Quando as criaturas anseiam por dessedentar a sede de conhecimento sobre a excelência do amor, buscam com sofreguidão entender o significado desse verbo em sua mais pura acepção, uma vez que os profitentes do termo em apreço, encontram invariavelmente na palavra amor, o símbolo da posse que se tem pelos bens materiais, e ou pelas pessoas, não raras vezes enamorando-se “perdidamente”. Nesse ponto, atribui-se a expressão amar, declamações e juras de amor, compondo belíssimas poesias para conjugar em todos os tempos, modos e pessoas o verbo amar, apesar de não raras vezes, pasmem-se, chegam ao absurdo de matar o ser “querido”, pretextando o ato transloucado, “que se amor não lhe pertencer, também não será de mais ninguém”.
De fato, estão presentes na sociedade civil organizada os homicídios passionais, aqueles crimes que se comete por paixão, paixão esta, entendida como uma forte emoção, que pode comportar às vezes um sentimento platônico e outras vezes se identifica o ser agressivo, possessivo, dominador, mas jamais o amor verdadeiro. A ninguém será licito justificar-se nesse conceito, quando é notório que o amor verdadeiro, significa desalgemar, soltar as amarras, libertar, entregar-se, doar, perdoar, ser indulgente, benevolente, caridoso, tendo como referência do amor na excelência da palavra, tudo, mas absolutamente tudo, o que o Messias ensinou aos seus irmãos menores, bastando uma consulta a boa nova para se ter o arrimo indispensável do bem proceder.
Compreendido o dever das criaturas diante da existência de provas e expiações, não há justificativas aos ataques terroristas, independentemente de onde sejam realizados, ainda que se cubram com o manto do aparente direito, não deixam de ser violências contra a Humanidade inteira, assombrando os transeuntes em provas, provocando a destruição, impondo o império do medo, na forma de ameaças invisíveis que distorcem a pouca paz de se que dispõe, instaurando o reinado de insegurança.
Esse proceder medieval representa um retrocesso aos tempos do primarismo da criatura, triste episódio que rebaixa o ser humano, máxime porque torna-se portador do mal, simbolizando suas ações nefandas, a execração que ainda encontra guarida em tantas almas no globo terrestre, na maioria das vezes travestidos em nome dos interesses do bem-estar e do “amor” aos irmãos de caminhada em desamparo.
De longa jornada já se experimentou combater o mal com outro mal maior e o resultado não deu certo, porque diante das cinzas da destruição, sobrou somente a dor imensa nos corações sequiosos do amor verdadeiro. A experiência demonstrou a saciedade que vestir a vingança com o manto da justiça e sair pelos quatro cantos do mundo, repletos de ódio, tentando aplacar a sede de paz, de amor, não faz nenhum sentido, quando a bandeira desfradada no monte gólgota pelo Divino Jardineiro estabeleceu a virtude do perdão como lenitivo para as dores físicas e das almas.
Oh! Meu Deus. Será possível que no alvorecer do mundo de regeneração os candidatos à felicidade ainda não se compreenderam que sem a bandeira branca, hasteada por Jesus de Nazaré, não haverá o amor pleno; da mesma forma não será reprochável asseverar que tanto no plano material, como no mundo espiritual, grande quantidade de Espíritos equivocadamente ainda se enraízam no ódio, na revanche, na raiva, na indignação e na mágoa, crentes de ser o revide a solução que irá lhes acalmar o íntimo desequilibrado.
Não, isso não é a verdade. É a outra face, a face do amor que é o lenitivo, único e eficaz para curar todas as dores do mundo; bem por isso, exorta o Messias a irem até ele, em Mateus 11,28-30: ao declamar a eterna poesia do amor, sublime amor, único e autentico remédio para as dores do mundo, curando o ódio e a vingança, ao poetizar para os viandantes cansados dizendo: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve. ”
Sim. Sem dúvida o caminho é a predica do Homem de Nazaré. As lições do sermão da Montanha, em todo o seu esplendor das bem-aventuranças não deixa dúvida sobre a estrada a ser seguida, sem ódio e sem revanche, razão porque Mohandas Karamchand Gandhi exarou seus sentimentos sobre os conceitos do cristianismo dizendo que “se toda a literatura ocidental de perdesse e restasse apenas o Sermão da Montanha, nada se teria perdido”.
Assim, o Cristo de Deus, subiu num monte e sentando-se aproximaram-se dele os discípulos e Ele disse: Bem-aventurados os pobres de espíritos porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que choram e sofrem, porque serão consolados; bem-aventurados os mansos e pacíficos, porque eles herdarão a terra; bem-aventurados os que tem fome e sede de Justiça, porque encontrarão a Justiça; bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão a Misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a face de Deus; bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus; bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da Justiça, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e mentirem, dizendo todo mal contra vós por minha causa.
Nesse sentido, ainda que possa parecer difícil a prática do perdão e da compreensão, não se olvide que apesar de se sentir ferido, a realidade é que se está escondendo da verdade, e, essa verdade ainda que possa ser difícil num primeiro momento, não é impossível. Lutar o bom combate como propõe Paulo o apóstolo aos coríntios, é lutar contra os impulcros ímpetos e tendências milenares que sempre exige esforço para a vitória. Todavia, o bom combate compensa porque liberta e a vitória sempre está ao alcance dos destemidos.
É a outra face do amor chamando para fazer frente ao ódio; a face dos braços abertos que aceitam, frente à intolerância que repudia; a face da caridade que constrói frente às bombas que despedaçam. A outra face do amor, jamais será a face da indiferença, mas a da ação inteligente no bem, pois se o mal é ardiloso, perspicaz, sorrateiro, o bem é articulado, amoroso e vigilante. Assim, quando atacados, ofendidos, enganados ou iludido, é de bom alvitre apresentar uma face diferente daquela que feriu os mais puros ideais. O ódio e a violência podem persistir por um tempo, mas não resistem ao poder absoluto e superior do amor.
Anote-se por ser oportuno ao discurso em apreço, que em 13 de novembro de 2015 em Paris, no teatro Bataclan, quando ocorreu o reprochável massacre no Boulevard Voltaire, foram muitos que resolveram oferecer a face do amor, e a prova desse gesto de amor pleno, se deu quando um pianista anônimo ousou trazer seu piano de cauda para a rua, posicionou o instrumento em frente ao local onde as vítimas tinham perecidos e tocou aos corações que ali se encontravam a linda melodia de John Lennon, ao comovente som de Imagine, fazendo com que as lágrimas se misturavam a sorrisos através da arte.
Foi um momento de êxtase, que fez com que todos refletissem sobre o futuro, sobre a vida bela, colorida e consentida e os objetivos maiores da existência, porque nos dedos do pianista misterioso não havia ódio nem desejo de vingança, mas ao contrário, existia empatia para com a dor de seus conterrâneos e um profundo desejo de paz em nome da face do amor, o amor profundo de Jesus, fazendo com que onde houvera tanta dor e aflição provocado por tiros e bombas cruéis que ainda ecoavam naquele logradouro, em seus escombros, agora, predominava a melodia do amor.
Ponto finalizando, parafraseando o Divino Mestre, a caridade e luz no caminho, e não obstante os acúleos e abrolhos da estrada, Jesus asseverou que "No mundo tereis aflições" e que a estrada das provas e expiações foi muito difícil para os apóstolos, e os discípulos do Senhor, especialmente para o Cordeiro de Deus, pois todos padeceram agruras, e aflições, e sem exceção foram perseguidos, mas em suas advertências está nas palavras que não se calam, mostre a face do amor."Esforça-te e tem bom ânimo". “Eu venci o mundo”.
Com esse ideário, recebam os amigos fraternos, votos de uma final de semana repleto de paz, em nome de Amigo Celeste, dessedentando-se na fonte inesgotável do amor do Divino Jardineiro.
Do amigo fraterno de sempre.