A fé é uma virtude que todos anelam por dar expansão, demonstrando à saciedade a sua confiança plena no Eterno; todavia, sentem dificuldade em bem compreender o que seja a fé em sua natureza, máxime porque essa virtude nasce n’alma e nada tem que se possa tocar, pesar e medir, pois sua nascente não reside em nada material.
Apesar dos pesares, todo ser humano transitando pelo planeta de provas e expiações possui em estado latente à fé que o Senhor da Vida depositou em suas criaturas para poderem atravessar o mar bravio das existências. Contudo, é notório o fato de que as pessoas tenham dificuldades para entender a força da fé, assim considerando que se trata de um elemento intangível e por isso mesmo de difícil percepção e entendimento, pois é impalpável e incorpóreo.Assim, quando chegam as dificuldades para se realizar as provas e as expiações, não sabendo utilizarem o Poder da Fé, as criaturas se abatem e deixam-se levar pela angústia, depressão, síndrome de pânico, ou até o impensável suicídio, e, quando não atacam com violência os objetos inanimados, elegem a Consciência Cósmica para receberem os impropérios pelas desditas de que padecem em razão das provas para a devida avaliação e crescimento espiritual.
O Poder da Fé reside na confiança que os filhos da Potestade depositam no Pai de amor, de misericórdia e de bondade, Senhor da Vida, Onipotente, Onipresente e Onisciente. Nas judiciosas lições do Divino Pastor, não cai uma folha da árvore se não for por sua vontade. Ele cuida dos pássaros e dos lírios que nascem no lodo, não tecem e nem fiam, mas mesmo assim nem Salomão no esplendor de sua glória vestiu-se como eles.
Estruturado o sentimento d’alma na fé, se pode declamar em alto e bom som: “Meu Deus. Vou buscar, nem que seja em águas distantes, nem que preciso for mover céus e terras estranhas, desbravar as matas, enfrentar perigos angustiantes, lutar sem armas, galgando as mais altas montanhas. Manter-me-ei no porto seguro da fé e da confiança em tua providência Divina, onde o barco de minha vida ancore com firmeza, onde meus pés não encontrem caminho impuro e os meus anseios se emoldurem pela natureza.
Vou buscar, Senhor, esta paz tão almejada, expandindo todo o ser que meu peito habita. Caminharei em busca da paz do Divino Pastor sempre sonhada e chegar até onde meu caminhar permita encontrar a luz dos páramos celestiais. Com o Poder da fé em ti, meu Pai, vencerei as angústias de perguntas sem respostas, pois no Consolador Prometido encontrei toda a luz do mundo.
Por isso, inverterei o rumo das tristezas e em seu lugar porei a alegria de viver a vida, sempre bela, colorida e consentida, e assim seguirei o meu destino com resignação e amor, tendo como ícone de bem viver a caridade, enquanto aguardo tranquilo o amanhã tão esperado. Oh! Meu Deus. Levarei comigo no poder da fé, somente os sonhos sublimados de esperança e do verdadeiro amor, deixando para trás os rostos tristonhos de um passado sem vida, sem rumo e sem cor.”
De posse desses sentimentos, alcançar-se-á a recompensa da paz de espírito e os profitentes do tema sub-oculis, tem se perguntado como se fazer para receber a láurea do devotamento à causa do Cristo de Deus, bem compreendendo a fé como confiança na Inteligência Suprema, Causa primeira de todas as coisas.
O discurso em exame, se colhe na historiografia traçada no ano de 1972, quando o Prêmio Templeton foi instituído, outorgando-se pela primeira vez em 1973, entre incontáveis candidatos, os jurados elegeram para recebe-lo a veneranda, então Madre Teresa, hoje Santa Madre Tereza, diante da canonização que lhe fez a Igreja Católica, para receber a láurea da verdadeira caridade.
Cabe anotar que o prêmio em questão é uma condecoração anual instituída pela Fundação John Templeton, criado em 1972, para homenagear aqueles que tenham feito no ano precedente, “uma contribuição excepcional para a afirmação da dimensão espiritual da vida, seja através de uma introspecção, descoberta ou trabalhos práticos".
Naquele ano, o encarregado para fazer a entrega do prêmio foi o marido da rainha da Inglaterra, Filipe, duque de Edimburgo em cerimônia no Palácio de Buckingham, premiando-se assim a qualidade do testemunho religioso. Sucedeu que no discurso de homenagem o duque de Edimburgo assim se expressou: “ Nada posso nem me atrevo a dizer sobre Madre Teresa. Mas há muito que aprender de seu exemplo. A lição que, sobretudo, deveríamos aprender é tão simples quanto velha: a fé de uma pessoa mede-se por seus atos... Madre Teresa não poderia ter vivido tal vida nem realizado tais obras sem uma fé imensa. ”
Atendendo o protocolo de tão elevada homenagem, uma vez recebida a láurea da fé, na presença de personagens ilustres, a Santa Madre Tereza de Calcutá, em respeito ao protocolo assim se pronunciou: “Ao conceder-me este Prêmio, vós o destes a todas as pessoas que, de todos os lugares da Terra, compartilham comigo o mesmo trabalho, semeando o amor de Deus entre os pobres. Nós estamos em contato com o corpo de Cristo. É a Cristo que tem fome que nós damos de comer. A Cristo nu que nós vestimos. A Cristo desalojado que oferecemos teto.
Mas a Sua não é apenas fome de pão, nudez de roupas, ou necessidade de uma casa de alvenaria. Cristo tem, hoje, em nossos pobres, e também nos ricos, fome de amor, de cuidados, de calor humano, de alguém que se preocupe com eles como de algo próprio. Hoje como ontem, Jesus vem aos Seus e eles não O reconhecem. Vem nos corpos purulentos dos nossos pobres. Vem até mesmo nos ricos que estão se deixando sufocar pelas riquezas, na solidão de seus corações, e não têm quem os ame. ... (dados biográficos de Madre Teresa de Calcutá colhidos na Redação do Momento Espírita, de 24.1.2018.)
Sem contradita, no âmago desse opúsculo concluir-se-á que a existência dessa filha da Consciência Cósmica, diz a todos os caminheiros em provas e expiações, que com fé inabalável é possível, sim, fazer o bem e amar o próximo como a si mesmo, atendendo ao amoroso convite do Homem de Nazaré superando qualquer dificuldade. Oxalá a vivência dos preceitos evangélicos torne possível esse apogeu com o instrumento da fé. A fé inabalável de que somos filhos do mesmo Pai Eterno, membros de uma única e imensa família.
Proclame-se, por isso, que há no leme da existência o Deus todo poderoso de amor e bondade, e apesar dos pesares, quando se abre a caixa de Pandora libertando os males que grassam a humanidade, os fantasmas que assombram as almas; doenças, guerras, ditas santas ou não, sequestros, homens bombas que todos os dias enlameiam os noticiários; a política que estiolam os mais puros sentimentos dalma, ainda assim, com a fé raciocinada, pode-se proclamar a cada momento, olhando além do horizonte, sentindo a segurança que oferece o Divino Jardineiro, ao ensinar a se ver além do erro, além da dor, além do sonho, que é neste jornadear que se trilha o caminho do programa de vida de cada um dos filhos do Eterno.
Para se viver essa realidade, serão necessárias a fé inabalável e a compreensão de que cada acontecimento tem por objetivo mostrar que é necessário conhecer e aprender, retirando-se o nó das dúvidas e se permitindo ficar livres das amarras da ignorância, da insensatez, de ser agnóstico, e trilhar pelo caminho que leva os filhos da Potestade as láureas da fé, com a realidade que se encontra além, muito além do nó que se tece a cada passo.
Os entraves são ilusões que impedem de se alcançar o caminho real. Há que se abandonar as utopias e conceder espaço e lugar para a luz luminífera que existe dentro de cada um dos candidatos à felicidade, pois na qualidade de filhos de Deus, todos são diamantes preciosos que mesmo quando caídos no lodo, podem ser lapidados, trabalhados sob a luz do evangelho redivivo de Jesus, para que a primeira réstia de luz que lhes chegue, possa brilhar esplendorosamente, como ensina o espírito benfeitor da Humanidade Joanna de Ângelis. O verdadeiro ser que existe, filho do Eterno, um ser amoroso, sem danos, sem temor e sem dor, vive na alegria de poder contemplar uma vida digna e cheia de amor.
Com esses sentimentos d’alma, segue o ósculo depositado em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham todos a fé inabalável na vida, bela, colorida e consentida, com um final de semana de muita paz em nome do Divino Pastor.
Do amigo Fraterno de Sempre.
- Jaime Facioli –