Na estrada da vida, muitas são as desilusões e incontáveis são os desesperos que tomam conta dos viajores em provas e expiações, seja porque os sonhos ansiosamente esperados não se realizaram no tempo anelado, ou porque de tanto ver as injustiças triunfarem, saindo vencedoras nos tatames da existência, não raro as criaturas se perguntam com desesperança, onde está Deus?
Sem contradita, ninguém em sã consciência, a não ser em vesânia, poderá afirmar que essa ocorrência não exista. Sim, nas provas e expiações dos que jornadeiam pelos caminhos da existência, é repleto de espinhos, calhaus e pedras, impondo um combate acirrado, o qual não se faz sem preparo da fé raciocinada, instrumento capaz de lograr êxito para se alcançar os páramos celestiais.
Nesse sentir, haverá dias nos quais a rasa filosofia, se permite imaginar a alma abandonada, num deserto sem vida, sem sinal de renascimento, nada, enfim, que indique possibilidades de avançar, roubando a esperança de um porvir de alegria. Oh! Meu Pai. Que ilusão da fé entibiada. Ainda que a Irrisão ocorra, o que se admite para argumentar, a ninguém será licito imaginar que o Pai Celestial, onipotente, onisciente e onipresente, colocará nas costas de seus filhos um fardo maior do que ele poderá suportar, porque, ainda nessas circunstâncias, sempre haverá Deus. Ninguém, absolutamente ninguém, desconhece que existem dias de chuva e de sol, e, que nessas mutações, há ocorrências desairosas, como se viesse do nada, dando um arrepio com um vento gelado varrendo toda a alma, restando apenas o saldo do niilismo, como se o nada existisse no lugar da alegria, mas, sem contradita, ainda assim haverá Deus.
Nas transformações em razão das provas, sem dúvida haverá dias nos quais se acorda em tristeza profunda, trazendo n’alma os acúleos das perdas e das dores do caminho percorrido, um desconsolo que faz recear avançar nos propósitos lhanozos, frenando os desejos do passado remoto para o prosseguimento da jornada com sustentação da fé raciocinada, nada obstante, a presença de Deus permanece com seu olhar complacente aos filhos enfraquecidos para disciplinar as emoções e reajustar as ideias. Sabe-se que nos dias em que a solidão parece ser a única companhia da jornada, como se nada ou ninguém existisse para compartilhar as dificuldades a ser enfrentada, ou oferecer o apoio indispensável, muito embora não pareça, a verdade é que não se está a sós, porque sempre haverá Deus, como bem estabelece a questão 963 de ‘O Livro dos Espíritos’.
O inesquecível poeta Carlos Drummond de Andrade, imortalizou em uma de suas poesias, o sentimento de que há uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho há uma pedra, sinalizando aos viajantes da felicidade, que sempre existirá dias difíceis nos acessos que levam a paz anelada pelas criaturas. Enfrentar-se e enfrentar o mundo das provas e expiações não são tarefas insignificantes, ou de fácil direção, bem por isso o apóstolo Paulo, convidou os interessados na vitória a lutarem o bom combate, porque esse mundo não é de veraneio.
Nesse sentido sempre haverá momentos em que a consciência será assaltada pelos fantasmas da dúvida, dando a sensação de se vai desfalecer perante as aparentes e imensas montanhas que se erguem à frente daqueles que anseiam pelos páramos celestiais. É nesse momento que a fé raciocinada alerta aos interessados que as montanhas do mundo íntimo esperam as ações positivas das criaturas para vencerem o ‘bom combate’.
É natural que assim seja. Recordemos o justo por excelência, Jesus de Nazaré; no mundo só terá aflições. São as aflições que nascem da fé ainda frágil, do entendimento limitado do mundo, das virtudes apenas desabrochando. Ora, tendo conhecimento dessa dinâmica, não se desanime, mesmo em dias tumultuosos e de céu obnubilado. Com confiança e fé no Senhor do Universo que cuida de todas as suas criaturas, as aflições serão amenizadas, o aprendizado será construído e as dificuldades, uma a uma serão superadas.
Deus não criou seus filhos para o sofrimento. Deus é pai de amor e bondade. O sofrimento ou castigo é obra do livre arbítrio, más escolhas dantanho que levam ao sofrimento para reequilibrar as leis do universo, pois não cai uma folha da árvore se não for pela vontade do Pai Celestial. Da mesma forma, que não se iludam os que viajam no trem da vida, diante dos dissabores que se experimentam nas veredas das experiências, oferecendo a essas cizânias razão para se infelicitar com os problemas que cheguem para testar a fé e a resistência nas tarefas destinadas ao progresso ético e moral. A amorosidade do Senhor da Vida, alcança seus filhos das mais variadas maneiras e de forma constante. Assim que ninguém se acovarde e enfrente as dores necessárias às provas sem queixa ou reclamação, máxime quando dotados de capacidade e condições de superá-las com o apoio da Consciência Cósmica.
Com espeque nessa retórica, quando as tempestades surgirem, quando o desânimo invadir os refolhos d’alma, pretendendo se alojar de forma permanente, sem pagar aluguel, ponha-se atrás da porta uma vassoura como dizem os místicos e com firmeza e fé raciocinada mantenha no coração, Deus, Pai Todo Poderoso de amor e bondade, conscientes de que Ele como progenitor, sua doação é sempre a favor dos Seus filhos. É com esses considerandos que, apesar de tudo e além de tudo, sempre haverá Deus a amparar suas criaturas, conduzir e guiar seus filhos aos esplendores celestes, única fatalidade admissível, porque ninguém está ou estará ao abandono da Providência Divina.
É de Jesus, o alerta de que no mundo só se tem aflições, razão porque convida os irmãos menores a terem bom ânimo e seguir Seu exemplo, como Modelo e Guia da humanidade, pois Ele venceu o mundo, não deixando dúvida de que nos dias difíceis, também há Deus, e, é dever dos viandantes buscá-lo, como companhia e amparo. Sob o signo de iguais propósitos, é também o que se colhe na Redação do Momento Espírita de 06.10.2017, instruindo a não se olvidar a oração, porque será no colo Divino que se conseguirá as forças indispensáveis para o enfrentamento das aflições por maiores e mais pungentes sejam as dificuldades, as dores, dúvidas e angústias, sempre haverá Deus sustentando e guiando os passos dos seus filhos em direção aos páramos celestiais.
Com esses sentimentos d’alma, segue o ósculo depositado em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando possamos em homenagem a vida, depositar no cofre sagrado do coração a fé raciocinada na certeza de que sempre e para toda a eternidade Deus estará presente na vida dos candidatos a felicidade.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli