Diz o axioma popular que a água é mole e a pedra é dura, mas tanto a água bate na pedra até que fura, o que é uma grande verdade, porquanto a humanidade apesar de não ter ainda assimilado plenamente as lições liriais trazidas pelo Divino Pastor dantanho, a verdade é que todos os anos se renova a oportunidade de se reviver esses momentos, a exemplo da água, que penetra profundamente nos corações dos viandantes em provas e expiações, razão porque se está vivendo nesta oportunidade a paixão do Cristo de Deus, comemorando a páscoa. É a semana considerada santa.
Nesse ensejo, a Igreja Católica cobre os santos, simbolizando o luto dos episódios transatos na história da humanidade, de cuja memória nenhum dos filhos da Divindade pode se orgulhar. O luto do Cristo de Deus na matéria. Apesar desse fato histórico desafortunado, todos os anos se renovam as festividades da páscoa, não antes consentirem na tradição de malhar o Judas, uma falta de caridade, na medida em que se faz ouvidos moucos ao instrumento do perdão àquele que se desalinhou na ribalta de sua trajetória evolucionista.
É inconteste que ainda vive na memória da historiografia mundial, a ignorância no trato com as coisas da Divindade, os tempos imemoriais em que se fazia um boneco do Judas vestindo-o com roupas rotas, ditas velhas, a pretexto de manter a “tradição” no tratamento dispensado ao traidor, sem se darem conta de que as vestes do antigo portador, em razão das energias negativas que nele eram descarregadas, impregnavam as roupas velhas ao serem malhadas e queimadas, refletindo no seu antigo dono em dores atrozes no corpo físico.
Oh! Meu Deus, quanta ignorância!
É a mesma tradição que permite conservar muitas coisas que já poderiam se encontrar no fundo do poço, porque, aprendida a lição, não tem mais propósitos na vida. Questionem-se os hábitos alimentares. Nada de se comer carne na semana santa. Os peixes e crustáceos, serão a bola da vez apesar do paradoxo.
Sem contradita, se a carne não faz bem para o organismo e não é mesmo a melhor opção alimentar, que seja abolida definitivamente do cardápio ou seja substituída por uma alimentação frugal. Na essência da lógica, não faz sentido, apenas abster-se dessa alimentação na semana santa, pretextando penitência; se não se deve alimentar de carne na semana santa, também não se deve dela se servir no resto do ano, porque seria passar um atestado de alforria, para que não se pecasse apenas nessa semana o que seria um contrassenso.
Indiscutível, nesse sentido, dizer que a tradição incontáveis vezes faz os profitentes da paixão do cristo de Deus esquecerem as dádivas que o homem de Nazaré trouxe como luz ao mundo, para iluminar a mente e os corações das criaturas em evolução, elevando o espírito ao oferecer as coordenadas para a felicidade. Dessa mesma forma, se afiançar que a páscoa tradicional ao convidar os convivas para deglutirem os deliciosos ovos de páscoa, não tem apenas esse propósito. A páscoa em verdade representa muito mais nas vidas dos candidatos à felicidade.
Como se sabe, a páscoa é a passagem que representou nos proscênios da história da humanidade o trânsito do povo Hebreu da escravidão para a liberdade existencial, abandonando o jugo dos despóticos e insensatos. A páscoa, significa a passagem que faz recordar o que o homem de Nazaré sofreu para recuperar os irmãos de caminhada para alcançarem os páramos celestiais, a vida eterna, em nome do Pai Celestial, misericordioso com todas as suas criaturas e na imensidão de seu amor, enviou o sublime missionário para oferecer o caminho, a luz e paz que todos os corações anelam com sofreguidão.
Sem dúvida, a páscoa, em verdade, é um renovar de esperanças onde se sedimenta com fidelidade os sentimentos das almas sequiosas das bem-aventuranças ao afiançar que: A cada ano a história se repete. Jesus peregrina entre a multidão. Delirantemente o povo o aplaude com ramos de palma, exclamando Hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do senhor, Rei de Israel. Acompanham-no os discípulos.
Afinal, era preciso testemunhar um Cristo que curava os cegos, levantava os coxos, perdoava as Madalenas da vida e fez ressuscitar Lázaro, de quem todos fugiam pelas suas chagas, pelo seu aspecto repugnante de um ser contaminado pela lepra, como ainda hoje se faz quando os menos avisados se deparam com um doente em estado avançado de enfermidade.
E pela estrada da vida, Jesus vai passando pelas criaturas, tal como fez outrora, hoje também, deixando marcas profundas dos milagres que realizava e realiza no presente para àqueles que conseguem se elevar em sua fé, as culminâncias de seu amor, no seio da família, no ambiente de trabalho, nas cidades onde se moureja, ou nos serviços de benemerência a que se propõe os filhos da Consciência Cósmica, em nome da caridade, senha de elevação às plenitudes existenciais.
Eis porque a saciedade não se cansa perguntar, quem é esse homem que a multidão, como no pretérito, se questiona, quem é afinal o missionário para ser tratado como rei do mundo. Jamais fez morada em castelos, não se sentou nos tronos da vida, e não teve espaço no Palácio do Planalto, mesmo assim serve-se da indumentária da humildade, e no seu nascimento teve apenas uma manjedoura como berço e simples pastores como primeiros visitantes?
Novamente, interrogue-se à consciência do justo, quem é esse homem que multiplicou os pães e os peixes, transformou a água em vinho, que anda sobre as ondas, e a quem os peixes obedecem, sendo também capaz de represar o mar para dar passagem ao seu povo? Oh! Meu Deus. Quem é esse homem, que frente a dura prova da estrada foi capaz de afirmar: “Tende bom ânimo. Eu venci o mundo”.
É assim que a lição de vida da paixão do enviado do Eterno dessedenta os que tem sede de conhecimento, diante da realidade que se concretizou com a morte do justo no madeiro infame e agora mais uma vez se examina a sua paixão. Jesus, o Cristo de Deus, na Cruz entre dois ladrões, quando deu o último suspiro, apenas uma mulher chorou em lúgubre silêncio. Foi nesse momento que João, O discípulo amado se achega junto a ela e diz: “Mulher, eis aí teu filho”.
Panos aromatizados cobriram o corpo dilacerado de Jesus, sem ter qualquer um de seus ossos quebrados e José de Arimatéia e Nicodemos mais uma vez, se fazem presentes nos últimos instantes do seu calvário para enterrar, num sepulcro cedido por José de Arimateia, em lugar desconhecido, o Divino Mestre, que negado três vezes por Pedro, traído por Judas, ainda, entre dores cruciantes, conversava com o Pai diante da turba, que lhe cuspia no rosto, que lhe mitigava a sede com esponja de vinagre, e que lhe cravara na cabeça uma coroa de espinhos, e ainda assim, em paz interior suplicava ao Eterno: “Perdoa-lhes Pai, eles não sabem o que fazem!”.
É nesse sentido de imenso amor, que a paixão do Cristo ressurge das pedras do sepulcro para abrigar-se, por inteiro, na dimensão do infinito, passando a morar dentro de cada um dos irmãos menores e aflitos, convidando-os a ir até Ele, quando angustiados e cansados, para que Ele alivie a canga, se se tomar o seu jugo, para aprender com Ele, pois o seu fardo é leve e seu jugo é suave. Assim, na sua paixão o indispensável é aprender com Ele a vencer todas as dificuldades que a vida oferece àqueles que são candidatos à felicidade.
Não importam os acontecimentos do passado, as tormentas dos dias atuais ou aflição e preocupação do porvir. O que conta é que nessa semana, mais uma vez renovam-se as esperanças de um porvir melhor, mais fraterno, de amor lhanozo, quando se renovam as esperanças de que o Divino Galileu não padeceu em vão, ou por acaso, mais por uma causa; a causa da salvação.
Dessa maneira, seguir a sua trilha, o seu modelo e os seus exemplos são passaporte para a felicidade na Páscoa da renovação. Foi por isso que Ele passou a morar dentro de cada um. Busquemo-Lo nessa passagem da páscoa, busquemo-Lo todos os dias da existência, pois, a sua figura, por Excelência, está sempre de braços abertos para receber os irmãos menores.
É ele quem faculta as oportunidades de observar os Pilatos da vida, lavando as mãos com o sangue dos inocentes, em qualquer rincão onde imperam os insensatos, os despóticos e os que olvidam a justiça da Providência Divina, ou mesmo quando trocam os justos pelos Barrabás da atualidade, nas oportunidades em que os interesses de uns são maiores que a dignidade de outrem.
Não tem importância as sombras do mundo, se houver convicção da passagem por esse Mundo de Provas e Expiações, do Divino Rabi da Galileia, com o propósito de pacificar os corações em aflição.
Nada tem importância maior, se houver certeza de que sua história e prédicas se constituem no acalentamento das almas, na pacificação dos espíritos e no asserenamento dos corações sofridos, balsamizando os espíritos na jornada terrena.
Com fulcro nesses sentimentos, oxalá se possa fazer da paixão do Cristo de Deus, uma Páscoa de amor junto à família, aos filhos, aos parentes, a comunidade, a igreja de cada criatura, à congregação religiosa, ao centro espírita, em qualquer lugar onde tenha sido plantado pela Divindade.
Celebre-se a efeméride como uma grande festa de amor, a festa do Homem de Nazaré, renovando as esperanças em nome do Cristo de Deus, de tal sorte que se possa ter sempre à frente, não a via crucies na estrada de Jericó, mas a presença do Celeste Amigo, não só como o Salvador das almas, mas, acima de tudo, como o modelo a ser seguido por todos àqueles que têm sede de justiça.
Com esse ideário, anelando que a festa de Páscoa seja a efeméride do amor no Cristo de Deus, segue os votos de muita paz em nome de Jesus, com o ósculo em seus corações.
Muita Paz.
Do amigo de sempre.
Jaime Facioli