A expressão popular atribuída ao sentimento do esgotamento de uma situação fática, encontra arrimo na expressão do substantivo gota d’água: significa o fim do exercício da virtude da paciência ou o esgotamento dos limites para a espera de um acontecimento ou para suportar uma situação que parece insuportável. Sob outra dicção, trata-se, sempre um fator que contribui para o exaurimento decisivo desencadeando uma explosão dantesca, que por seu turno gera injúria, violência e agressão, na medida em que as palavras utilizadas são de baixo calão, chulas e via de regra, impróprias para as ocorrências daquele momento.
Lamenta-se anotar que incontáveis criaturas deixam-se levar pelo momento da gota d’água, permitindo libertar a fera que existe dentro de cada indivíduo, pondo a perder o controle das ações, razão porque geram a cizânia, a discórdia as ofensas de todo jaez, chegando mesmo às guerras, guerras essas que custam infindáveis sacrifícios humanos e financeiros até encontrarem os limites da sensatez para restabelecer a paz.
Sem hipocrisia, o fato é que não há ninguém que viva as experiências terrenas sem falhas ou erros, vez que todos trazem de priscas eras, limitações pessoais, tormentos emocionais, que os levam inevitavelmente a cometer tropeços aqui, acolá, alhures e algures. Não raro, se imagina que os erros, uma vez cometidos, são irreparáveis, de alta periculosidade, hediondos, clamorosos, chegando a se imaginar que a virtude do perdão não pode alcançá-los. Não, mais uma vez, não se trata de fazer apologia aos desalinhos do caminho; a realidade é que aqueles que assim pensam fazem uma ideia falsa e perturbadora dos desacertos, máxime porque essa sensação de que os equívocos e os erros da lavra dos viandantes, não tenha remédio é uma falácia.
Para bem se fixar a ideia, vênia concessa para o uso do adjetivo estreme, significando sem nenhuma dúvida que o desajuste na realidade se trata de ferramenta pedagógica, destinada à correção do rumo aos candidatos da felicidade para que, a partir do engano, ainda que trilhem pelos caminhos perigosos, onde existes abrolhos, acúleos e pedras no caminho, se acerte o passo. Afinal, não se olvide que o distraído tropeçou na pedra, e o bruto a usou como arma, enquanto o empreendedor, da pedra se serviu para a construção, e o camponês fez dela um assento; para o escultor italiano Michelangelo da pedra fez uma escultura; Davi matou o gigante e Jesus mandou remover a pedra para ressuscitar Lazaro.
Nesse sentir, observe-se que a diferença não está na pedra, mas sim, na atitude dos inscritos na Universidade da vida. De fato, não existe pedra no caminho que não possa ser removida ou utilizada, aproveitando-a para o crescimento dos filhos da Potestade, consciente de que Deus não faz nada sem propósito. Por isso, é válida a rogativa para que Deus conceda sabedoria os viajantes do planeta Terra, a fim de saberem o que fazer com cada pedra que encontrar na jornada de progresso, transformando-a em alicerce para sedimentar a caminhada até os esplendores celestes.
Parodiando os conceitos do venerando espirito Joanna de Angelis, há sobre a “gota d’água”, uma aplicação ao termo que seduz os que se esforçam para terem puros os corações. É a gota de amor sem limites. Quando a vida parecer ter perdido o sentido, quando nada mais aparentar dar certo e o desespero for total; falta os recursos, o emprego foi perdido e a esperança assemelha-se a um adeus à vida, com a taça da existência repleta de amargor, só existe um remédio infalível, sob a bandeira de Jesus: a gota d’água de infinito amor. A gota de amor é o lenitivo que retém o transbordamento da taça da vida, evitando os descompassos, a “perda de vidas”, pelos atos tresloucados, as injúrias e violências, porque essa gota de amor contém o perdão, a tolerância, a indulgência a paciência e o devotamento às lições do Cristo de Deus.
Assim, desde que se perceba o erro cometido, que se dê conta da atitude indevida, permita-se o arrependimento, revelando indícios de maturidade pela indulgência do auto perdão. E, para que esse auto perdão não permaneça vazio e sem sentido será necessário o esforço pessoal para a reparação do mal feito. A partir do momento que se resolve por mudar para melhor, reabilita-se e dá-se um passo largo para a construção do futuro, tirando a pedra do caminho.
É bem de ver que se está disposto à reestruturação pessoal. Com esse proceder, se avança pelo roteiro traçado no pretérito na pátria espiritual, sem culpas armazenadas n’alma, que para nada mais servirão. Se houve erros, é hora de planejar novos passos para imediata reparação, sem se alongar demasiadamente em arrependimentos que nada constroem, quando não levam o desalinho do insensato suicídio, adentrando às trevas mais densas do sofrimento. O desalinho não se combate com a gota d’água tradicional, mas com a gota d’água proposta por Joanna de Ângelis, delicado raio de luz de um pirilampo, da mesma forma que se subjuga as dificuldades do caminho.
É verdade que os desígnios de Deus são de justiça, e, não menos verdade é que todos seus filhos estão envoltos nas bênçãos da sua misericórdia e do seu amor. Por isso, ainda que se erre antes de acertar, a melhor maneira de agir no processo do autoburilamento é não se aprisionar nos poços sem fundos dos tropeços pedagógicos. Sem contradita, diante do tropeço na pedra do caminho, tantas vezes quantas necessário, será imperioso o recomeço da trajetória, conscientes de que jamais se está a sós; sinta a gota d’água do eterno amor de Jesus ao conclamar: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviareis. ”
Nesse pálio, sem dúvida, vence-se a caminhada pelas tempestades do caminho, nas provas e expiações cuja finalidade é o aprimoramento dos filhos da Potestade; no dizer do arauto do bem, Joanna de Ângelis, a partir dessa marca, transforma-se em criaturas como o diamante que brilha; e por onde o brilho do diamante passa tudo ilumina como um pirilampo da bem-aventurança, apagando os golpes sofridos na refrega da jornada da lapidação.
Em síntese apertada e, com os conceitos que se colhe no livro da Lavra de Joanna de Ângelis, “Seja Feliz”, na psicografia de Divaldo Franco, troque-se a gota d’água tradicional pela gota d’água de amor, por amor e em nome do amor, amando a vida sempre bela, colorida e consentida. Permita-se viver com alegria ensejando o sorriso de plenitude; supere as decepções da taça cheia prestes a transbordar; a última gota, será a gota d’água do amor do Divino emissário, porque essa gota não transborda a taça da vida; ao contrário, estanca as decepções. Que os erros sirvam de lições para insculpir na intimidade d’alma as leis imortais reveladas pelo suave Cantor da Galileia, que as declamou em prosas e versos para toda a eternidade.
Ponto finalizando, segue o ósculo de a hóstia da fraternidade, anelando tenham todos um ótimo fim de semana em nome do Divino Galileu.
Do amigo de sempre.