Na jornada das provas e expiações a que se submetem os candidatos à felicidade, não raro encontra-se viandantes revendo alguns pontos de sua trajetória em que não foram os mais felizes, porquanto não foi alcançado o objetivo anelado; por essa razão se colocam na posição de vítima, quando não, se julgam os mais infelizes dos seres do Criador na realização dos projetos traçados na ribalta dos acontecimentos.
Esquecem-se ou se fazem ouvidos moucos, os desatentos com as realidades existenciais, em que os erros, desacertos e os equívocos apenas fazem parte do aprendizado das provas. Sob os cânones dessa afirmativa, toda vez que se erra, em qualquer circunstância que a vida oferece, há a oportunidade para a correção do rumo de sorte que devagar e lentamente se possa alçar voo novamente na rota que conduz aos páramos celestiais.
O venerando espírito Hammed, no livro Espelho d’Água, pág.15, por psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto, traça o conceito de que os erros são significativas formas de aprendizagem, motivo porque recomenda-se não lutar contra a sua existência, antes pelo contrário, aprender com os desacertos.
Sob o pálio desses conceitos, não tem arrimo o juízo severo que as criaturas fazem dos atos cometidos em desalinho, porque a atitude em desconformidade com o bem proceder, é o meio e não o fim, a que se está destinado, razão porque, nada absolutamente nada, justifica pensar ou externar expressões como: ’Nada que faço dá certo’, ‘Estou arrependido’, ‘Oh! Que vida ingrata’, ‘Eu não valho nada’ ‘Não sou ninguém’, e outras declarações do mesmo jaez.
Lamentavelmente, não desperdiçam oportunidades para extravasarem-se num processo de desvalorização sistemática, na vã tentativa de obter a misericórdia do próximo, pousando-se de vítima constante, ao se recusarem a enxergar o seu valor como filho da Potestade, diamante precioso, que mesmo quando extenuado no lodo que imagina, à primeira réstia de luz que lhe chega, brilha esplendorosamente. Oh! Meu Deus. Que juízo severo as criaturas fazem quando atiram no poço sem fundo do esquecimento a autoestima e a sua criação Divina, sabido que a Consciência Cósmica, o Senhor do Universo não fez modelitos destinados a infelicidade, mas seres anunciados aos esplendores celestes.
Bem por isso, a autoestima evoca uma autoavaliação, juízo que se faz passando a limpo as tarefas e os propósitos da meta a ser alcançada; o resultado que se obtém da autoanalise pode fazer os viandantes sentirem-se bem, por estarem no caminho reto, haurindo a sensação de paz de espírito, ou entenderem que necessitam realizar correções de rumo para alcançar os escopos planejados.
Nesse sentido, não será lícito a ninguém olvidar que os caminhos das avaliações têm pedras, acúleos e abrolhos, e, é sob esse díptico que o distraído tropeça nas pedras, o bruto a utiliza como arma para ferir o seu próximo; nas mãos do empreendedor, a mesma pedra do caminho, serve para a construção de um edifício e quando nas mãos do camponês, ele a transforma num assento.
Todavia, se colocada a pedra nas mãos de Miguel Ângelo, obter-se-á uma escultura revelando seu inigualável talento. Por seu turno, com a pedra do caminho Davi matou o gigante e, o missionário do amor, Jesus de Nazaré, mandou remover a pedra para ressuscitar Lázaro.
Na luz desse entendimento, é dever dos viandantes realizarem periodicamente a análise dos atos pretéritos com serenidade para encontrarem o caminho a seguir, sem o juízo da severidade, entendendo o valor pedagógico dos desacertos como ferramenta de crescimento, e, uma vez esclarecidos, sentirem a alegria de viver pela benção da oportunidade da reencarnação, nos caminhos palmilhados pelo mensageiro do amor, alcançando destarte a materialização dos sonhos da grande viagem repleta de oportunidades sempre bela, colorida e continuamente consentida.
Na perseguição para afastar o juízo severo que ocorre com os viajantes em busca da felicidade é preciso apartar a visão distorcida da realidade, impondo-se como fundamental tomar consciência de ser verdadeiramente filho da Consciência Cósmica, Inteligência Suprema, Causa Primeira de Todas as Coisas, e, nessa condição nasce o estágio atual da caminhada evolutiva.
Ao se tomar consciência dessa realidade, sem máscaras, sem distorções, sem reduções ou amplificações, aprende-se a não ser mais cruel na autoavaliação e muito menos permissivos, porque os extremos são espículos do caminho.
Ao melhor se conhecer a proposta do sábio da antiguidade, o filósofo Sócrates, quando ao adentrar no Oráculolocalizado na cidade de Delfos, na região central da Grécia, um dos mais famosos templo do mundo, deparou-se com a expressão que se tornaria um ícone em sua hermenêutica: ’Conheça-te a ti mesmo’; passados aproximados cinco séculos, nasceu pela melodia do amor o axioma de Jesus de Nazaré: ’Conheça a verdade e a verdade te libertará’; sem dúvida, é nesse histórico momento que se habilitam os profitentes para o estágio da aceitação.
Bem por isso, é indispensável aceitar-se como se encontra no momento existencial, na família onde desenvolve a compreensão dos divergentes, na religião que elegestes, no trabalho que exerce, na sociedade onde moureja para ser solidário, enfim, florescendo aonde for plantado, pois as criaturas da Divindade são obras em constante aprendizado e progresso, portanto, em construção permanente, impondo-se por absoluta lógica, entender as sombras, as falhas, os erros e desacertos como elementos de avaliações, para se perceber a luz de que se é portador, na qualidade de filhos da Providência Divina.
Oxalá não se olvide que as criaturas de Deus são uma coletânea de conquistas, um colar de raríssimas pérolas, de histórias, de vitórias, de derrotas, de acertos e ajustes para se alcançar a paz, porque arquitetos de seu porvir. Assim, as derrotas servem para treinar os aspirantes à felicidade e concomitantemente, deixarem os candidatos mais fortes e melhores para vencerem o bom combate, na retórica de Paulo, o apóstolo dos Coríntios.
Ponto finalizando, parafraseando o Divino Mestre, a caridade é a luz no caminho, seja caridoso consigo, e não obstante os acúleos e abrolhos da estrada, jamais se esqueça que Jesus asseverou aos que trafegam pelas autoestradas do aprendizado: ’No mundo tereis aflições’; nas estradas das provas e expiações todos padeceram agruras e aflições, mas suas advertências ecoam até hoje ao estabelecerem o axioma: ’Esforça-te e tem bom ânimo’. ‘Eu venci o mundo’.
Sob esse díptico, recebam os amigos o ósculo e a oblata da fraternidade em nome do Divino Jardineiro, com votos de um final de semana de muita paz e amor.
Do amigo de sempre
- Jaime Facioli -