Uma das mais belas florações de amor é o amor de mãe. Sabe-se, como está grafado na questão nº 200 de ‘O Livro dos Espíritos’, que os espíritos não têm sexo, fato que oferece aos profitentes da doutrina a compreensão em lato senso da capacidade desse amor, quando o espírito ‘escolhe ser mãe’ para viver o mais profundo amor que se pode exercer diante de uma existência em provas e expiações.
Nesse sentido, o dia das mães, a homenagem que lhes presta por todos os cantos do mundo, é sem dúvida a mais bela floração de amor que as criaturas podem buscar nos recônditos de sua alma, para expressar o quanto são gratos por esses espíritos que trazem no peito e no coração o sentimento do amor em plenitude.
Desfraldada essa bandeira para que tremule por todos os cantos do mundo de prova e expiações, a tarefa é sobre-humana para definir os seus atributos, sem inadvertidamente olvidar todos os seus predicados, sem que isso impeça de se gritar em alto e bom som, que ser mãe é carregar no corpo o dom da criação, a dádiva da vida, e no coração um amor que não conhece limites por toda existência. Pode-se dizer também que ser mãe é chamar para si a maior e mais divina das responsabilidades. É ter no colo o poder de acalmar, no sorriso o poder de confortar. Ser mãe é ser estabilidade e fortaleza, mesmo na incerteza, mesmo no sofrimento.
Sem contradita, ser mãe é tudo que o coração seja capaz de expressar em cada gesto, mas muito mais, é acima de tudo ter a capacidade de amar incondicionalmente os filhos, estejam eles como estiverem na caminhada das provas e das expiações, ela estará sempre ao seu lado, na alegria e na tristeza.
Ser mãe é estar sempre servindo de arrimo para sustentar os vendavais e as tempestades que as experiências oferecem para atravessar o mar bravio das tempestades até que a calmaria se faça em seus corações, imitando e louvando Jesus quando ordenou as tempestades para que se acalmassem. Ser mãe é alcançar depois do temporal, amparando a prole, sem distinção de qualquer um deles, conseguir chegar no mar da tranquilidade com os seus protegidos para encontrarem a paz para a travessia das provas até alçarem voo para os esplendores celestes.
Com esses sentimentos, merece considerar como retrato de mãe, que uma mulher existe pela imensidão de seu amor, representando um ser angelical pela incansável solicitude dos seus cuidados, que quando jovem tem a tranquilidade e sabedoria de uma anciã; na velhice demonstra o vigor da juventude expandindo ao infinito o seu amor.
Na condição de mãe, ainda quando sem instrução, desvenda pela intuição inexplicável, senão por orientação Divina os segredos da vida, e quando se torna mãe instruída age com a simplicidade e a ingenuidade de menina, como os pequeninos e bem-aventurados do homem de Nazaré.
Sob esse díptico, lamenta-se que alguns dos viandantes pelo planeta de provas e expiações, ainda não alcançaram a compreensão do quanto essas criaturas são merecedoras da gratidão dos filhos, e, somente no anoitecer da existência se darão conta do tesouro que o Senhor da Vida lhes concedeu, na joia preciosa e luz do caminho.
Para ilustrar o tema em exame, é oportuno o relato colhido na Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20, do livro Novas histórias que ninguém contou, novos conselhos que ninguém deu, de Melcíades José de Brito, ed. DPL. - Disponível no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP, assim transcrito:
Um gesto de amor – ‘Um garoto pobre, com cerca de doze anos de idade, vestido e calçado de forma humilde, adentra a loja e pede ao proprietário que embrulhe para presente um sabonete comum. É presente para minha mãe, diz com quase orgulho. O dono da loja ficou comovido diante da singeleza daquele presente. Olhou com piedade para o seu freguês e, sentindo uma grande compaixão, sentiu vontade de ajudá-lo.
Pensou que poderia embrulhar, junto com o sabonete comum, algum artigo mais significativo. Entretanto, ficou indeciso: ora olhava para o garoto, ora para os artigos que tinha em sua loja. Devia ou não fazer? O coração dizia sim, a mente dizia não.
O garoto, notando a indecisão do homem, pensou que ele estivesse duvidando de sua capacidade de pagar. Colocou a mão no bolso, retirou as moedinhas que dispunha e as colocou sobre o balcão. O homem ficou ainda mais comovido, quando viu as moedas, de valor tão insignificante.
Continuava seu conflito mental. Em sua intimidade concluíra que, se o garoto pudesse, ele compraria algo bem melhor para sua mãe. Lembrou de sua própria mãe. Fora pobre e muitas vezes, em sua infância e adolescência, também desejara presentear sua mãe. Quando conseguiu emprego, ela já havia partido para o mundo espiritual. O garoto, com aquele gesto, estava mexendo nas profundezas do seu sentimento. Do outro lado do balcão, o menino começou a ficar ansioso.
Alguma coisa parecia estar errada. Por que o homem não embrulhava logo o sabonete? Ele já escolhera, pedira para embrulhar e até tinha mostrado as moedas para o pagamento. Por que a demora? Qual o problema? No campo da emoção, dois sentimentos se entreolhavam: a compaixão do lado do homem, a desconfiança por parte do garoto.
Impaciente, ele perguntou: Moço, está faltando alguma coisa? Não, respondeu o proprietário da loja, é que de repente me lembrei de minha mãe. Ela morreu quando eu ainda era muito jovem. Sempre quis dar-lhe um presente, mas, desempregado, nunca consegui comprar nada. Na espontaneidade de seus doze anos, perguntou o menino: Nem um sabonete? O homem se calou. Refletiu um pouco e desistiu da ideia de melhorar o presente do garoto. Embrulhou o sabonete com o melhor papel que tinha na loja, colocou uma fita e despachou o freguês sem responder mais nada.
A sós, pôs-se a pensar. Como é que ele nunca pensara em dar algo pequeno e simples para sua mãe? Sempre entendera que presente tinha que ser alguma coisa significativa, tanto assim que, minutos antes, sentira piedade da singela compra e pensara em melhorar o presente adquirido. Comovido, entendeu que naquele dia tinha recebido uma grande lição. Junto com o sabonete do menino, seguia algo muito mais importante e grandioso, o melhor de todos os presentes: o gesto de amor. ‘
Cabe, pois, a todos os filhos, na data magna do dia das mães, investir no amor. Ele é o mais poderoso meio de tornar as pessoas felizes. Em qualquer circunstância para as comemorações, o mais importante não é o que se dá, mas como se dá. Todo presente deve se revestir de sentimento e o gesto da entrega deve ser o de afeto. O que se deve dar é o coração a vibrar em amor. O valor do presente não está no quanto ele custou, mas sim o quanto ele somará na contabilidade do coração.
Sob essa retórica, em homenagem ao dia das mães e na elevação do espírito para todo o sempre, vale-se da oportunidade para depositar o ósculo em seus corações, anelando pôr um fim de semana na paz e em nome de Maria Santíssima, mãe de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli