O silêncio é um ato de amor que as criaturas de Deus trazem consigo na viagem de aprendizado, realizando as provas ou expiações. O uso dessa virtude vem nos corações daqueles que adotam as prédicas do arauto do amor, quando ensina nas bem-aventuranças para se ter puro os corações. Por essas razões, o vetusto adágio dos detratores no sentido de que aqueles que planejam um assalto ou roubam de outrem, matam ou sequestram, também o fazem na calma da madrugada, a sorrelfa daqueles que adotam atitudes de silêncio interior e sem julgar ao próximo.Bem se vê que o mau vezo daqueles que adotam o hábito de tudo reclamar e discutir, é ainda um contraponto aos sentimentos daqueles que se põem em sérias reflexões diante das provas e experiências da vida; de fato, diante da mínima contrariedade ou decepção adotam a ofensa moral ou física criando uma cizânia, deixando transparecer em suas expectativas que não admitem nada mais, nada menos do que uma vida perfeita, como se a viagem pelo planeta Terra fosse de veraneio, e não de provas e expiações.
Os que se permitem no exercício do livre arbítrio, trilharem o caminho da tenaz oposição à vida bela colorida e consentida, sem se dar o direito de examinar a beleza que emoldura a natureza e o seu coração que pulsa mantendo a vida em plenitude, para em tudo ver o céu obnubilado, indica ainda que, em síntese apertada, desconhecerem o extraordinário alfarrábio da lavra de Leon Denis, “O PROBLEMA DO SER DO DESTINO E DA DOR”: na mesma fonte cristalina, sob o impulso da mesma pena também se colhe, “O porquê da vida”, “O grande enigma”, “O além e a sobrevivência do ser”, entre infinitos esclarecimentos para a utilização e o valor do verbo silenciar que comove até o ápice das lágrimas.
Aqueles que fazem algaravia com o valor do silêncio como oportunidade de reflexão, virtude a ser desenvolvida num gesto de amor e meditação, cometem ledo engano, porque a perfeição não é deste mundo, onde explodem os atritos, as divergências e os pensamentos desiguais, condição inegável de aprendizado para debates de elevação espiritual das criaturas de Deus, em direção à única fatalidade admissível.
Bem por isso, anotar em súmula apertada quando a esposa se aborrece com a “pouca” atenção dos filhos, do esposo, da empregada e por seu turno os fâmulos reclamam dos patrões, do salário, do horário espartano, das exigências no cumprimento dos deveres, enquanto os chefes se irritam com as falhas dos subordinados, ou quando os irmãos biológicos ou de caminhada, se agridem sem razão plausível a não ser o seu próprio destempero.
Nesses momentos, certamente não é hora de troçar com o verbo silenciar. Ao contrário. É a hora, sem dúvida, do silêncio que repousa no imo d’alma, buscando o criador. Os revoltados de plantão, valem-se de alguma enfermidade para se julgarem vítimas da vida, ou se enfurecem por receber a missão caridosa de cuidar de parente enfermo, valendo-se do ensejo para blasfemar contra o destino. De um modo ou de outro, incontáveis criaturas na universidade da vida, que estampam no rosto, a entrada d’alma, fisionomia de contrariadas; “In-Veritas”, não têm o zelo de interrogar-se no imo d’alma a origem de seus aborrecimentos.
Não se perguntam a razão das dificuldades como esclarece Leon Denis no livro sugerido alhures, olvidando o silêncio como forma de preservar a paz interior. A retórica vale-se da pena e dos sentimentos d’alma para ilustrar o tema em apreço, no exemplo do arauto do amor, esclarecendo à saciedade o comportamento de Jesus, logo após Sua prisão.
O arauto do amor na excelência da palavra, em tempo algum poderia ter recebido a pecha da omissão, máxime porque sempre se posicionou com firmeza, em defesa do bem e da verdade. Levantou com destemor Sua voz contra as hipocrisias de quantos assim se apresentassem, esclarecendo de modo, valente e vigoroso os que faziam do templo sagrado um local de comércio.
De outra banda, exemplificou o valor do silêncio que comove, pois na hora de Seu testemunho emudeceu a própria voz. A caminho do Calvário, transitou como se tratasse de um espetáculo circense para o povo, mas com a alma mergulhada em comovedor e profundo silêncio onde cabia milhões e milhões de palavras, sem, todavia, proferir a mais leve acusação.
No trajeto para o monte das caveiras, caminhou humilde, coroado de espinhos, sem se aborrecer com a ignorância dos que lhe colocaram nas mãos uma cana imunda, para mangá-lo como se fosse um bastão real. Da mesma sorte, em silêncio que comoveu os corações amorosos, não se incomodou com o escárnio dos populares exaltados. Pela via crucis, Jesus atravessou as ruas de Jerusalém em silêncio pleno de significados e incontáveis palavras de reflexão.
Oh! Meu Deus. Não se compreendem porque não se esforçam os detratores, para ver a beleza da vida, máxime o silencio d’alma para que o jardim da vida floresça, renasça a cada dia que amanhece; sinta a pureza do amor que purifica os pensamentos com sentimentos nobres logo nas primeiras horas da manhã; substitua o homem velho, retirando-lhe a poeira do tempo, das palavras inadequadas e os rituais ultrapassados, permitindo que a meditação profunda d’alma oferece as flores para desabrocharem diante da nova criatura entusiasta pela vida, bela, colorida e consentida, desejando ardentemente que o espírito se renove pela meditação da quietude da noite, desabrochando como a rosa do botão, para surgir como a aurora no oceano, ao sorriso dos lábios e no gesto da esperança, engrinaldando os sentimentos do coração, em renovada festa de encontro com a felicidade dos herdeiros do universo.
Sem contradita, é o momento do silêncio que comove. É o momento da meditação e da reflexão desapaixonada. É a elevação da criatura até aos pés do criador, porquanto o Divino Jardineiro, ao “desfilar” mesmo sem o auxílio do Cireneu que também foi surrado pelo centurião, ensinou a Humanidade a virtude da tranquila submissão à vontade de Deus. O modelo é Jesus, puro por excelência, não reclamou da vida e não se opôs resistência aos detratores; nisso reside o caminho para as experiências do trajeto em busca da felicidade, sem reclamar para se alcançar o processo evolutivo que todas as criaturas de Deus estão submetidas para a fatalidade de se chegar aos expenderes celestes.
Ponto finalizando, se a vida de provas e expiações fizer exigências, aceitemo-la, sem esperar ajuda inerentes que as provas trazem consigo. Contrario senso, habituemo-nos as ser quem ampara, entende e compreende, porque todo bem que se faz aqui, no silêncio, registra-se no livro da vida e milita a favor do benfeitor alhures e algures. Como Jesus de Nazaré, silenciemos as queixas e avancemos firme e forte pelos caminhos das provas e expiações, atentos a proposta de Paulo, o apóstolo, para nos tatames da vida, lutar com denodo o bom combate, sem reclamações, e como fez o Mestre ao estabelecer que Ele venceu a vida e que somos Deuses, portanto tudo que Ele fez também podemos fazer.
Envolvidos nesses sentimentos d’alma, segue os anelos que tenhamos um final de semana, sem reclamações, repletos de paz, no silêncio dos nossos espíritos, desfilando por onde mourejarmos a felicidade e a alegria da oportunidade da vida bela colorida e consentida.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli