O ser humano necessita do trabalho como o ar que respira. O labor possibilita a saúde e desenvolve o intelecto, preparando os seres humanos para o seu porvir. É ferramenta indispensável ao seu crescimento em direção às estrelas que rutilam nos céus das existências. Toda viagem, por seu turno, necessita ser realizada sem sofreguidão, impondo-se aos viajores equilíbrio e moderação, imitando uma melodia na qual alhures e algures se impõe uma parada obrigatória para realizar a missão assumida na pátria espiritual. Nesse sentido, assegurar-se que a vida é uma melodia na qual vez por outra necessita ser interrompida para as lições de aprendizado, seja na dor, seja no sofrimento, seja na tristeza ou na alegria e na felicidade que invade a alma dos candidatos à felicidade.
O Senhor do Universo concede às suas criaturas uma interrupção para reflexão sobre os atos, os projetos, os sonhos e realizações já alcançadas ou a ser concretizada. Por essa razão, há uma ansiedade natural nas criaturas sob o estigma da “pressa” em fazer tudo em debelada carreira, desde o alvorecer até o final do dia, como se tudo fosse se acabar de uma hora para outra. É com sofreguidão que se procura realizar os compromissos do dia a dia e da hora a hora, esquecendo-se de que Joana de Ângelis recomenda aos viandantes pelo planeta Terra, na psicografia de Divaldo Franco, ao amanhecer:
“Dia novo, oportunidade renovada. Cada amanhecer representa divina concessão, que não podes nem deves desconsiderar. Mantém, portanto atitude positiva em relação aos acontecimentos que devem ser enfrentados; otimismo diante das ocorrências que surgirão coragem nos confrontos das lutas naturais; recomeço de tarefa interrompida; ocasião de realizar o programa planejado. Cada amanhecer é convite sereno à conquista de valores que parecem inalcançáveis. À medida que o dia avança, aproveita os minutos, sem pressa nem postergação do dever. Não te aflijas ante o volume de coisas e problemas que tens pela frente. Dirige cada ação à finalidade específica. Após concluir um serviço, inicia outro e, sem mágoa dos acontecimentos desagradáveis, volve à liça com disposição, avançando passo a passo até o momento de conclusão dos deveres planejados. Não tragas do dia precedente o resumo das desditas e dos aborrecimentos. Amanhecendo, começa o teu dia com alegria renovada e sem passado negativo, enriquecido pelas experiências que te constituirão recurso valioso para a vitória que buscas”
Na pressa desnecessária dos compromissos que assola os viajantes, esquece-se de meditar sobre a vida e obra do Divino Missionário e chega-se a pensar que a melodia da vida cessou naquele fático instante, em que o Divino Jardineiro deixava o corpo físico para retornar à Casa do Pai, para preparar o porvir aos seus irmãos menores, mas em verdade foi somente uma parada para uma provação, convidando aos candidatos à felicidade meditarem sobre os planos fracassados ou esforços frustrados, ensejando como se faz na música, onde uma repentina pausa no coral das vidas enseja meditação.
Portanto, não há motivo, causa ou razão para se açodar as naturais ocorrências da vida, porque a vida não pára, e o Senhor do Universo continua a marcar o compasso da existência com a mesma precisão, porque a Consciência Cósmica tem um plano para seus filhos. Nesse ideário dizer-se que essas paradas obrigatórias não estão no conserto de nossas vidas por acaso, mas por uma causa. Elas não existem e nem aparecem nas estradas da vida para atrapalhar, nem para serem omitidas, pois elas têm um propósito, o qual seja, aprimorar os atos da vida, para ao grande conserto universal.
Com o olhar Nele, sem entristecimento pela qualidade da prova a que se está submetido e sem murmurar, toca-se a vida para frente, pois estimular a existência em crescimento é um processo lento e gradual, mas com paciência a Providência Divina trabalha para ensinar, sem se importar quanto tempo será necessário para o aprendizado.
Com esses sentimentos n’alma, o pensamento voa em direção a encantadora melodia de Almir Sater quando convida os caminheiros a andar devagar porque já teve pressa, pressa de tantas coisas, pressa de chagar a tantos lugares, pressa de ter, de parecer importante, belo e sedutor. Todavia, hoje o passo é mais lento, pois se entende que a vida é uma busca em si mesmo do ser; ser melhor, sem amável, ser amigo, ser sensível, ter conhecimento de que o verbo ser significa também ser compassivo, ser caridoso.
Afinal, hoje se compreende que é preciso paz para poder sorrir, um sorriso meigo que é um convite para a paz de consciência, a paz de quem segue o caminho do bem a todo custo. Assim, as chuvas que saneiam a atmosfera são sempre bem-vindas, pois sem elas não há floradas, e, é, preciso chuva para florir. A dor esculpe a alma, quando bem entendida, quando bem absorvida nos passos diários da lida do dia a dia e da hora a hora. Por isso, em equilíbrio, é preciso andar devagar porque já se teve pressa...
Pressa do sucesso a qualquer custo, pressa de ser popular, de ser o primeiro, de agradar a todos. Mas hoje o convite é para se andar tranquilo, percebendo mais as manhas e as maçãs, o sabor das massas, absorvendo a vida em toda sua plenitude. Hoje é importante se descobrir para cumprir a missão, é preciso compreender a própria marcha, pois parafraseando Sêneca, o sábio dantanho, nenhum vento é a favor para quem não sabe para onde ir. Por isso, compreender a marcha com equilíbrio e moderação é fundamental para saber-se para onde caminhar. Somente com esse conhecimento pode-se tocar a vida em frente, com equilíbrio, simplicidade, devoção, e com alegria no coração.
Oh! Meu Deus. Que a rasa filosofia dos profitentes da vida não os engane. Todas as criaturas são dotadas de talento, carregam o dom de serem capazes e de serem felizes. Nesse sentido, agora, ande devagar porque já se teve pressa... Pressa de partir, já se quis desistir de tudo, em alguns momentos, mas hoje ande em câmera lenta, mas com a coragem de quem quer ficar e ver tudo até o fim.
Carregue um sorriso porque já se chorou demais, mas saiba que isso não significa dizer que não volte a derramar alguma chuva nos olhos, porque a alma não teria nenhuma arco-íris se os olhos não tivessem lágrimas. Assim, significa apenas que os sorrisos serão a regra pétrea e a lágrima, a exceção. Por isso, ande devagar e no passo curto da alegria. Ande devagar para perceber o sabiá cantador. Ande devagar para conseguir olhar onde pisa, e não esmagar ninguém com a desatenção. Ande devagar para pensar um tanto mais antes de agir, para escolher as palavras certas, para digerir uma ideia nova, para escolher um caminho, para silenciar o espirito na intimidade com o Divino como Jesus fez em priscas eras.
Que ninguém se engane, a vida é bela, colorida e consentida para que se passe por ela, às pressas, sem atentar para as minudências. O mundo é pleno de belezas para que se o percorra aos saltos, sem se deter e descobrir as belezas das flores, o segredo das matas, o encanto das fontes, autografo de Deus em suas obras.
Ponto finalizando, recebam os amigos votos de indispensável equilíbrio, conscientes de que a alma tem lágrimas para que se possa ver as estrelas no céu da vida entre os sentimentos das provas e expiações. Segue também o ósculo e a oblata da fraternidade em nome do Divino Jardineiro.
Do amigo fraterno de sempre.