Os seres humanos são criaturas eminentemente gregárias. Enganam-se aqueles que imaginam sejam os eremitas ou os misantropos, seres especiais em contemplação. Na visão mais profunda da questão em exame, não será ousadia dizer que esses personagens têm mais de egolatria do que de sapiência, assim considerando o afastamento ou isolamento em que vivem da sociedade, razão de não dividirem seus conhecimentos, e também nada acrescem em sua cognição, resultando destarte não contribuírem para o progresso da humanidade. Sob a luz dessa reflexão, se observa que essas criaturas, tanto quanto àqueloutras que comungam os mesmos ideais, por escolherem incontáveis vezes os caminhos da porta larga, vivem mesmo como desagregados da sociedade, dando azo para encontrar, não raro o poço sem fundo das desesperanças.
E quando as desilusões e os desânimos chegam, máxime quando seus projetos se desarrimam nos insucessos das provas, momento em que acabam lamentavelmente por se julgarem deserdados pelo pai Celestial, isso quando não se atribui a pecha de incapaz, ignorante e toda a ignomínia de que for capaz de proferir para diminuir o seu valor como herdeiro do Universo, filho de Deus. No outro pólo, quando se preenche a alma de amor e de benevolência com as naturais dores do caminho, articulando nos erros da estrada da vida, condição natural da escola da existência em provas e expiações a dor e a alegria de vive constituem abrigo seguro da existência nas provas, no seio da família, em tudo passando a enxergar a vida como bela, colorida e consentida.
A ajuda ao próximo em pranto, emprestando os ouvidos àqueles que necessitam externar suas dificuldades, é disputar a honra de crescimento pelo esforço pessoal na sociedade civil onde moureja, ensejando o exercício do atributo da bem-aventurança que lhe constitui o caráter do ser imortal destinado às estrelas, estudante laborioso da virtude da benevolência, consciente de que tratando a outrem com estima e consideração, se está praticando a benevolência de que também necessita o benfeitor nas mesmas experiências evolutivas. Esse procedimento gregário, com as lutas e vitórias junto aos candidatos à felicidade, transitando pelos mesmos caminhos das dores, do aprendizado, da alegria e da felicidade, sem contradita é a proposta de vida para o crescimento e a elevação espiritual de cada viandante em busca dos esplendores celestes.
Sob esses favônios de compreensão do tema em apreço, nenhum dos filhos de Deus que habita esse orbe nos dois lados da vida está em condições de dizer que já atingiu a plenitude e muito menos pode se julgar deserdado dos dons que a Providência Divina outorga a sua obra.
Se por ventura os inscritos na Universidade da vida, já tivessem atingido a elevação da erudição em plenitude, estar-se-ia estagiando no mundo à frente, o Mundo de Regeneração, onde informam os arautos do bem, não existe tantas guerras, desavenças e crimes que estarrecem a humanidade, mas será um lugar de repouso para as almas cansadas das lutas e para o refazimento da jornada de aprendizado em direção a única fatalidade de que o espirito é portador, os esplendores celestes.
O ensejo motiva recordar, a luz do pentateuco espírita, que há cinco escalas de Mundos para o progresso dos filhos da Potestade para encontrar o “nirvana”. O Mundo primário de onde procedem as criaturas, vindas das mãos do Senhor do Universo, como simples e ignorantes. Simples no sentimento dalma e puro como as crianças, sem maldade nem preconceito. Ignorantes, por desconhecerem as causas, e a razão da vida, como tão bem descreve Léon Denis no seu livro “O problema do ser, do destino e da dor”.
O Mundo de Provas e Expiações, esse por onde se transita presentemente, no alvorecer do mundo de regeneração, com destino ao aperfeiçoamento, aonde em razão do estágio da consciência do sono, ocorrem diuturnamente as guerras de Israel, do Líbano, da Cisjordânia, do Estado Islâmico, dos xiitas ou dos curdos, seja lá qual for o estado da guerra de plantão. É nesse mundo que se vive, onde acontecem os crimes do colarinho branco, os desajustes políticos, onde há serviço a cântaros para as comissões parlamentares de inquérito e a operação lava jato, esforçando-se para pôr freios e medida aos ambiciosos de plantão, inibindo as mentiras, o mau proceder ou o assalto a mão armada, o latrocínio e toda espécie de crimes contra o patrimônio financeiro e moral das criaturas de Deus, entibiadas dos valores da alma.
Os Mundos Felizes, é onde o mau está definitivamente banido do calendário dos justos, e os candidatos à felicidade, estão graduados a ingressarem na academia e na universidade dos bem-aventurados no reino de Deus. Finalmente, os Mundos Angelicais, onde as criaturas de Deus vivem em plenitude, valendo recordar que esses espíritos não podem ser confundidos com os anjos de asas nas costas. Os espíritos não têm asas. São seres imortais, pois o Senhor do Universo não faz modelitos, mas filhos destinados às estrelas.
Com fulcro nessa premissa, se pode compreender que ao viver em sociedade, praticando a virtude da benevolência, em síntese a caridade na expressão de sua plenitude, experimenta-se a pacificação dos acontecimentos e dos fatos. Nesse estágio, há criaturas vocacionados para o bem. São filantropos que têm vocação para o altruísmo e estão sempre na liça do bem, prontos a atender os necessitados. Outros não têm esse jaez e por isso enveredam-se pela trilha da delinquência, do furto do roubo, do crime em geral, ou das drogas que estiolam o corpo e comprometem o espírito imortal.
Dessa dualidade em que se vive no mundo de Provas e Expiações, certamente se pode esposar os sentimentos do poeta Gabriel Garcia Marquez, ao tratar como “pessoa deficiente aquela que não consegue modificar sua vida”, ou a da própria sociedade civil que pelos seus representantes, sem ter consciência de que se está junto na grande viagem, cujo destino tem uma causa e não se trata do acaso, onde os interesses de uns sobrepõe aos de muitos.
Assim, pelo mesmo viés, louco será, àquele que não procura ser feliz com o que possui e deseja enganar a outrem de qualquer jeito, modo ou artifício, como conceitua o legislador pátrio no códex penal ao definir o crime previsto no artigo 171. O cego por seu turno será àquele que não vê o seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, ao deitar seu olhar nos seus mesquinhos interesses, fazendo letra morta o instituto da benevolência consigo e com o seu próximo.
Será surdo aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo ou um apelo de um irmão em desalinho, pois está sempre apressado para o trabalho, sem olhar para àquele que lhe suplica atenção. Há também a categoria das pessoas mudas, que não conseguem externar a palavra de conforto inscrita no evangelho, ou mencionar as lições do Divino Rabi da Galileia, àqueles que tem sede de conhecimento religioso para dessedentarem a sede na ninfa cristalina do amor que legou o Homem de Nazaré. Os paralíticos serão aqueles que não conseguem caminhar na direção dos irmãos que precisam de sua ajuda, seja a ajuda financeira da cesta básica, ou da palavra que conforta, senão a ajuda no centro espírita de qualquer natureza, mesmo que seja servindo a água fluidificada, ou quem sabe participando do auxílio à sopa que mata a fome do corpo físico.
Nas igrejas de qualquer ordem, existem as quermesses, ou os trabalhos de qualquer natureza benemérita. Obra não falta. Via de regra, sempre o que faltam, são as mãos estendidas aos necessitados rogando a benção da benevolência para si ou para outrem. Existem também os diabéticos, aqueles que não conseguem ser dócil, pois estão sempre emburrados, enraivecidos, tem a palavra do fel, e seu proceder é sempre de reproche. São incapazes de usaram o verbo da docilidade, da afabilidade, do amor fraterno, da palavra que enternece os corações, olvidando Jesus ensinando que a palavra é vida.
Com esse ideário, para aqueles que não aprenderam a falar com Deus, contar-lhe seus problemas, seus sonhos, e seus desejos de modificar-se, alterando a sua paisagem interior para atingir a iluminação benfazeja que esclarece o espírito em direção a sua plenitude, felizmente há um remédio infalível. Trata-se do lenitivo e da cura que reside na Lei Universal do Amor, mediante a prática da virtude da benevolência.
Que se encontre, pois, na harmonia do espírito, o equilíbrio interior d’alma, e se alcançará a sintonia do ágape e se restabelecerá no que se denominou chamar de paz de espírito, purificando-se nas águas límpidas que brotam dos corações quando ouvem a palavra do Celeste Amigo escritas nas lições do evangelho redivivo. Nesse sentir, pode-se traçar uma linha de combate as imperfeições e inscrever no livro das existências, o reto proceder como ícone de vida, para garantir um porvir de alegria, paz e amor, na estrada que levará as criaturas às plenitudes existências rumo as estrelas.
Ponto finalizando, segue o ósculo com a oblata da fraternidade universal, depositada em seus corações, desejando um ótimo fim de semana na paz de Jesus de Nazaré.
Do amigo de sempre.