Uma das questões que a humanidade guarda reservas e esforça-se para não colocar no seu protocolo de vida, evitando a todo custo falar, estudar ou questionar, são os motivos e razões da morte física, com raras exceções, certamente é o momento da despedida da terra, uma fatalidade que não se pode negar é a morte, tanto que se criou o adágio para essa ocorrência dizendo-se que ela se dá ’fora da hora combinada’.
Nada obstante não se deseje estudar, conversar e discutir esse fato, é importante saber que do momento de despedida ninguém está imune, cabendo a cada viandante esforçar-se para viver cada dia como se fosse o último, pois é certo que a ninguém será lícito imaginar-se inaccessível e nem se sabe o hora em que as forças vitais se esgotarão, pondo termo as experiências e o momento em que o Eterno chama seus filhos para a revisão importante dos atos praticados na grande viagem de provas e expiações, para se verificar a pontuação alcançada, examinando a nota de corte de cada candidato à felicidade.
Bem se sabe que a partir da despedida do planeta Terra, não há Tribunal de Justiça como imagina a rasa filosofia, com destino dos acadêmicos da felicidade, aos céus, inferno ou purgatório, mas o endereço do destinatário é o Preclaro e Excelso Tribunal de Justiça da Consciência, onde está depositada as Leis Pétreas do Senhor do Universo, sem possibilidade de apelação ou qualquer outro recurso, máxime o de compadrio, senão contar-se com a misericórdia do Pai Celestial.
O passaporte a ser revisto nessa ensancha, é sem dúvida o do bem proceder, a prática das recomendações do Divino Pastor, todas as virtudes por Ele ensinadas, e a atenção que se dispensou na jornada de provas, sob o manto da brilhante recomendação de Mohandas Karamchand Gandhi, o alma grande, ao dizer que se todos os livros do mundo fossem queimados e somente se preservassem ‘O Sermão do Monte’, o mundo estaria salvo, convencendo à saciedade que no momento da fixação da nota de aprovação, certamente cola-se grau com louvor.
De outro lado, a nenhum dos inscritos nas provas da existência, ainda que pela infinita bondade do Pai Celestial, não se permita saber o dia e a hora da despedida, não cabe alegarem em sua defesa que se desconhece as virtudes do amor ao próximo, da caridade como lenitivo de esperança, realizando tudo o que deseja para si, amparando os mais fracos, suportando as provas com resignação, sem reclamar da vida que é bela colorida e consentida. Quem não se arrima nesses suportes, morre lentamente; quem não sorri para uma nova manhã, que se esquece de olhar para as estrelas e quem não se encanta com a generosidade e renovação da natureza, permitindo renascer das cinzas, também está despedindo-se devagar das provas que solicitou realizar em nome do seu progresso.
Da mesma sorte morre lentamente quem destrói o amor-próprio, quem não se deixa ajudar, ou quem se transforma em escravo dos vícios ou do hábito de repetir todos os dias os mesmos procedimentos inditosos, e também aquele que não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece, todos vão morrendo lentamente, tanto como aqueloutros que faz da televisão sua única companhia. Oh! Meu Deus. Morre lentamente quem não toma iniciativa alguma quando está infeliz com as ocorrências que enseja o seu esforço para mudanças em atendimento à lei de progresso, e ainda aquele que não arrisca nem um pouco que seja, para ir atrás de um sonho, fazendo um holocausto das provas e expiações, deixando-se perder no oceano dos dias que passam sem sentido, quanto mais se queixam de sua má sorte ou da chuva incessante ou do sol intenso.
Oh! Sim. Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, quem não pergunta sobre um assunto que desconhece, ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe, sepultando a virtude da humildade. Morre lentamente quem não agradece a Deus pelos filhos que recebeu sob a sua tutela em nome da Potestade. Morre lentamente quem não abraça, quem não beija, quem não expressa carinho de alguma forma – mesmo que através de um olhar. Morre lentamente quem é adepto de expressões desse jaez: este mundo não tem jeito mesmo, a coisa está cada dia pior.Morrem, sem perceber, dia após dia, aqueles que não cumprem os seus deveres, quem não se dedica à felicidade de alguém, quem não se doa, quem não divide o que tem - material e espiritualmente – com outras pessoas.
O lenitivo para neutralizar a ‘morte’ lenta é estar convicto de que o bem viver exige um esforço maior que o simples fato de respirar. Estar vivo pressupõe agir, e não apenas reagir. Toda reação é perigosa, pois comumente não passa pelo processamento seguro da razão. Estar vivo implica em fazer avaliações constantes dos procedimentos, como ensinados por Santo Agostinho no exame de consciência, estampado na questão 919 de ’O Livro dos Espíritos’.
Sem contradita, concebe-se que é triste o momento da partida dos entes queridos que voltaram à pátria celestial, mas tristeza maior é ver irmãos de caminhada morrendo por antecipação, de desgosto e de solidão, matando-se no fumo, na bebida, nos maus procedimentos, acabando com o corpo, veste concedida por Deus para a grande travessia do mar bravio da existência, de sorte que devagar e lentamente se suicida, pois essa gente vai morrendo um pouco a cada dia que passa, sem aproveitar a bendita oportunidade da reencarnação.
Quem não se avalia perde as oportunidades de se aprimorar, de poder mudar de rumo quando percebe que a direção poderia ser outra. Estar vivo significa: entusiasmo - carregar Deus n’alma, levar a certeza de Sua presença nas vidas e a vontade que recebemos do Criador para conquistar os páramos da felicidade. Sentir-se vivo para que o sol tenha sentido, espelhando a luminescência de que é portador, ao reproduzir a claridade para devolver ao orbe, agradecido. Que brilhe a vossa luz recomendou o homem de Nazaré; Viver para que a chuva lave a atmosfera e a leve de volta ao éter com seu perfume de árvore vigorosa e seiva sadia. Viver para que o amor tenha razão de existir nas condições de filhos do Eterno. Sentir-se vivo para florescer outros jardins, sem se dar conta de que o seu jardim da vida se abarrota de lírios, cíclames e girassóis. Há que se existir cada dia como se fosse cada dia, nem o último nem o primeiro, mas o único.
O tempo passa depressa. É preciso fazer o melhor, hoje e agora. A felicidade se vive no presente, não no passado ou no futuro. Agora é a hora. Sempre há motivos para sorrir, razões para celebrar a vida, ou para chorar, para amar o próximo e dar amparo, fazer preces é agradecer mais vezes ao utilizar o instrumento da resignação em nome do amor do Divino Jardineiro, amadurecendo um pouco mais olhando a vida como dádiva de Deus, sendo rima e verso, filho de Deus no universo.
Ponto finalizando, segue o ósculo e a oblata da fraternidade, com votos de um final de semana de muita paz em nome do Divino Jardineiro.
Do Amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli