As criaturas vivendo em sociedade, seres eminentemente gregários como são pela sua natureza, estão sujeitos ao ordenamento pelo qual são dotadas as criaturas no caminho de sua evolução, chancela que se adquire pelo trabalho, registrando a elevação do espírito pelo progresso cada vez que avança em direção aos páramos celestiais.
Desse lado da vida, comemora-se no dia do Trabalho, a efeméride como motivo para um dia de descanso físico a todos que exercem as funções indispensáveis ao exercício da vida, exceto os hospitais, médicos, enfermeiros, empregados nos metrôs, nos ônibus, corpo de bombeiros entre uma infindável gama de serviços que não podem ser paralisados sob qualquer título.
Merece anotar, atentos à realidade da vida no planeta Terra e para análise da historiografia mundial, que a data em apreço surgiu após protestos e morte de operários nos movimentos paredistas ocorridos nos proscênios de existência, razão porque em 1º de Maio de 1889, um Congresso Socialista realizado em Paris, consolidou essa data como marco para essas comemorações.
A escolha da efeméride foi uma homenagem à greve geral ocorrida em 1º de Maio de 1886 em Chicago, na época o principal centro industrial dos Estados Unidos. Naquela ocasião, milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos, tanto como exigir uma redução da jornada de trabalho de 13,00 horas para 08 horas diárias.
Houve manifestações, passeatas, piquetes e discursos inflamados movimentando a cidade, as quais receberam duras e severas repressões, com prisões, feridos e até mortes nos confrontos entre a polícia e o movimento paredista. Assim, em memória dos mártires de Chicago e das reivindicações sociais com a luta dos trabalhadores pela dignidade da vida e do direito, foi instituído o dia Mundial do Trabalho, que a humanidade comemora todo dia 1º de Maio de cada ano.
O direito do trabalho, tendo sua gênese no movimento paredista dantanho, necessariamente conduz os profitentes da doutrina clássica, aos ramos do Direito Constitucional, do Direito do Trabalho e do Direito Social. Com fulcro nesse ideal, há integração na essência dos sentimentos do legislador e as cláusulas pétreas nascidas dessas conquistas, são intocáveis, tais como as pedras das leis mosaicas, as pedras do código de Hamurabi, razão justas porque no bom direito não se admite transigir e são irretocáveis.
É de bom alvitre anotar nessas reminiscências do pretérito com pinceladas do direito pátrio contemporâneo, a reflexão aos laços da vida, que ligaram a esse episódio e os propósitos nobres da existência dos seres em evolução, máxime porque os episódios transatos de que se trata o tema em apreço, tiveram fulcro no desamor e na subjugação que os senhores poderosos e despóticos de outrora utilizavam para escravizar o braço forte de trabalho.
De um lado, os burgueses que de tudo dispunham, amealhavam sem limites, escravizando o proletariado, força produtiva do trabalho honesto, enquanto os operários, na condição de seres humanos necessitados e fonte geradora dos recursos para a subsistência do homem no planeta terra, viam-se estiolados e empobrecidos, vivendo em condições de miséria.
Houve, como seria natural de se esperar, a revolução social e trabalhista, cujo objetivo foi a reforma indispensável para a redução da jornada de trabalho, entre outros benefícios que se incorporaram aos direitos inalienáveis do ser humano e para a contribuição de um mundo melhor e mais fraterno.
Assim, materializa-se naquela ocasião, o laço da vida, valendo dizer que a partir daquele sofrimento e da amarga experiência, indispensável às criaturas de Deus em prova na lição de crescimento, como sói acontecer com o homem em evolução, o aprendizado pelo sofrimento ou pela dor; equivalente a prédica da lição evangélica, ao estabelecer que o aprendizado da vida tem somente duas direções: a da dor ou do amor.
Por esse laço existencial, aquele que dispõe dos recursos devem pô-los a serviço do bem social e da comunidade. Por certo, os proprietários dos amoedados poderão dele também se utilizarem, mas deverão fazê-lo com parcimônia e com sabedoria, de maneira a possibilitar a cada um a oportunidade de crescimento, de estudo e de trabalho lhanozo para a manutenção da vida, pois, a todos há que se conceber a prerrogativa de se ganhar honestamente o pão nosso de cada dia, como ensinou o Homem de Nazaré na memorável oração do Pai Nosso.
Por isso, não se deve esquecer que incontáveis criaturas em trânsito pelo planeta Terra, no estágio de provas e expiações, persistem pelas veredas da porta larga, carregar malas de recursos, fazendo ouvidos moucos às responsabilidades sociais, cristãs, cívicas e de trabalho ao violar as leis da Providência Divina, gerando consequências inditosas para o porvir, cujo resgate está consubstanciado na questão 999 de ‘O Livro dos Espíritos’.
Sob esse díptico, não será reprochável afiançar-se que o trabalho, estudado pelas criaturas como direito social, antes de florescer na consciência dos candidatos à felicidade, é uma das leis naturais que a Consciência Cósmica estabeleceu para o progresso e por eles se ligam os laços das existências, através da eternidade dos tempos.
Com a proteção desse manto e da bandeira desfraldada para o reto proceder, bem se vê a importância que o emérito codificador deu a questão sub exame, quando examinou com as entidades venerandas a questão número 676, de ’O Livro dos Espíritos’, indagando aos arautos do bem, por que o trabalho foi imposto ao homem, e, a resposta foi ’ipsis verbis’:
’É uma consequência de sua natureza corporal. É uma expiação e ao mesmo tempo um meio de aperfeiçoar sua inteligência. Por isso, ele não deve seu sustento, sua segurança e seu bem-estar senão ao seu trabalho e a sua atividade. Aquele que é muito fraco de corpo Deus deu a inteligência para isso suprir; mas é sempre trabalho’.
A propósito do tema em exame, ’a cláusula pétrea da vida e do trabalho’, no capítulo III de ’O livro dos Espíritos’tratando da lei do trabalho, traz importantes apontamentos sobre o tema em comento e a humanidade, já comemorou, há mais de dois lustros, o sesquicentenário da primeira edição da luz do mundo, cumprindo a promessa de Jesus, de que não deixaria órfãos seus irmãos menores, rogando ao Pai Celestial para mandar outro consolador, o que veio a lume no dia 18 de abril de 1857.
O cumprimento da promessa do Divino Jardineiro, ensejou o despertar da realidade e da existência física, uma vez que se tornou público na livraria do Sr. Dante no Palais Royal em Paris nos proscênios dos idos tempos para que se tivesse à disposição toda a luz do mundo a iluminar as mentes e os corações, pacificando as almas em desalinho, pelos laços da vida na interação a que os filhos da Potestade estão submetidos para o crescimento sob os ditames das cláusulas pétreas da vida.
Por essas razões, existe recomendação de Joana de Ângelis para se ler em seu pequeno grande livro, Messe de Amor, a oportunidade de ilustrar o espírito e preparar-se para o bom combate em nome da vida que é bela, colorida e consentida.
Sem contradita, ao abraçar o trabalho com dedicação, obtém-se saúde, casa mental lúcida, recursos para cumprir retamente os compromissos, sem necessitar prejudicar a outrem, em obediência a cláusula pétrea da vida. Contrário senso, ensina o adágio popular. ’Mente desocupada é oficina do diabo’.
Num laço de responsabilidade pode-se prestigiar os empregados, aqueles que estão ‘abaixo’, que ocupam posições inferiores na hierarquia da vida e com eles se conseguir pelos laços da fraternidade, pessoas dedicadas, responsáveis, companheiros leais e probos; remunerar dignamente os que auxiliam os propósitos da empreitada, e ofertar a cada um o que é seu e uma atitude proba.
É oportuno mencionar nessa ensancha o saudoso jurisconsulto, Theotonio Negrão, que no adágio do poeta popular, ’partiu for da hora combinada’, em 20 de março de 2003, deixando rastro de luz no seu trabalho, como paracleto e juiz, autor de livros didáticos e pratica jurídica incomparáveis, entre eles o combo das legislações pátria e em respeito ao digno Trabalho que legou a posteridade, restou o imorredouro ensinamento de que: ’O direito antes de ser uma ciência, é a arte de entregar a cada um o que é seu’.
Oh! Quanta verdade contém esse conceito, tanto na lei moral, como na lei ética ou na lei consolidada, pois em sua alma esta ínsita as preciosas lições religiosas a respeito do tema que consagram as cláusulas pétreas da vida e do trabalho.São os laços que unem para o progresso. O senhor da vida, não elaborou as suas leis por acaso, mas, por uma causa. A causa é nobre, para que juntos possam as criaturas auxiliarem-se através dos laços da vida, um apoiando ao outro para ambos caminharem em direção às estrelas.
Com esse ideário, recebam a oblata da fraternidade e o ósculo em seus corações, com o abraço com o laço do amor fraterno, com votos de muita paz, em nome do Divino Rabi da Galiléia.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -