A lição preciosa do amigo de todas as horas, insculpida na boa nova para que ficasse registrado no livro da vida para toda a eternidade, foi sem dúvida a lição imorredoura para se fazer ao próximo tudo aquilo que se deseja para si; É o que se compreende no texto do maior mandamento, quando os fariseus, cientes de que Jesus houvera calado a boca dos saduceus, reuniram-se em conselho e encarregaram um doutor da lei, não para enriquecer-se de lições alvissareiras, mas para provocá-lo; por isso perguntaram-lhe qual era o maior mandamento da lei. Jesus foi enfático: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, este é o maior e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contêm toda a lei e os profetas”. (Mateus, XXII: 34-40).
Esse desdobramento da lei pétrea, não deixa dúvida de que tudo o que as criaturas anelam receberem, deve também fazer ao seu próximo, consoante Mateus, 7:12 e Lucas VI:31; Da mesma forma, nas penas dos arautos do bem, consta a memorável prédica da comparação do Reino de Deus, com arrimo na metáfora do rei que toma as contas de seus fâmulos. Essa atitude, sem contradita, resulta em amar ao próximo como a si mesmo; fazer aos outros como quereríamos que nos fizessem, é sem dúvida a expressão mais completa da caridade, porque ela resume todos os deveres do homem para com o seu semelhante, desfraldando a bandeira da solidariedade e o amor na excelência da palavra para com o próximo.
Oh! Meu Deus. Que não se engane a rasa filosofia dos profitentes à caridade, de que exista algum direito que outorgue prerrogativa a se exigir do semelhante melhor tratamento, maior indulgência, benevolência ou devotamento, do que aquele que se concede a outrem. Ao fazer o bem ao próximo, indubitavelmente, a prática desse proceder leva ao banimento do seio da sociedade a detestável figura do egoísmo, e da mesma sorte, no momento em que os homens adotem esse proceder retilíneo como base das instituições, aplicarão em toda a sua textura a ética ensinada por Sócrates, máxime porque o filósofo ateniense pregava o respeito das virtudes, sua essência, seu valor e obrigação e se questionava:
Como saber se uma conduta é boa ou não, e quando a conduta é virtuosa ou quando é reprovável. Seguia adiante em suas prédicas, porque as provocações éticas socráticas dirigiam-se não somente ao indivíduo, mas também à sociedade. Alicerçado nesse conhecimento é que os viandantes transitando pela boa nova do Divino Jardineiro, compreenderão a verdadeira fraternidade e farão reinar a paz e a justiça, abolindo o ódio para que não haja mais dissensões, e, em seu lugar nasça a união, a concórdia e a mútua benevolência. Bem se vê nesse discurso que o Mestre bem compreendia a necessidade de se tratar a todos os que caminham em busca da felicidade pela estrada da existência, como candidatos a carimbarem o seu passaporte para os esplendores celestes. Com essa concepção, faz-se de cada um em particular um amigo para todas as horas, não importa as circunstâncias que envolvam os relacionamentos, o que importa é fazer ao próximo tudo aquilo que se deseja para si mesmo.
EXEMPLOS DESSE ÁGAPE NÃO FALTAM.
Santa Madre Tereza em Calcutá na Índia, o Dr. Bezerra de Menezes, Irmã Dulce, Caibar Schutel, Divaldo Pereira Franco no seu missionato quase centenário, Eurípedes Barsanulfo, o Bandeirante do espiritismo, Francisco Cândido Xavier, Mohandas Karamchand Gandhi, Martin Luther King Jr., além, mais muito além de incontáveis arautos do bem. Entre eles, o incomparável irmão e amigo, sempre de braços abertos, convidando a irem até Ele os que se encontrem aflitos e sobrecarregados, razão pela qual é crível descrever o incomparável amigo de todas as horas, consolidando seus exemplos e os fatos históricos que o envolveram na preciosa lição hoje sub-oculis.
Anota a historiografia mundial que se tratava de um juiz do Sinédrio, aquele que levou o rabi da galileia ao suplício e ao martírio do madeiro infame. Egresso da cidade de Arimateia, povoado de Judá, homem rico, segundo Mt. 25,57, proprietário de uma frota de navios mercantes, membro ilustre do Sinédrio, José tinha em Jerusalém um sepulcro novo, cavado na rocha, próximo do monte Gólgota. Era discípulo de Jesus, mas mantinha isso em segredo, tal como Nicodemos, por temor às autoridades judaicas, segundo relata João, 15,38.
Homem justo e bom, conceituado entre os magistrados do povo de Israel, casado com Sara, filha de Caifás, o Sumo Sacerdote de Israel, ainda que nesse ambiente hostil, teve oportunidade de defender o amigo, entre setenta dos seus pares que vestiam a toga e, oportunizando as prédicas do Mestre Jesus, não temeu perder o poder, a riqueza, e o prestígio, pois o mais importante era o Amigo Jesus de Nazaré, nada obstante, e apesar de seu esforço inaudito, o bom homem não conseguiu evitar o julgamento arbitrário do Nazareno pelo sicário Sinédrio em Jerusalém, nem a Sua condenação.
Que fez então José de Arimateia? Acompanhou a trajetória de dores de Jesus e ao vê-lO expirar na cruz, rapidamente se dirigiu ao procurador da Judeia para lhe pedir o corpo, evitando assim fosse espoliada a veste carnal do missionário. Pilatos intrigou-se com o fato, porquanto esperava que parentes do condenado Galileu é que fossem até ele para lhe pedir o corpo. Estranhamente foi um membro do Sinédrio, que se dizia seu discípulo, que O veio resgatar. Pilatos depois de admirar-se da postura de um judeu, acabou por ceder a rogativa de José de Arimatéia. É possível que decisão do Governador para liberação do corpo de Jesus, tenha fulcro no seu estado emocional, perturbado pelo julgamento espúrio ou quem sabe, porque, sua esposa Cláudia Prócula, segundo relato de Nicodemos, ainda que conste esse fato como apócrifo, disse-lhe textualmente.
“E estando assentado no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas na questão desse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele". Outra circunstância dessa concessão de Pilatos, pode ter sido as palavras misteriosas do condenado, ou ainda pela consciência que lhe dizia ter condenado um inocente.
O fato é, que com a permissão do procurador do estado de direito daquela época, José retornou apressadamente ao Calvário, pois necessitava evitar qualquer tentativa brutal dos soldados ao corpo de Jesus. Assim, providenciou a retirada do corpo inerte da cruz e pessoalmente preparou tudo para um sepultamento digno, sendo auxiliado a última hora por amigos para preparar o féretro. As tiras para envolver os membros e o tronco. O sudário para cobrir o rosto. O lençol de linho para envolver o corpo. Prepararam também as ervas aromáticas especiais para o embalsamamento, conforme o costume judaico.
Foi assim, que afinal, perto do monte gólgota, onde José de Arimateia tinha uma propriedade, em uma espécie de jardim, num sepulcro cavado na rocha, adrede destinado a si mesmo, sem hesitar, ele cedeu o túmulo intacto para acolher o corpo do Amigo. Sob o manto das lições do Homem de Nazaré, máxime para servir a todos que estejam enfraquecidos e necessitados, impõe-se o dever de servir o próximo, atendendo aos irmãos de caminhada com todas as forças d’alma, porque servindo ao necessitado, serve-se a Jesus, o amigo de todas as horas, porque muitas vezes se pensa que a estrada da vida com Jesus é toda plana, sem problemas, sem dificuldades, sem lutas e sem aborrecimentos. Ledo engano. Há muitos irmãos que vem na retaguarda necessitando da caridade e luz no caminho, e não obstante os acúleos e abrolhos da estrada, Jesus asseverou que "No mundo tereis aflições".
É oportuno anotar que, a estrada das provas e expiações foi muito difícil para os apóstolos, e os discípulos do Senhor, especialmente para o Cordeiro de Deus, pois todos padeceram agruras, e aflições, e sem exceção foram perseguidos. Nesse sentido, as advertências e os avisos na Palavra de Deus: "Esforça-te e tem bom ânimo". “Eu venci o mundo”.
SIGA JESUS, SIRVA O PRÓXIMO,
Com esse ideário, recebam os amigos fraternos, votos de uma final de semana repleto de paz, em nome de Amigo Celeste, dessedentando-se na fonte inesgotável do amor do Divino Jardineiro.
Do amigo fraterno de sempre.