pelos orientais para explicar a libertação dos atavismos.
Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau. No sentido prático, a finalidade da ética e da moral são semelhantes: ambas são responsáveis por construírem as bases que vão guiar a conduta do homem, sedimentando as bases do caráter e do altruísmo, com as virtudes, para ensinar a forma de agir e de se comportar em sociedade, como fez o Divino jardineiro na ribalta da sua vida pública.
O emprego dessas expressões, ética e moral, sem excesso no verbo rebuscar, vale dizer, empregar expressões ricas, esmeradas, requintadas, repletas de eufemismo, tanto como nas lições do homem de Nazaré mencionadas alhures, como na sabedoria popular, para bem explicar o tema em exame. Nas lições do cotidiano, colhidas no santuário da vida, sabe-se que uma distinta senhora, ao tratar de um assunto profissional, uma colocação de sua filosofia de vida chama a atenção, fazendo os viandantes do planeta Terra refletirem sobre a sabedoria popular, como fonte de crescimento dos filhos de Deus em direção às estrelas.
No caso em exame, com a simplicidade que é peculiar aqueles que tem como lema o aprendizado da jornada, bem sabem que a letra mata e o espirito vivifica, razão porque interpretava com beleza lirial os textos sub óculis, expressando em sua singular linguagem: "O que se faz escondido boa coisa não é".
Oh! Meu Deus. Quanta verdade existe nesse adágio popular, ao esclarecer à saciedade o exato significado da ética e da moral, no espírito das retóricas inapagáveis do Messias, máxime porque os desavisados ao escolherem a porta larga da estrada, servem-se de silogismos, sofismas, ou simulacros, para esconderem suas verdadeiras intenções.
Que ninguém se engane ou permita que a rasa filosofia faça morada nos corações em direção ao progresso e elevação espiritual. Anote-se que encontram no exercício das palavras, a sua finalidade para traduzir do campo imaterial, para a área da materialidade a formatação dos pensamentos que nascem no espírito imortal, maneira de deturpar os sentimentos dalma, como se pudesse mediante esse argumento espúrio produzir a ilusão da verdade, que embora de aparente lógica tem estrutura incorreta e deliberadamente enganosa. Esse procedimento destina-se a fazer tábula rasa o reto cumprimento dos deveres, provocando os desaires das pessoas, mesmo sabedoras que são, de que os sentimentos dalma não estão representados nas palavras que proferem, insistem em convencerem a outrem de seu discurso ignoto e espúrio.
Sob o díptico dessas reflexões, o estudo da ética e do moral, oferecem aos seus profitentes uma noção perfeita dos temas em debate, porque em todas as áreas das ciências humanas, por todos os cantos do orbe, se ouve falar sobre a importância da ética e da moral, seja no relacionamento político, social, familiar, no exercício das profissões de qualquer natureza, ou nos fóruns da vida, a palavra corrente que se impõe para respeitar como lei maior à ética e a moral, conduzem, sem contradita ao reto cumprimento dos deveres.
Entre a melhor exegese do que representa a ética e o moral, na aplicação desses nobres conceitos como forma de vida, vai uma grande diferença, porque quando se está sendo observado por alguém, de alguma sorte se acompanha os procedimentos pulcros ensinados pelo nazareno, motivo porque a atitude do observado não raro é a de aplicar esse conceito. A ética e a moral verdadeira, porém, está em agir corretamente quando ninguém está, em tese, observando o comportamento das criaturas, conscientes de que o Senhor da Vida, tudo vê, e o reto proceder e a educação é como uma moeda de ouro que tem valor por todo o planeta de provas e expiações.
Na mesma vertente, sob a égide das lições do Divino Jardineiro, todos que buscam o bem proceder, embora estejam no caminho onde há pedras, abrolhos e espinhos, não lhes será lícito desconhecerem que os distraídos tropeçam nas pedras, o bruto a utiliza como arma, o empreendedor com a pedra edifica um prédio e o camponês faz dela um assento, enquanto Michelangelo transforma a pedra numa escultura; com a pedra do caminho Davi matou o gigante e Jesus mandou remover a pedra para ressuscitar seu primo Lazaro.
Portanto, é justo observar que a diferença não está na pedra, mas sim na atitude das criaturas em trânsito pelo planeta destinado ao aprendizado. Não existe pedra no caminho que não possa ser transformada para o crescimento dos filhos da Potestade, de sorte que cada pedra no caminho é uma prova de crescimento que o Senhor da Vida oferece aos seus filhos para descobrirem pela inteligência de que são dotados, transformarem as pedras em alicerces de progresso em sua jornada.
Óbvio com esses considerandos, que sem distinção os filhos da Consciência Cósmica, ainda são pecadores, imperfeitos como todos que se candidataram à viagem que conduz aos esplendores celestes por esse mundo de provas e expiações, razão porque colhe-se no jardim da vida experiência de real valor para a aplicação dos conceitos populares que aprofunda o bisturi do estudo nos temas da ética e da moral.
Com o fim pedagógico e para sedimentar o estudo, vênia concessa, para relatar fato de experiência vivida nesse tatame de provas, quando certa vez, um cliente da banca profissional, abrindo seu coração, confidenciou que certa feita, em um acerto de contas envolvendo grande soma de dinheiro, acabou ao final por constatar que não pagará à sua credora o valor pleno que fazia parte de seus haveres, na época cerca de R$ 2.000,00, quantia significativa considerado o tempo dessa ocorrência.
O interessado aproveitou a ensancha de uma consulta e confidenciou dizendo que constatou o engano posteriormente, mas, como ninguém presenciou a ocorrência e as contas já haviam sido aceitas como corretas, ficou instigado, tentado mesmo a ficar com esse espólio para ele; finalizava sua história, com a sustentação de que ninguém presenciara esses acontecimentos. Indagado sobre o procedimento então adotado, depois da constatação da realidade, revelou o “prestador de contas” que para o seu gaudio, foi nesse momento que aplicou os conceitos da ética e da moral, que havia aprendido na vida, na religião e na doutrina que abraçara com sentida emoção, bem aplicando a lição do rabi da galileia para dar a cada um o que é seu, libertando sua consciência da mácula.
De fato, sob o manto sagrado das bênçãos concedida pelo Senhor da Vida, sempre que se esteja em dúvida sobre qual o caminho a seguir ou qual a melhor atitude a tomar, seja na área de conflito mental, nas más tendências que ainda se carrega dos atavismos, siga o homem probo, esforce-se para vencer, ou livrar-me de influências espirituais negativas, perguntando ao Homem de Nazaré, como proceder. Nesse caso, é de bom alvitre da recomendação do espírito benfeitor da humanidade, Joanna de Ângelis, ora sob foco: “Nunca enganes a ninguém. A vida é grande cobradora e eximia retribuidora. O que faz aos outros, sempre retornará a ti”.
Dir-se-á que é difícil seguir esses postulados. É verdade. Mas, também foi difícil para aquele modesto empregado que lavava os banheiros no aeroporto em Brasília, nos idos tempos de 1980, que morando em um barraco, encontrou uma valise na madrugada e procurando pelo cartão na pasta, deparou-se com US$ 50.000,00, que ninguém sabia e os devolveu no dia imediato ao seu legítimo dono. Isso é ética. Isso é moral. Fazer o bem quando não se está sendo observado, pois Deus que tudo vê, também vê os corações de seus filhos, as intenções, os propósitos, em direção a elevação do espirito em crescimento no mundo de provas e expiações.
Difícil não quer dizer impossível. Basta o esforço para dia a dia e hora a hora; vencer as tentações, mediante o "vigiai e orai", porque através desse exercício, se está domando as más inclinações e trabalhando para ser melhor hoje do se foi no dia antecedente, com o coração esperançoso de um porvir de paz conquistada, como propôs o Divino Pastor. O que se oculta hoje surgirá amanhã em sombras de sofrimento. Jamais deixe de tratar os companheiros de jornada com lealdade. A ética e a moral convidam a agir sempre com elevação, evitando comprometimento para vivificar ao espírito, ainda que tudo indique que se esteja a sós, sendo oportuno evocar a lição do apóstolo dos gentios, Paulo de Tarso. "Cada pensamento tem centenas de testemunhas".
A essência dessas reflexões, consta do livro Antologia Espiritual da lavra de Marco Prisco, espírito, pelas mãos abençoadas do incomparável Tribuno Divaldo Pereira Franco, a quem rendemos modesta homenagem de carinho pelas lições que traz aqueles que experimentam o sabor de viver uma vida digna, ética, moral e proba, em nome de Jesus de Nazaré.
Cabe por derradeiro, anotar-se uma história verdadeira que merece ser compartilhada sobre a ética e a moral na pescaria da vida. "Conta-se que ele tinha onze anos e, a cada oportunidade que surgia, ia pescar no cais próximo ao chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago. A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada. O menino amarrou uma isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água. Logo, elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lado. Quando o caniço vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha. O Pai olhava com admiração, enquanto o garoto habilmente e com muito cuidado erguia o peixe exausto da água. Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era permitida na temporada. O garoto e o pai olharam para o peixe tão bonito, as guelras movendo para trás e para frente. O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Ainda faltavam quase duas horas para a abertura da temporada. Em seguida, olhou para o peixe e depois dizendo: Você tem que devolvê-lo, filho! Mas papai reclamou o menino. Vai aparecer outro, insistiu o pai. Não tão grande quanto esse, choramingou a criança. O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente a olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza em sua voz que a decisão era inegociável. Devagar tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. Naquele momento, o menino teve certeza de que jamais pegaria um peixe tão grande quanto aquele. Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje, o garoto é um arquiteto bem-sucedido. O chalé continua lá, na ilha em meio ao lago, e ele leva seus filhos para pescar no mesmo cais. Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe todas as vezes que depara com uma questão ética ou moral, porque o pai lhe ensinou que a ética e a moral é simplesmente uma questão de certo ou errado”.
Agir corretamente, quando se está sendo observado é uma coisa. A ética e a moral, porém, está em agir corretamente quando ninguém está observando. Com esses sentimentos dalma, segue nossos votos de um fim de semana de muita paz, com um beijo carinhoso em seus corações, nesse mês de muita luz em nome daquele que veio para nos ensinar a ética, a moral e o dever do reto proceder.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -