Uma das tarefas que fala de perto aos corações sequiosos da evolução espiritual, é a que se propõe com azáfama os filhos de Deus, para alcançarem a plenitude existencial é a construção do porvir, pois todos desejam serem felizes. Sob esse arrimo, imagina-se, que para se alcançar esse ‘nirvana’, segundo o dogma dos irmãos tibetanos, a libertação das amarras do passado, seja suficiente anelar por esses preceitos. In veritas, não é bem assim. A libertação dos equívocos dantanho em busca da felicidade é uma conquista do dia a dia e hora a hora. Há regras pétreas a serem respeitadas. A maior delas é a que o ilustre amigo Jesus de Nazaré trouxe em seu missionato de amor, ou sob outro discurso, estar atentos ao propósito da jornada terrena, à luz dos ditames inscritos na questão 625 da luz do mundo, ’O Livro dos Espíritos’.
No momento da dor pungente, no calvário e no madeiro infame, numa das vezes em que o Divino Pastor volta de seu desfalecimento, tal a dor que lhe foi impingida, Ele reúne suas forças combalidas e levantando os olhos para os céus, diz ao Pai, ’Esta tudo consumado’. A luz dessa lição, não há como negar que o Mestre veio a esse planeta de Deus, para dar o exemplo de amor e o modelo a ser seguido àqueles que anelam desalgemarem-se dos desacertos para encontrarem a felicidade e a paz de espírito. Para obter-se esse laurel é indispensável construir a morada da existência, trabalhando forte e com vontade de realizar a reforma intima de que necessitam os viajores.
Nesse sentir, registre-se o Evangelho segundo Mateus, cap. XXII, v. 34/40, da memorável lição do Divino Jardineiro, guia seguro de reforma intima na construção da felicidade. ’Os fariseus, tendo sabido que ele tinha feito calar a boca aos Saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, veio lhe fazer esta pergunta para o tentar: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Jesus lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma e de todo o vosso espírito; é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo, que é semelhante a àquele: Amareis vosso próximo como a vós mesmos. Toda a lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos.’
Bem se vê, portanto, que a dialética do Celeste amigo sempre foi de ensinamento direcionado para a construção do porvir, como se anota no ato dos apóstolos, quando estabelece: ’Vós sois Deuses, tudo que faço, vois podeis fazer e muito mais’. Sob o fluxo desse ideário, se percebe que as vidas dos viajores em transito pelo planeta de provas e expiações, têm edificação, ‘entalhada’ no dia a dia e na hora a hora. A liça é junto da família, no ambiente do trabalho, na casa espírita, na igreja de devoção, enfim, onde se moureje.
É inegável sob esse espeque, que as modificações que se deve proceder nas criaturas da Potestade para alcançar o ‘Nirvana’, não se faz sem as dores pungentes dos sacrifícios. Afinal, deixar de fumar, de beber, de falar mal de outrem, ou evitar mentir, trapacear, roubar, furtar ou mesmo abandonar em definitivo a pratica dos atos de improbidade a que se está sujeito nas provas da vida, como candidatos à felicidade nunca foi e jamais será tarefa fácil. Acicatado pelo Sentimento Divino, se experimenta ao se deitar e ao se entregar nos braços de Morfeu, o Deus do Sono da Mitologia Grega, ao abraçar o travesseiro, se realize uma catarse das ocorrências do dia, o exercício proposto por Santo Agostinho, na questão 919 do Codex em apreço. O exame de consciência e a razão esclarecerão a respeito da enorme tarefa que se têm pela frente para se alcançar os páramos celestiais.
Não se olvide, contudo, que a alavanca da dor e dos acúleos que se experimenta para a transformação, faz nascer uma nova criatura a cada instante, transformando o homem velho no ser que brilha como diamante precioso, mesmo quando se encontrar no poço da desesperança, a primeira réstia de luz que lhe chega, expande o horizonte mental, clarifica o intelecto e lucifica a visão do Ser em direção a sua elevação espiritual para o encontro com a Consciência Cósmica. Durante a jornada das provas, causa-se transtornos na viagem de muitos que transitam pela mesma estrada, porque ainda se está em construção. Nas esquinas das existências, incontáveis vezes se usa mal o verbo, fala-se com aspereza e sem necessidade incomoda-se a outrem. Nas relações mais próximas, não são poucas as vezes que se agride, ainda que sem intenção, mais persiste o fato de se ter agredido.
Oh! Meu Deus. É quase usual não se respeitar o tempo e a história do outro, como se o mundo orbitasse nos desejos da pessoalidade, procedimento com o qual esses transtornos despontam anunciando que os que assim procedem não estão prontos para a caminhada da paz interior, mas em construção, tijolo a tijolo, trabalhando o templo da história que vai ganhando forma. O outro também está em construção e também causa transtornos.
Nesse sentir, não raras vezes, um tijolo cai e fere os desavisados, quando não, é o cimento que suja o viandante, e por consequência, o tempo todo têm que se limpar e cuidar das feridas, assim como os outros transeuntes também têm que terem igual proceder, razão e causa por que se chega a conclusão de que na estrada da vida de provas e expiações todos os que trafegam em busca do ‘nirvana’ erram. Com fulcro nessa conclusão, constata-se a necessidade humana e cristã do perdão. Perdoar é cuidar das feridas e entulhos. É compreender que os contratempos são muitas vezes involuntários. Não há dúvida que os erros dos outros são semelhantes aos erros que também cometem todos os caminhantes de uma jornada, e, assim mesmo é preciso olhar adiante. Quedar-se em preocupação com o que ficou no passado, com as feridas e os tijolos caídos, projetar-se-á horizonte obnubilado, deixando se apreciar a vida, bela, colorida e consentida, para gerar incontido e desnecessário sofrimento.
O exercício do perdão é de uma beleza lirial, porquanto permite a agradável sensação de uma ducha n’alma, deixando a criatura leve e solta, liberta das amarras e consciente de que os erros e as mágoas transatas podem utilizarem-se do instrumento do auto perdão e do perdão, consoante o incomparável exemplo do homem de Nazaré no monte Gólgota ao pedir ao Pai Celestial, perdão por aqueles que não sabiam o estavam fazendo, e, isso, sem contradita, dá a certeza de que todos esses transtornos do caminho significam que na estrada da vida, todos os candidatos a felicidade estão em construção para um porvir de amor nos esplendores celestes.
Sob o manto dessa realidade, é ainda indispensável para a elevação espiritual, lenta e gradual, remover as imperfeições com o bisturi do amor ao próximo e a vida, amparando-se na fé. Na mesma regra pétrea, há que se ter em mente que no céu da existência sempre há uma nova manhã, presente que o Sentimento Divino concede aos seus filhos como mola propulsora para conduzi-los na realização dos projetos pulcros dos corações de seus tutelados, ensejando uma nova oportunidade concedida pelo Eterno para que se possa escrever no livro da vida o novo proceder. O tempo segue seu curso e vai-se escrevendo a história no livro da vida, criando as marcas pelas quais as criaturas serão reconhecidas em sua elevação espiritual na qualidade de filhos de Deus. No projeto da construção, vale a pena usar toda a energia para agir retilineamente, aproveitar todos os canais de percepção extra-sensorial, para ouvir os bons conselhos que chegam a todo o momento através da inspiração Divina, trazidas pelos arautos do bem, em trabalho de 24 horas diárias.
Há que se elevar ainda espiritualmente, contemplando o belo. Há olhos para ver a beleza que o Eterno depositou no altar da natureza para embelezar esse planeta de provas e expiações. Aproveite-se o tempo com bons livros, bons pensamentos, serviços edificantes na seara do bem, no centro espírita, na quermesse de sua igreja, na solidariedade aos idosos e no apoio as crianças, pois elas representam o futuro da bem-aventurança. Abandone as armas guardadas no arsenal dos pensamentos. Pare-se com as guerras, os homicídios, as trapaças, as mentiras. Deixe fluir os sentimentos Divinos nos corações, nas almas em construção, sedimentando a elevação espiritual no amor do Cristo de Deus.
Sob esse díptico, em homenagem a elevação espiritual, vale-se da oportunidade para depositar o ósculo e a oblata da fraternidade em seus corações, anelando que possamos ter um ótimo fim de semana na paz e em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli