Uma certeza indiscutível, sem exceção, aos viandantes desse belíssimo planeta Terra, concedido pelo Eterno aos seus filhos em estágio de evolução, é o fato de que todos os candidatos à felicidade estão sujeitos às pedras do caminho.
Por essa razão, a ninguém será lícito olvidar que o distraído na pedra tropeça, o bruto a utiliza como arma, o empreendedor com ela edifica uma morada, o camponês faz dela um assento e a mesma pedra nas mãos de Michelangelo, o artista, obtém-se uma escultura, enquanto que com esse mesmo instrumento, Davi matou o gigante e Jesus, Mestre por excelência, mandou remover a pedra para ressuscitar Lazaro.
Dessa sorte, os profitentes da jornada atentos à Lei de Progresso, concluem que a diferença não está na pedra, mas na atitude das pessoas, diante das provas e das expiações a que se candidatam para a evolução espiritual, máxime porque não existe pedra no caminho que não possa ser aproveitada para o crescimento e evolução das criaturas em direção aos esplendores celestes.
Nesse caso, é de bom alvitre rogar à Deus conceda a seus filhos a sabedoria para bem utilizarem as pedras que encontrem na marcha de assunção, transformando-as em alicerces de sustentação para o santuário da vida. Inegavelmente, as pedras são as adversidades no meio do caminho, provas e expiações que sabatinam aqueles que anelam a promoção evoluindo o espírito para alcançar os páramos celestiais, a única fatalidade que a sã consciência aceita como autêntica, porque o Cristo de Deus afirmou que iria na frente para preparar o caminho aos seus irmãos menores.
Sob esse díptico, se pode anotar que a capacidade do ser humano para superar as adversidades é extraordinária. Há exemplos que convencem as criaturas que o ser humano ainda não descobriu tudo de que é capaz e, dentre os exemplos entre tantos que se poderia pôr em destaque, são os casos da Santa Madre Tereza, do Dr. Bezerra de Menezes, de Hippolyte Leon Denizard Rivail, de Mohandas Karamchand Gandhi, também conhecido como Mahatma Gandhi, ’O Alma Grande’, Ludwig van Beethoven, compositor alemão do século XIII, todos servindo de exemplos no combate das adversidades ou das pedras no caminho.
Tomando-se como referência na contemporaneidade, considerando as adversidades das provas a que estão submetidos os filhos da Providência Divina, venia concessa é digno de registro a história e a vida do pianista João Carlos Martins. Para esse relato que se pede licença para transcrever, ’ipsis verbis’ da Redação do Momento Espírita, com base na biografia de João Carlos Martins, colhida em pt.wikipedia.org.wiki/João Carlos_Martins de 03.11.2017.
’Começou a estudar piano aos oito anos de idade. Após nove meses de aula vencia, com louvor, o concurso da Sociedade Bach, de São Paulo. Um prodígio. Rapidamente ele desenvolveu uma carreira de pianista internacional. Tocou nas principais salas de concerto do mundo. Dedicou-se à obra de Bach. No auge da fama, sofreu um grande revés. Jogando futebol, sua outra paixão além da música, caiu sobre o próprio braço. O acidente o privou dos movimentos da mão. Para qualquer pessoa, uma tragédia. Para ele, um desastre total. Mas não se deu por vencido. Submeteu-se a cirurgias, dolorosas sessões de fisioterapia, injeções na palma da mão. E voltou ao piano e às melhores salas de concerto. Com dor e com paixão. Mas a persistência de Martins voltaria a ser testada. Anos depois, vítima de um assalto na Bulgária, foi violentamente agredido. Como consequência, teve afetado o movimento de ambas as mãos. Para recuperar as suas ferramentas de trabalho, voltou às salas de cirurgias e à fisioterapia. Conseguiu voltar ao amado piano mais uma vez. Finalmente, em 2002, a sequela das lesões venceu. A paralisia definitivamente dominou suas duas mãos. Era o fim de um pianista. Afastou-se do piano, não da sua grande paixão, a música. Aos sessenta e três anos de idade, ele foi estudar regência. Dois anos depois regeu a Orquestra Inglesa de Câmara, em Londres. Em um concerto, em São Paulo, surpreendeu outra vez. Regeu a Nona Sinfonia de Beethoven, totalmente de cor. Ele precisou decorar todas as notas da obra por ser incapaz de virar a página da partitura. A plateia rompeu em aplausos. Mas João Carlos Martins ainda tinha mais uma surpresa para o público, naquela noite. Pediu que subissem um piano pelo elevador do palco. E, com apenas três dedos que lhe restaram, ele tocou uma peça de Bach. A ária da quarta corda foi originalmente escrita para violino. É uma peça musical em que o violinista usa apenas a corda sol para executar a bela melodia. Bom, Martins a executou ao piano com três dedos. E, embora não fosse a sua intenção, a impressão que ficou no ar é que todos os presentes se sentiram muito pequenos ante a grandeza de João Carlos Martins’.
Com fulcro no tema para vencer as adversidades da vida, como o homenageado nessa página, existem muitos exemplos de criaturas que têm danificado seu instrumento de trabalho, mas como candidatos à felicidade são capazes de dar a volta por cima e jamais se entregarem às adversidades que as pedras do caminho oferecem, máxime se se lançar um olhar para a história de Beethoven, compositor que após perder a audição, não se deixou abater e muito menos abandonar as suas composições que transcendia os sentimentos d’alma.
Há mais. A historiografia mundial registra o bom combate de Helen Keller, cega, surda, muda, tornou-se a primeira pessoa com tripla deficiência física a conquistar um título universitário; sagrou-se oradora, porta-voz dos deficientes e escritora.
Ponto finalizando, o ser humano é sempre o responsável pelo seu destino, candidato à felicidade, porque desde priscas eras os viandantes desse belíssimo planeta Terra têm conhecimento de que são as atitudes das criaturas que ocasionam o porvir, porquanto excepcionado as linhas mestras dos compromissos assumidos na pátria espiritual para a realização das provas e das expiações em atendimento à Lei de Progresso, a ninguém será lícito alegar o ‘acaso’ como gestor das vidas dos filhos da Potestade.
A Terra é um mundo de expiações e provas, bem se sabe, mas é também escola de bendito aprendizado, hospital de tratamento e educandário das almas. Há intensa comunicação entre os dois planos da vida, apesar da maioria, dos ‘vivos’, não terem consciência dessa realidade e não perceberem a influência que sofrem dos seus próprios pensamentos ou dos ‘mortos’, segundo dispõe a questão número 459 de ‘O Livro dos Espíritos’.
É lugar comum os profitentes da doutrina abençoada, se questionarem o porquê em nosso orbe ainda predomina o mal, as doenças e as guerras assolando a humanidade terrena em dores pungentes, quando as raízes dos doestos estão nas escolhas que os homens fazem, aí também cedendo espaço para as obsessões espirituais.
Que brilhe a vossa luz, dizia o Rabi da Galileia e, por consequência, se os homens se transformarem num foco de luz, haverá de extinguir a sombra em torno da humanidade, e a paz virá fazer morada nos corações bem-aventurados, tal qual esclarecem os venerandos espíritos para o mundo a frente, o mundo de regeneração onde o mau perderá seu reinado.
Em síntese apertada, oxalá os homens em provas e expiações, sintonizem-se com pensamentos nobres, busquem a serenidade nos contatos das provas da vida, no dia a dia e hora a hora, com o objetivo de mobilizar as forças poderosas dos pensamentos gerando a energia que clarifica e ilumina o planeta, saneando a atmosfera para preparar os candidatos à felicidade para o mundo de Regeneração que aguarda os filhos da Consciência Cósmica em breve porvir.
Com esses sentimentos d’alma, segue nosso ósculo depositado em seus corações, com a oblata da fraternidade, com votos de um final de semana repleto de paz em nome do Homem de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -