As criaturas em trânsito pelo planeta Terra, na compreensível disputa para alcançar a apoteose, destino para a qual foram criadas, buscaram com sofreguidão dar o melhor de si, atendendo à lei de progresso, para chancelar o passaporte da travessia pelo mar revolto das provas e expiações, realizando as experiências que iluminam os caminhos até os esplendores celestes.
Diante dessa dinâmica, o dia 21 de abril é considerado feriado nacional, homenagem que a pátria do evangelho coração do mundo, o Brasil, nas palavras do espírito Humberto de Campos, presta ao sacrifício de Joaquim José da Silva Xavier, enforcado e esquartejado, a 21 de abril de 1792, devido seu envolvimento com a Inconfidência Mineira, um dos primeiros movimentos organizados pelos habitantes do território brasileiro, no sentido de conseguir a independência do país em relação a Portugal.
Digno de menção, saber-se exatamente o porquê das homenagens que se rende a Tiradentes na data em apreço. No século 18, o Brasil era uma colônia portuguesa, origem de grandes lucros para a metrópole, em função do ouro e dos diamantes que haviam sido descobertos na região que ficou conhecida como a das Minas Gerais. Essa região tornou-se o centro econômico e cultural do país. Nela surgiram várias cidades ricas e importantes, como Vila Rica, atualmente conhecida por Ouro Preto, São João Del Rei e Sabará.
Portugal explorava o ouro brasileiro, mas nem todas as pessoas ligadas ao garimpo pagavam os impostos que a metrópole cobrava. Também havia muito contrabando das riquezas minerais. Além disso, essas riquezas não eram infinitas e começaram a se tornar escassas.
O governo português, porém, acreditava que a diminuição no volume de seus lucros com a mineração se devia ao contrabando e à sonegação dos tributos, razão pela qual começou a aumentar os impostos e tomar medidas repressivas implacáveis contra os naturais da terra.
Diante da truculência dos portugueses, os brasileiros se revoltaram, quase na mesma época em que os Estados Unidos se tornaram independentes da Inglaterra e, simultaneamente a essas ocorrências, na Europa, filósofos e pensadores criticavam a monarquia e o poder absoluto dos reis. Inegavelmente esses acontecimentos influenciaram as elites das Minas Gerais e desencadearam a conspiração contra os opressores, pugnando pela Independência. O movimento idealista era constituindo pela casta dos homens ricos e eruditos do passado, entre eles, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.
Plebe mesmo somente Tiradentes, simples alferes, cargo militar dantanho, cujo apelido lhe foi atribuído por exercer simultaneamente ofício de dentista, e, era ele quem saía às ruas levando a bandeira da idealidade para conquistar a adesão do povo ao movimento de libertação. A defesa de seus pulcros ideais o levou à prisão e julgamento pelos poderosos do pretérito e como sói acontecer, os que tinham posses escaparam ilesos da pena máxima, trocando-a pela prisão ou pelo exílio.
Diante desses fatos, Tiradentes foi condenado à morte e ao esquartejamento, forma asselvajada, brutal e grotesca, para que as partes de seu corpo ficassem expostas ao público, objetivando desencorajar outras tentativas de rebelião. Com esse pretexto, o mártir foi executado como um criminoso, mas como idealista se transformou no primeiro herói brasileiro após a Independência, em 1822, segundo os registros históricos da nação brasileira.
Sob o fluxo desse idealismo, os dias atuais oferecem para a pátria amada Brasil, ainda que com todas as ofensas ao bom direito, uma nação livre, sob a bandeira da lei e da ordem, funcionando as instituições jurídicas para preservar a harmonia entre os três poderes da república.
Em que pese a elevação e progresso alcançado pelo coração do mundo e pátria do evangelho, muitos ainda são os que detendo o poder temporal, procuram a todo custo, valer-se de fórmulas espúrias, em nome dos interesses pessoais, para ser o maior entre os maiores. Oh! Meu deus, será possível que esses personagens desconhecem a boa nova, e as lições memoráveis oferecidas pelo Divino Jardineiro?
Conta a história que Jesus, certa feita, escutou os discípulos discutindo entre eles, sobre qual seria o maior, o mais amado, o de importância mais significativa. Notório à saciedade reconhecer que o apóstolo João foi distinguido pelo amor lhanozo do Mestre; Pedro foi merecedor da mais expressiva confiança do educador; Judas era o encarregado de guardar as moedas e o controle da modesta finança do grupo.
Nesse espeque, é de se perguntar: E os demais, quem somos, que papel desempenhamos no grupo social onde mourejamos? Afinal, qual de nós é o maior e por que tantos se desviam do caminho reto para obter seus intentos? No episódio em apreço, certamente os discípulos se sentiram constrangidos pela disputa, mas como os acontecimentos são verídicos e não podia se desprezar a lição de vida, era justo serem honestos, libertando-se das dúvidas.
O Divino Pastor das almas, em sua docilidade orienta seus seguidores na luz da compaixão, e com sabedoria de que era portador, respondeu-lhes: ‘O grão de mostarda, menor e mais insignificante que qualquer outra semente, reverdece com o mesmo tom o solo abençoado pelo trigo vigoroso’.
Exatamente por isso, sabe-se que sem contradita, o fruto do carvalho desenvolve a árvore grandiosa que nela jaz, assim como o pólen quase invisível de todas as flores, se encarrega de transmitir beleza e perpetuar a espécie em outras plantas, pois é certo que todos são importantes na paisagem terrestre.
O grão de areia se anula ante outro para construir a praia imensa, que recebe o carinhoso movimento das ondas arrebentando-se no seu leito reluzente. Dizia o homem de Nazaré: tudo é importante diante de Meu Pai, não pela grandeza, mas pelo significado de que cada coisa se reveste para a utilidade da vida.
Nos dias atuais, em que muitos viajores fazem questão de ser o maior, o melhor, não se importam com os calhaus do caminho, máxime porque para eles, nada mais interessa senão seus interesses pessoais; a esses é indispensável refletirem sobre as orientações do Cristo.
A competição desenfreada e desonesta sem separar os acúleos do caminho, os fazem escravos do sucesso e das aparências. É, sem dúvida, a vaidade quem tem ditado as regras em todas as áreas da sociedade civil organizada. O mundo contemporâneo e o moderno com seus valores em desalinho com a probidade, muito se assemelha à conversa dos discípulos em torno de quem seria o mais amado.
O assunto comporta realizar um link com a proposta sub-oculis, razão porque se colhe no ideário espírita inserto na Redação do Momento Espírita de 13.1.2017, com base no capítulo: A importância de ser pequeno, do livro ‘Até o fim dos tempos’, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, a lirial lição sobre as criaturas desejarem ser amadas, preencher a carência do vazio existencial que vez ou outra assola os candidatos à felicidade, mas que não sabem como realizar esses anelos.
No arrimo desses sentimentos, anote-se que Jesus já havia dado a resposta naqueles idos tempos, asseverando que todos são importantes, e que aquele entre os homens, que desejar ser o maior deveria ser aquele que se esquecesse de si mesmo, decidindo por ser o melhor servidor, aquele que não se cansasse de ajudar, de cooperar com o próximo. O Mestre permanece atual: continua esperando e oferecendo o caminho da Verdadeira Vida.
Para ser o primeiro, é de bom alvitre iniciar pelo parente difícil, sempre disposto a fazer comentários e insinuações maldosas, ou quem sabe com aquele vizinho sempre pronto a uma nova provocação; há incontáveis oportunidades nessa alameda para as experiências.
Assim, há muita chance de se aprender a ser o primeiro e de amar o próximo pela via da virtude da paciência que se desenvolve diante das limitações de quem ainda não está aparelhado com as mesmas ferramentas de que já estão dotados aqueles que praticam a indulgência.
Que não se iludam os profitentes da coragem para aprender a amar, ser o primeiro, o maior e o mais importante, diante da vigilância que se impõe na ambição de progredir, porque não há verdadeiramente um dia em que não surja a oportunidade de aprender a amar, tendo como bandeira a humildade, para ser digno da homenagem da vida bela, colorida e consentida.
Com esses sentimentos d’alma, anela-se sejam todas as criaturas de Deus homenageadas pelos seus esforços no caminho do bem, valendo-se do ensejo para enviar o ósculo e a oblata da paz depositadas em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, desejando tenham os amigos de todo o sempre, um ótimo final de semana em nome do Divino Jardineiro.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -