Na atualidade, as criaturas se dão conta de que as tempestades das provas, são indispensáveis à colação de grau na universidade da vida, sendo certo que imensa maioria dos que transitam pelas provas e expiações estão convictos de que esses acontecimentos decorrem da necessidade que se tem de aperfeiçoamento e elevação espiritual, para atingir-se o “nirvana” proposto pelo primeiro buda, o Sidarta Gautama, libertando-se os indivíduos das amarras dos enganos, dos erros e dos desacertos; foi também a proposta adotada por Sócrates, herdada provavelmente de Tales de Mileto na antiga Grécia, e o incomparável Jesus de Nazaré, quando orienta a se conhecer a verdade, pois essa verdade libertará as criaturas.
É também o fluxo natural que os viandantes no despertar das consciências iniciam os balanços dos atos praticados, conferindo as atitudes tomadas quando as tempestades e os ventos sopraram a favor ou contra os interesses mediatos, ou planejaram o porvir, conscientes de que ninguém sabe porque sopram os ventos e chegam as tempestades, de onde eles vêm ou para onde eles vão, senão quando depositam sua fé no Senhor do Universo e nos propósitos da vida consoante dispõe Leon Denis no seu memorável livro “O Problema do Ser do Destino e da Dor.”
Nessa caminhada, ao se defrontar com as tempestades das provas, lamentavelmente, muitos ainda experimentam a dor do opróbrio, posto que a ninguém será lícito em sã consciência asseverar não ter sido delinquente no passado; os descaminhos se deram em razão da necessidade de crescimento e do progresso que se experimentou para alcançar a elevação espiritual na direção das estrelas.
Não se trata de sofisma a afirmação em apreço, máxime porque os seres humanos não praticam ou praticaram delitos transatos por serem estiolados de valores d’alma. Não, isso jamais. O maior e mais perigoso dos bandidos, tem dentro de si a semente da bondade. O espírito benfeitor da humanidade Joanna de Ângelis assevera que o diamante mesmo quando caído no lodo, à primeira réstia de luz que lhe chega será capaz de brilhar intensamente.
Em verdade, trata-se da curiosidade insaciável e o desejo de conhecer todas as coisas que os impulsionam para a cognição e os fazem experimentar a angústia para aprenderem a gemer, método pedagógico de aprendizado denominado de experiência e professor catedrático encarregado da educação e dos bons princípios, para conduzi-los aos píncaros do bem proceder.
Bem por isso, a ciência da observação mostra aos profitentes os atos daqueles que se envolvem nas comissões parlamentares de inquérito, nos desvios de recursos da saúde pública, nas guerras, seja dos dissidentes do estado islâmico, seja qual for a guerra de plantão, há sempre a aparência de que o mundo está repleto desses tristes episódios. Um deles, apenas para recordar a infeliz escolha, foi o atentado às torres gêmeas no Word Trade Center em Nova York em 11.09.2001, entre tantos outros, de que não se orgulha a sociedade moderna e espiritualizada em qualquer balanço de atividades em que a criatura seja chamada a prestar contas dos atos praticados, a qualquer tempo, diante da tempestade que deixou sua lição e marca profunda, para que jamais se esqueçam.
Sem hipocrisia, a menos que se imite o avestruz, não se negue no balancete dos atos praticados dantanho, na unidade doméstica, a existência do Poder Executivo que não administra com probidade os negócios do povo; O Poder Legislativo que desce a caneta nas leis a desfavor de outrem, editando leis espúrias e repletas de sofismas, cuja finalidade é enganar a outrem; o Poder Judiciário, como toda a atividade onde moureje os candidatos à felicidade, não se está imune desses ventos fortes e devastadores, porque, alhures e algures, elaboram arestos de favor.
Oh! Meu bom Deus.
O mundo está farto desses maus exemplos que entibiam a sociedade moderna sedenta de paz, razão e motivo porque há que se realizar o balanço dos atos praticados pelos filhos transviados que transitam por esse planeta de provas e expiações, impondo-se sanções destemidas para sanear o mundo em que se vive, deixando que os ventos soprem com a força dos vendavais que devastam tudo à sua frente para ao depois surgir a brisa suave da paz.
Diz o povo na sabedoria popular que os resultados dos atos desalinhados com a ética, a moral e o bem proceder não permitem o repouso do justo, e na calada da noite, ao reverem os atos praticados sob os cânones da questão 919 de "O Livro dos Espíritos", da lavra de Santo Agostinho, constata-se que a consciência não deixa impune ninguém, e, sem a paz, nenhuma das criaturas consegue entregar-se nos braços de “Morfeu” o Deus do Sono da Mitologia Grega, "Morfeu".
É verdade. A consciência é o repositório onde o Senhor da Vida depositou sua lei, no dizer da questão número 621 do mesmo Codex em apreço. Nesse caso, há uma necessidade urgente do homem moderno perseguir os ditames do dever retamente cumprido para alcançar a paz de consciência, observando com cuidado e destemor para onde os ventos sopram, de sorte a não provocar tempestades com os seus atos, mas brisas suaves para ser dínamo da paz por todos aneladas.
Sabe-se que esses conceitos e propostas não são fáceis de serem aplicados e vividos, máxime quando as tempestades chegam e os ventos sopram fortes com os vendavais batendo à porta, chegam com força da destruição, mas nem por isso os filhos de Deus se entregam ao desânimo porque, os exemplos de Jesus de Nazaré jamais foram esquecidos. Da mesma sorte, o aprendizado da vida, na gênese das lições do homem de Nazaré estão sempre atuais como voto condutor na existência dos viajores para se alicerçarem no rumo a seguir, hoje, agora e sempre.
Sedimenta essa preleção a história de um fazendeiro que necessitava contratar mão de obra para suas terras. Aos anúncios compareciam muitos pretendentes que não inspiravam confiança no homem do campo, que ao perscrutar suas almas, sentia que as pessoas não tinham condições de bem exercer as funções que o cargo exigia.
A seleção foi árdua como sói acontecer quando se tem que avaliar nos outros os valores íntimos da alma, máxime porque nunca se dá conta de que cada criatura é um ser personalíssimo, portanto, também portador de atavismos, de erros, de enganos cometidos no passado comprometedor, quando estavam aprendendo a viver na liça do bem, em busca da paz de consciência.
De qualquer sorte, um dia apareceu-lhe um candidato, um senhor de meia idade prontificando-se para realizar a tarefa de lavrador. Interrogado pelo senhorio, em sua modéstia disse-lhe o pretende ao cargo, não poder dizer-lhe encômios sobre a sua própria pessoa e que o tempo melhor definiria se ele estava apto para as tarefas desejadas, mas afirmava que sobre sua conduta ele poderia dormir quando as tempestades chegassem e enquanto os ventos sopravam.
Confuso com a resposta, mas inspirando-lhe imensa confiança aquele senhor de pequena estatura, resolveu o contratante por realizar uma experiência de trabalho com o candidato inusitado. Deu-lhe o seu voto de confiança. Por seu turno, o contratado trabalhou bem ao redor da fazenda, manteve-se ocupado do alvorecer até o anoitecer, como acontece com certas pessoas que contratadas para uma tarefa, põem-se prestas a realizar suas obrigações, sem ficar dependendo que os outros tudo lhes ensinem, façam ou os conduzam daqui para ali, quando em verdade, devem se esforçar pelos seus próprios meios para oferecer o melhor de seus conhecimentos na realização de suas responsabilidades.
Em razão dessa postura, o novo empregado passou os dias e semanas quase sem ser percebido e o patrão estava satisfeito com o trabalho realizado. Aconteceu, porém, que numa noite dessas em que a tempestade procura sanear a atmosfera, São Pedro, como se diz na liça popular, arrastou os móveis todos do céu, promovendo ruidoso barulho e o vento uivou ferozmente, amedrontando e fazendo o senhor dos campos pular da cama altas horas da madrugada, agarrando um lampião e correndo em direção ao alojamento onde dormia o seu empregado.
Lá chegando, sacudiu o pequeno grande homem e gritou. Levante-se, vem aí uma tempestade, devemos amarrar as coisas antes que sejam arrastadas pelos fortes ventos, destruindo os bens da fazenda. Surpreso, o patrão ouviu como resposta que não haveria porque se preocupar, uma vez que lhe havia lhe dito quando contratado, que ele poderia dormir enquanto os ventos soprassem e as tempestades chegassem.
O fazendeiro ficou enfurecido, transtornado com a conduta de seu subordinado, pensou em despedi-lo imediatamente diante de sua insolência e desrespeito. Todavia como a situação era de emergência, resolveu deixar isso para mais tarde e cuidar dos afazeres rapidamente ele mesmo, evitando assim os prejuízos iminentes.
Nova surpresa, nessa noite de tempestades haveria de tomar conta de sua conduta futura, pois ao dirigir-se aos montes de feno, constatou que estavam todos cobertos com lonas firmemente presas ao solo. Os animais estavam bem protegidos no celeiro, e os frangos nos viveiros, com as todas portas muito bem trancadas. As janelas bem fechadas e seguras. Tudo estava em ordem e nada poderia ser arrastado pelas intempéries que se aproximavam.
Foi nesse instante em que ele compreendeu o que seu empregado lhe dissera quando fora contratado, ao afiançar-lhe que não poderia tecer considerações sobre o seu caráter, mas que poderia assegurar que enquanto os ventos soprassem e a tempestade chegasse ele poderia dormir em paz. Esse é o caminho para se poder dormir em paz. Estar preparados emocionalmente, espiritualmente, e fisicamente para o repouso dos justos, sob o pálio da consciência tranquila do reto dever cumprido.
Por esse arrazoado, pode-se afirmar que, se os deveres forem retamente cumpridos, sem emprego de sofismas, sem enganar a outrem ou lesionar os direitos do próximo, pode-se deitar em berços esplêndidos e não importa a cama onde se entregue o corpo físico, o espírito estará em paz flutuando nos altiplanos celestiais com a consciência do dever cumprido.
Sabe-se que as tempestades morais são necessárias para o despertar do espírito, segundo Carl Gustav Jung, “Quem olha para fora, sonha; quem olhar para dentro, desperta; seguem leis naturais ou as tempestades chegam para o crescimento espiritual, a fim de que se fortaleça aqueles em dissintonia. As tempestades emocionais ajudam a olhar para dentro, detectando sentimentos negativos, vícios e defeitos que devem ser eliminados. Muitas vezes as imperfeições estão tão arraigadas que somente um forte temporal poderá retirá-las. À medida em que se progride, deixa-se para trás orgulho, egoísmo e tudo o que atrasa a evolução moral e espiritual, e as tempestades serão cada vez mais amenas, mais breves, menos assustadoras. O caminho, a fé e o amor ao próximo serão, sempre, a maior bandeira de proteção a ser desfraldada durante as tempestades da vida.
Sob esse díptico, se o espírito imortal, esse filho de Deus tiver respeitado as leis do Pai Celestial, depositadas em sua consciência, certamente dormirá sono profundo enquanto os ventos soprem e as tempestades cheguem em sua vida.
Com essas considerações, anelando que se possa no caminho da jornada existencial cumprir retamente com os deveres, na família, no trabalho onde estás convocado a realizar as atividades ou nos serviços de benemerências, cujo óbolo se deve oferecer a benefício de uma sociedade vocacionada para o reto cumprimento dos deveres em nome da paz social, segue o precioso ósculo depositado em seus corações pelo amigo fraterno de sempre, com desejos de muita paz, em nome do Celeste Amigo.
o AMIGO DE SEMPRE
Jaime fACIOLI