As criaturas da Potestade, sem exceção, para encetarem uma viagem, de qualquer natureza, rogam aos céus por um -céu de brigadeiro-, o que equivale dizer que anelam por sol, sombra e água fresca, sem qualquer incidente ou contrariedade, pedindo as bênçãos do Senhor da Vida para que o transcurso da viagem seja de paz. Nada obstante, para esses projetos é notório que a preparação da viagem impõe ao viajor cuidados especiais, porquanto a presença de vendavais e acontecimentos imprevistos ocorrem, e, é preciso estar preparado para as ocorrências do percurso, a fim de que os anseios traçados alcancem o apogeu da felicidade.
Nesse caso, tem aplicação a metáfora de que se utiliza essa pena considerando o apólogo em apreço, porquanto a viagem para as provas e expiações tem os mesmos requisitos de preparação para o sucesso da empreitada das férias; na grande viagem de aprendizado pela provas e expiações exige-se a preparação dos viandantes, máxime quanto aos valores que se atribui aos bens materiais. O caminho a percorrer para a conquista desejada com sofreguidão, para se alcançar a felicidade da viagem, são os bens de natureza material, como o automóvel, a casa de morada, o computador, os bens de natureza fungível de qualquer gênero, ou mesmo aqueles de natureza infungível ou intangível, isto é, aqueles de natureza incorpórea.
Alcançar os valores indispensáveis à subsistência dispende uma eternidade em tempo, mediante o trabalho probo e o reto proceder; estudar com sofreguidão para se alcançar o conhecimento catedrático nas diversas áreas das ciências. Uns constroem sonhos e projetam seus ideais para um porvir de glória; outros, na matroca, roubam para conseguir seus objetivos espúrios. Há os que matam e se matam por -amor-, em atitude de egolatria;
As mentiras, destroem os lares que deveriam se alicerçar na religiosidade, e no evangelho redivivo do Celeste Amigo, como norte da probidade, como ensinam os espíritos venerandos na questão 625 de -O Livro dos Espíritos-, ao esclarecerem o modelo perfeito para seguir na jornada da vida, com a figura da mansuetude de Jesus.
Que valor atribuir ao dinheiro? No dizer do espírito benfeitor da humanidade Joanna de Ângelis, in Episódios Diários, pág. 141: -O dinheiro facilita as trocas, impulsiona o progresso, faculta o conforto e sustenta a vida. Responde por crimes inumeráveis: Corrupção, desdita, miséria e fome. Ajuda na enfermidade, na educação e na caridade. Ele não é bom ou mau. O uso que se lhe faz e a ambição humana que o cerca, o tornam instrumento de vida ou arma de morte-. Considerando o indispensável aprendizado para bem proceder na escala dos valores da vida, assevera-se, que os filhos da Potestade enfrentam ainda enormes obstáculos para vencerem os vendavais da existência de provas e expiações. Assim, o que diga respeito às criaturas do Divino, seja na alegria ou na tristeza compõe a cesta básica dos viajantes na turnê da reencarnação.
Em cada uma das circunstâncias, quando o espírito ainda não se elevou e evangelizou para alcançar a compreensão da vida eterna, é como se alguém ou algo estivesse sempre atrapalhando os projetos da viagem e criando dificuldades na programação adrede elaborada. Basta alguém se opor contra os ideais de ourem, e, se tem como resposta, a agressividade atávica, sem se dar conta, que também o outro na mesma viagem, merece respeito e no limite de sua compreensão tem a sua verdade. Bem por isso, o homem foi criado simples e ignorante das ciências, no dizer das questões 115, 133, e 804 de -O Livro dos Espíritos-, e, por esse motivo, é um ser eminentemente gregário, devendo viver em sociedade para somar e dividir as alegrias e aflições.
Nesse jornadear, angaria em companhia dos irmãos de caminhada, experiências valiosas e simultaneamente transmite a outrem as suas vivências, máxime porque, o ser humano em evolução é o resultado de suas vidas pregressas, consoante Paulo o apóstolo dos gentios ao estabelecer que a criatura humana carrega consigo todas as suas obras. Tudo o que se apreende, jamais se esquece. Sob a dicção do espírito Eros, na psicografia de Divaldo Pereira Franco, no livro Heranças de amor, se colhe preciosa pérola de conhecimento espiritual com iluminada retórica:
-Os ventos fortes e as chuvas torrenciais se unem em espetáculo dantesco. Enxurrada e lamaçal destroem sementeiras e alagam propriedades. ... ... Destruição e treva reinam por algum tempo. Depois, uma grande calmaria a tudo sucede. Os trombeteiros do medo e os gigantes do horror cessam a fúria. A terra se apresenta revolvida, as árvores arrancadas... ...os ninhos desfeitos. ... no entanto, o ar está liberado de miasmas, ... ... A natureza repousa para logo mais apresentar toda sua beleza outra vez-.
Dessa mesma sorte, é a existência da grande viagem de provas e expiações para os filhos da Divindade. A tormenta das dores, a borrasca dos sofrimentos atinge as criaturas vez ou outra, mais duramente, pois o caminho não está na ociosidade. Ao contrário, é como se tudo se unisse e acontecesse num só tempo; a enfermidade no lar, o desemprego, desentendimentos familiares, o abandono de alguém amado, uma traição. As nuvens escuras do desalento obnubilam o céu dos sentimentos e a desesperança castiga a alma. Contudo, por mais rudes sejam os padecimentos, as dificuldades ou os problemas, eles passam, como tudo na vida passa diante do transitório.
Com esse sentimento, o momento é oportuno para trazer à colação as lições da Santa Madre Teresa de Calcutá quando em bela página assevera: -Tua força interior e tuas convicções não têm idade. Teu espírito é o espanador de qualquer teia de aranha-.
Trata-se de um convite irrecusável para o traslado da existência do viajor prosseguir a viagem, apesar dos tropeços, encorajando-o para jamais abandonar as lutas. Há que ser proceder retamente, em vez de compaixão, existe o dever de agir com respeito aos cânones da vida. E, se o peso das lutas e dos anos te disser que não podes mais correr, prossiga sem desânimo, andando.
Em síntese apertada, a poesia de luz supera a noite sombria, convidando à renovação e mesmo que a noite das aflições teime em colocar trevas nas almas sequiosas de amor para dominar as sublimes aspirações dos filhos do Eterno, siga o sol que permite bordar um novo dia de esplendor e beleza no coração renovando a vida, sempre bela, colorida e consentida. É sempre das criaturas a responsabilidade de capturar a luz que brilha na natureza elevando um hino à vida para realizar a claridade interior revivendo em sua poderosa luz de amor a eternidade do bem. O apóstolo Paulo de Tarso, o arauto do Cristo de Deus, imortalizou o esforço dos irmãos de caminhada na expressão do bom combate.
Sabe-se que é fácil carregar Jesus no peito. É só mandar confeccionar camisetas alusivas ao homem de Nazaré. Difícil é colocar o peito a serviço de Jesus. Bem por isso, dizer que se vê aqui e acolá tentativas de fechar os olhos para as coisas de Deus.
-O Evangelho Segundo o Espiritismo- oferece o alerta e chama a atenção para uma possibilidade ímpar de releitura dos atos e o comportamento na liça do modelo de vida eleito. Trata-se da célebre frase encontrada no Templo dedicado ao Deus Apolo, denominado Delfos, na Grécia e eternizada por Sócrates, conduzindo os profitentes à reflexão comedida em profusão e em essência: Conhece-te a ti mesmo. Travar o bom combate, enfrentar a viagem na busca incessante de empreender novos passos indo de encontro da Consciência Cósmica é imperativo e urgente em atendimento aos cânones sagrados das Leis Divinas.
Diante das provas diárias não há porque enfraquecer os ânimos e perder as esperanças. Siga-se adiante na certeza de que o Pai Celestial cuida de todas as suas criaturas conforme dispõe a questão 963 de -O Livro dos Espíritos-. Com fulcro nessa irrestrita confiança na Potestade, não tema as tempestades, certos de que elas estão apenas preparando o terreno para novas colheitas. Buscar novos horizontes é dever dos filhos da Providência Divina em cumprimento à lei do Progresso, carregando nas malas da vida as lições aprendidas, pois o homem é resultado de suas experiências, de suas vidas transatas, em uma palavra a soma de suas reencarnações.
Não há porque se abalar diante das tormentas. Segundo Emmanuel, tudo passa. Não se olvide o potencial que o Pai concede aos seus filhos dando forças para superar qualquer dor. As criaturas são capazes de atravessar a escuridão. Coragem e fé os fazem enxergar a luz que brilha nos refolhos da alma dos filhos de Deus. Mesmo quando se derrama lágrimas, passo a passo, segue-se o caminho, porque no bom combate não se alforria viver de -papo pro ar-. As dificuldades do dia a dia são instrumentos de elevação e valoração no que já se realizou e o quanto ainda se precisa conseguir para o aprimoramento da evolução.
As -perdas- e as preocupações, nos tatames da vida não autorizam abandonar a esperança, porque ela é chama acesa que renova os propósitos e no lugar do desespero, faz nascer a prece nos corações amorosos em direção ao Pai Celestial, que tudo provê, motivo da prédica de Jesus recomendando olhar os lírios e os pássaros do campo que não tecem nem fiam, mas mesmo assim o Pai de Misericórdia cuida deles. Assim, não se permita que o pessimismo obscureça os passos daqueles que têm sede de justiça. Ao acordar cada manhã, as adversidades aguardam o bom combate. Lance o olhar no passado e sinta a recomendação de Paulo de Tarso, cientes de que o Pai jamais abandona os seus filhos e N-Ele as esperanças de que a vida é um presente especial.
Com esses sentimentos d-alma recebam votos de muita paz e uma final de semana de alegria pela vida que é bela, colorida e consentida, com o ósculo da fraternidade em seus corações do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli