Sem contradita, perscrutando os corações das criaturas em trânsito pelo planeta Terra, na belíssima jornada de provas e expiações, não será reprochável afirmar-se que indistintamente, nos refolhos d’alma, todos os que a transitam na grande viagem de aprimoramento, guardam secreto desejo de alcançar a felicidade.
O tema em apreço constitui em uma das mais importantes questões da vida e dos projetos dos seres humanos para o encontro com a felicidade, cada um constituindo um arrimo para pavimentar a sua estrada, que apesar de ser uma busca personalíssima, há uma ideia de felicidade que pertence ao senso comum e é compartilhada pela maioria das pessoas, propalando que a felicidade é ter saúde, amor e dinheiro.
Em verdade, a ideia de felicidade não é uma coisa recente. Ela acompanha o ser humano há muito tempo e faz parte da historiografia mundial, cujas reflexões tem sua gênese na Grécia antiga, porquanto a referência filosófica mais antiga de que se dispõe sobre o tema é um fragmento de um texto de Tales de Mileto, filósofo que viveu nas últimas décadas do século 7 a.C., e, segundo ele, é feliz ’quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada’; merecendo relevo para a expressão ‘boa sorte’, pois disso dependia a felicidade na visão dos gregos mais antigos.
Incontáveis criaturas têm por hábito imaginar que a felicidade reside na aquisição de um carro novo, último tipo ou na aquisição da casa de morada, os bens materiais de qualquer natureza, ferramentas as quais se tem o direito de perseguir, máxime quando se procede com lisura, com probidade, ética e moral, resultando não lesionar o interesse do próximo.
Na luz desses conceitos, já que indistintamente todos os viajores da grande nave chamada Terra, a desejam com sofreguidão, a importância do tema é de tal ordem que constantemente se indaga; qual será o seu endereço, será mesmo que ela existe, ou são momentos efêmeros que ocorrem alhures e algures, quando se sente fluir nas almas sequiosas de paz, àquela sensação agradável de que não se está a sós nesse planeta de Deus.
Oh! Meu Deus. Onde mora a felicidade? Porventura seu domicilio é em Paris, Londres, quiçá em Nova York, ou quem sabe nas ilhas gregas; a verdade é que a felicidade não reside em nenhum lugar físico, porquanto está demonstrado à saciedade que a felicidade é um estado de espírito e não uma localização geográfica determinada, mas ela existe sim; seu endereço é dentro de cada filho da Consciência Cósmica, falando aos corações, nada obstante se saiba que esse órgão que sustenta a vida, não é o centro da inteligência nem a sala de estar da Divindade.
O local exato da morada da felicidade é no espírito imortal, no seu intelecto, onde jaz a semente da vida, como sustenta a resposta da questão número 621 do consolador, que veio a lume no dia 18 de abril de 1857, cumprindo a promessa feita pelo Homem de Nazaré, ou seja: Na consciência dos filhos de Deus.
Para identificar a alegria de viver, é necessário realizar uma análise judiciosa das atitudes transatas, pelo exercício da virtude da resignação, sentir o suave perfume da bem aventurança de que o se é hoje, é o resultado dos atos praticados no passado, cuja colheita se dá no presente, conscientes de que o futuro a Deus pertence; essa é a fórmula que facilita a compreensão de que tudo o que se faz no presente, leva os candidatos à felicidade a viverem e experimentarem a felicidade aqui e agora, ainda que ela não seja desse mundo.
Com fulcro nesse ideário, é crível se poder por em andamento as forças dos pensamentos pulcros, pensar nas coisas boas que cercam os herdeiros do universo no dia a dia e na hora a hora. Entretanto, é comum se fazer ouvidos moucos como se assenta no conceito popular, fazendo das reclamações um dogma da viagem para a paz interior, olvidando-se as dádivas que o Senhor da Vida oferece a mancheia, tais como, a família com saúde, filhos saudáveis, recursos financeiros, casa mental lúcida, medicamentos que a ciência oferece para minimizar a dor do corpo físico, possibilitando vida longeva entre tantas outras benesses.
Lamenta-se anotar que essas bênçãos, parecem à saciedade, não serem suficientes para alertar os transeuntes da existência, que a felicidade e o reino de Deus vive e faz morada nos corações das suas criaturas. Para encontrá-los, basta sair pelo mudo afora em sua captura, em um simples contato com a natureza, olhar o desabrochar de uma rosa, sentir o vento que toca a face; apreciar o nascer do sol, a chegada das estrelas no firmamento, ou quem sabe, sentar com o filho, a esposa, os netos, ’jogando um papo fora’, deixando-se levar pelas lembranças da vida, bela, colorida e consentida, e agradecer ao Pai Celestial pela oportunidade que o momento de rara beleza proporciona.
Oh! Até quando as dores necessitam tomar assento nas viagens de progresso dos filhos de Deus, através de uma doença ou da perda de uma pessoa querida, para que se possa valorizar o que se tem. É verdade, é a doença que ensina a gemer, faz chorar e mostra quanto vale a saúde do corpo físico e da casa mental lúcida.
Por isso, parar de reclamar a todo instante é procedimento para alcançar a felicidade. Resignar-se quanto às provas que se está submetido, também é passo na direção certa para se alcançar a felicidade, pois afinal de contas o Senhor do Universo, não põe carga maior do que possa suportar os ombros de seus filhos.
Cabe registrar, quantas coisas boas acontecem todos os dias que merece a mais profunda valoração, pois a vida é uma sucessão de acontecimentos, um fluir constante, como as ondas do mar, um vai e vem, como as águas de um rio, ou da chuva que cai e depois de percorrer o seu caminho, volta ao céu em nuvens brancas de purificação, que não permite desperdiçar a oportunidade para navegar.
Estar alegre, sentir-se feliz, não depende de fatores exógenos, mas daquilo que sente o coração sintonizado com as propostas do Divino Rabi da Galiléia. É verdade que não se chega a esse mundo com o manual de instruções, mas é fato incontestável que na estrada da vida, as dificuldades, como afiançou o Homem de Nazaré, constituem o ‘sal’ da vida.
É esse ‘sal’ que leva a dar o tempero ao alimento e a existência, oferecendo o tom para sopesar os aborrecimentos, as provas, as desídias e as preocupações, com a certeza de que dentro de cada criatura, habita o Pai Celestial, num mundo vivo, capaz de afastar suas criaturas dos conflitos sociais em nome do amor de Jesus.
Por isso, em nome dos caminhos da felicidade, a partir de hoje é de bom alvitre seguir o ideário do querido e saudoso Chico Xavier, para sorrir com mais frequência, acordar de bom humor e responder à pergunta de como vai de nossos amigos, sempre com otimismo, ao responder-lhes, cada vez melhor, pois isso gera uma energia vibrante nos relacionamentos de fraternidade.
Os passos para alcançar a felicidade do ser imortal, nas experiências que a vida concede como prova, é parar de chorar. Compete a cada filho de Deus, adotar procedimentos que elevem a vibração, assumindo a condição de ser feliz de verdade, não importando as cizânias do momento, pois as pessoas alegres, geram alegria porque a felicidade é contagiosa.
Também constitui passos certeiros para se alcançar a felicidade, sacrificar-se pela felicidade alheia, servir sempre com alegria, sem esperar pela moeda da gratidão, silenciar as aflições, ocultando as próprias lágrimas e retribuindo o mal com o bem. Da mesma sorte, os passos para alcançar a felicidade também convidam as criaturas a terem os mesmos procedimentos em qualquer situação, viver para ser útil aos semelhantes, agradecendo a cruz que se leva sobre os ombros, falando e esclarecendo, ouvindo e compreendendo.
Crer na verdade e procurar ser justo, pois quem ama qual o samaritano anônimo da parábola do Mestre Jesus, levanta os caídos da estrada, balsamiza as chagas, abraça-os fraternalmente e segue adiante, radiante de sua condição de filho da Divindade, conforme anota Francisco Candido Xavier, in ’Brilhe a Vossa Luz’.
Evocamos Jesus de Nazaré: ’Eu sou o caminho a verdade e a vida’.
Esse é o exemplo máximo da direção a seguir, sob todos os aspectos em que seja considerado, pois o seu conceito do reto procedimento para alcançar a felicidade torna-se um apelo de incontestável significando, convidando a segui-Lo, maneira única de se alcançar a legitima felicidade, valendo dizer: Aquela que transcende os limites do imediatismo perturbador e frustrante, no dizer o Espírito benfeitor da humanidade Joanna de Ângelis, incerto na pág. 87 do livro ‘Vigilância’.
Ponto finalizando, recebam o ósculo da fraternidade com a oblata da estima e elevada consideração e votos de muita paz e alegria pela vida, bela, colorida e consentida.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli